Capítulo 12. 🌲🔥🌲

2K 330 139
                                    

OS SEGREDOS CAEM DEPOIS DE UM TEMPO, PORQUE POR MAIS QUE TENTEMOS MANTÊ-LOS DE PÉ NA NOSSA ESCURIDÃO, NADA PREVALECE PARA SEMPRE

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

OS SEGREDOS CAEM DEPOIS DE UM TEMPO, PORQUE POR MAIS QUE TENTEMOS MANTÊ-LOS DE PÉ NA NOSSA ESCURIDÃO, NADA PREVALECE PARA SEMPRE. Quando me despedi de Rivana e Uggo, voltava para casa. Meus pais já haviam ido embora, pedi para que não me esperassem. Eu não conseguia parar de pensar em todas aquelas coisas. Comecei a imaginar como seriam os homens que estariam para chegar até nós. Eles estariam lutando contra as criaturas da Floresta para conseguir atravessar e muitos morreriam, então imaginei que não seriam trinta homens, talvez dez e todos feridos com mais relatos de como eram as criaturas. Isso traria pânico ao vilarejo e então haveria mais um motivo para a construção dos muros. Isso me irritou, mas eram apenas coisas da minha cabeça. Também estava me imaginando no meio das árvores, correndo, livre. Rivana e Uggo estariam comigo. Nós três, sempre juntos.

Passei pela casa da sra. Greta e ela estava parada em frente, sob o sol. Não a encarei enquanto passava, mas tive a certeza de que ela estava fazendo isso. Eu quase podia sentir seus olhos sobre mim como um manto pesado e frio. Olhei para trás.

— Algum problema? — perguntei, percebendo que poderia ter soado mais rude do que deveria.

Ela não desviava o olhar de mim. Seus lábios cerrados e finos, as sobrancelhas grisalhas arqueadas. Bufei, revirando os olhos. Virei as costas para continuar meu caminho, e no instante em que ouvi sua voz, paralisei:

— Você precisa ir.

Me voltei para ela, desacreditada. Havia anos que eu não ouvia sua voz. Desde que parei de me portar como uma criança desobediente que precisava ouvir uma história real e trágica para ter medo. Ouvi-la dizer uma frase tão fora de contexto me assustou e as palavras ditas ainda estavam me arranhando a mente.

— O que disse?!

— Você precisar ir além — ela continuou e quando me aproximei, recuou, como se quisesse toda a distância de mim. Olhou para a rua, muitas pessoas. Não queria ser vista conversando comigo. — Há uma coisa à sua espera. Sempre esteve. 

A voz da mulher era muito mais baixa nesse momento. Eu estava assustada com suas palavras e determinada a tirar ainda mais dela. Aquilo não bastava e eu já estava começando a me cansar de informações pela metade. Me aproximei dela, mesmo enquanto suas mãos me enxotavam para longe como se eu fosse um animal. Algumas pessoas passavam por nós duas e nos encarava. Não era uma cena comum. Os vizinhos não gostavam da sra. Greta. Diziam que ela trazia algum tipo de energia negativa consigo e com toda a sua história. Ela não era digna de pena nem de uma fama tão negativa. Era uma pessoa. Ela tinha uma história a contar, mas as pessoas do vilarejo só a conheciam como a mulher que perdeu o filho para os desalmados, para as criaturas das trevas. Só a procuravam para acender o medo. Não se importavam com seus sentimentos. Eu estava vendo isso ao olhar nos seus olhos tão de perto pela primeira vez em tantos anos.

— Fique longe! — ela dizia me empurrando. — Não se aproxime.

— Não. Preciso que me explique o que disse e não sairei daqui até que fale — segurei suas duas mãos. Ela poderia me morder, pois estava furiosa. Suas bochechas enrugadas estavam avermelhadas. — Você estava atrás de mim na igreja, como se estivesse me seguindo, querendo se aproximar. O que quer me dizer?

Além da Floresta | Versão Wattys 2020Onde histórias criam vida. Descubra agora