Capítulo 16. 🌲🔥🌲

1.4K 277 48
                                    

Todos aqueles homens estavam marchando destemidos

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Todos aqueles homens estavam marchando destemidos. Mesmo de longe, conseguíamos ver em seus rostos a inexistência do medo. Uggo estava ao meu lado esquerdo e parecia assustado. Rivana apoiava suas mãos em mim, como se quisesse ter certeza de que estávamos juntas.

— O que vamos fazer agora? – perguntou Uggo, me fazendo pensar em diversas maneiras de desistir. Mas eu precisava ir até a igreja. Se não fosse com os dois, teria que ir sozinha.

— Eu preciso ir até lá de qualquer forma — falei. — Vocês podem voltar, não será seguro.

— Você acaba de confirmar que não será seguro entrar lá, e quer seguir com isso, ainda quer que a gente vá embora? — retrucou Rivana.

O caminho que tomamos não poderia ter volta. Seguimos os três apressados, sempre atentos para todas as direções até que nos deparamos com a igreja e estava vazia. Atravessamos o adro, para que não fossemos vistos por alguém que estivesse nas ruas. Também não havia ninguém. Todas as pessoas pareciam estar concentradas em um só lugar e isso era bom. Todas as pessoas estavam presentes na casa dos Viggor, o que me fez pensar no quão a ausência de Rivana seria suspeita, assim como a minha e Uggo. Alguém sentiria primeiro a falta de Rivana, pois em situações como essa, ela sempre estava ao lado dos pais. O sr. Viggor seria o primeiro a procurá-la. Deduziriam que ela estaria na multidão, comigo e começariam a procurar por mim, até que juntassem todos os fios. Isso me impulsionou a agir mais rápido e sem cerimônias. Empurramos as portas pesadas e entramos na igreja que estava escurecida. Apenas algumas velas traziam uma iluminação razoável. Uggo ficou na porta, deixando-a entreaberta para que pudesse ver se alguém estava vindo e Rivana me acompanhava. Segurei sua mão e ela retribuiu com um aperto.

Andamos pelos bancos com determinação e minha mente se distraiu, me fazendo tropeçar.

— Aija, você está bem? — indagou Rivana, me ajudando a ficar de pé.

— Foi só um tropeço, estou bem — respondi querendo negar que estava distraída. Não poderia cometer um erro assim novamente.
Demos mais alguns passos até que ouvimos um som vindo da sacristia. Era atormentador. Tivemos que parar, Rivana parecia estar congelada e tive vontade de deixá-la ali, porém seguimos em direção à porta negra com entalhos de querubins e flores. Segurei a maçaneta e a girei. Quando empurrei, um forte cheiro veio até minhas narinas, fazendo-me recuar. Tinha cheiro de sangue ou coisa pior, que impregna no corpo. Rivana me fez seguir. Nós duas entramos ao mesmo tempo e nos deparamos com a criatura. Ela estava aprisionada em uma imensa gaiola de ferro negro; encolhida e ferida, ainda mais ferida do que estava na noite anterior. Cortes profundos em suas costas por onde seu sangue escorria. Tremia sem parar e ergueu o olhar para nós duas. Senti suas dores como se fossemos um único ser. Recuei mais uma vez, agora sentia dores por todo o corpo e tive a impressão de ver aqueles fios dourados sob minha pele novamente. Não havia sensação de fogo me queimando por dentro, apenas a luz dourada que invadia minhas veias como se fosse o meu sangue. Rivana me encarou espantada, temi que ela estivesse com medo de mim agora, mas nos seus olhos havia ainda havia a mesma luz de antes.

Além da Floresta | Versão Wattys 2020Onde histórias criam vida. Descubra agora