Em meados do século XIX, onde reis e rainhas ainda governavam sobre a terra, surge um conflito entre fronteiras,e para apaziguar a rivalidade, um dos reis promete sua filha em casamento,porém Chloe Collins,uma garota com espírito livre, não concorda...
O medo consome-me por inteira à medida que as batidas na porta persistiam. Antony,com espadas em mãos, assumia a dianteira.
—Ajudem-me por favor! – Uma voz masculina que ecoava-se em meio a chuva que começara a cair em meio a escuridão diz.
—Há alguém do lado de fora! –Exclamo. —Ele pode estar precisando de ajuda.
Nesses últimos dias havia visto coisas que nunca imaginei que teriam a possibilidade de ser verdade. Os gritos de dor daquele homem continuavam até que decidimos abrir a porta,e quando o fizemos aquele homem entra depressa. Seu estado estava deplorável,suas roupas rasgadas com ferimentos extremamente profundos.
—Obrigado! Obrigado! –Diz com a voz falha.
Antony rapidamente trás consigo panos e água para tratar de suas feridas.
—Não irá doer muito! Eu prometo-lhe. –Digo enquanto,com movimentos leves,começava a estancar os machucados.
Mesmo com leveza era inevitável ser inodor,pois suas roupas estavam cheias de sangue e cortes abertos.
—Qual o seu nome? –Pergunto sem levantar o meu rosto.
—Cassius!
—O que houve com você? –Olho em seus olhos.
Sua expressão ao ver a minha face muda completamente. Seus olhos enxem de água e posso ver um sorriso em seus lábios.
—Princesa?
Essa pergunta inesperada coloca-me a pensar sobre quem poderia ser esse homem e de qual lugar o conhecia. Absolutamente nada me vinha em mente até que percebo,na parte não rasgada de suas roupas, um brasão da fronteira sul, e ao reparar em sua face de olhos azuis, lembro-me do leal aliado de meu pai.
—Princesa... O rei está muito preocupado com a sua ausência, e quando fomos procurar pela senhorita, algumas criaturas nos atacaram.
—E o meu pai? Como ele está? –Desespero-me,pois jamais perdoaria-me por isso.
—Ele está bem! Não se preocupe! O rei conseguiu escapar.
Alegro-me com sua resposta,mas culpo-me pelas vidas que foram perdidas por minha causa,pois se não houvesse feito tamanha infantilidade de fugir eles não estariam mortos nesse momento,talvez eu devesse aceitar o meu destino e com o príncipe casar-me,mas se essa atitude tomar é provável que a felicidade não irei encontrar.
—Princesa Chloe... Para o castelo você deve retornar,pois sua falta estão sentindo,até mesmo os vossos súditos estão a sofrer.
—Descanse Cassius,amanhã conversaremos! –Antony diz antes que eu pudesse questionar.
E assim nos deitamos,mas meu sono fora conturbado,pois aquela pele esbranqueçida e aquelas enormes garras me perseguiam e levavam-me até um buraco escuro que não havia fim,e lá torturavam-me até os meus olhos fecharem-se. O pesadelo repentino força-me a acordar espantada,assim sendo impossível voltar a adormecer. Levanto-me e todos estavam em pleno sono,apenas Cassius estava fazendo alguns barulhos,pois ainda sentia dor. Tento acalmar-me novamente,mas isso não conseguia fazer ao ver pela janela olhos vermelhos que fitavam-me incessantemente. Direciono o meu olhar para aquele par de olhos. Todos estavam dormindo e apenas eu acordada,mas meu desespero aumentou quando mais daqueles olhos começaram a aparecer,e para todo o lugar das janelas que eu olhava,eles estavam lá,então percebi que a cabana estava completamente cercada. Sem fazer barulho aproximo-me de Antony para tentar acordá-lo.
—Acorde! –Digo um pouco baixo.
Seu sono estava tão profundo que não notara que eu o chamava,apenas puxou o meu braço e ainda deitado e adormecido abraçou-me. Fico sem reação instantaneamente,pois seus braços apertavam-me,mas eu teria que acordá-lo. Então, com dificuldade,viro em sua direção e com toques em seu rosto tento despertá-lo novamente.
—Antony! Acorde por favor!
E quando ele enfim despertou,nossos olhos se encontraram e pude ver a sua vergonha expressada em seu rosto,tanta vergonha que chegou ao ponto de empurrar-me para fora da cama.
—O que você quer? –Pergunta rabugento.
—Veja! –Seguro o seu braço e o puxo até a janela.
Antony regala os olhos ao ver a proximidade a qual estavam.
—O que faremos? –Pergunto.
Olhamos para Cassius que estava impossibilitado de fugir, caso fosse necessário.
—Vamos ter que deixá-lo,pois aquelas criaturas vão avançar sobre nós a qualquer momento e se isso acontecer não teremos chance de escapar,e para fugir com ele,seria quase impossível.
—Não podemos deixá-lo! Eu não irei permitir! –Digo firme.
—Mas não há outra maneira.
—Sempre há outra maneira. –Digo. —Fique aqui dentro e protega ele!
—O que você vai fazer?
Sem respondê-lo pego um pedaço de pano que estava em minha frente e amarro o meu cabelo,respiro fundo e me concentro.
—Quando eu abrir essa porta e sair, feche-a imediatamente.
—Chloe! Você não deve sair! –Antony segura o meu braço.
Devencilho-me dele e confiante abro a porta, fico cara a cara com as criaturas.
—Estou aqui! Venham me pegar! –Grito atraindo a atenção deles completamente até mim.
Seus olhos furiosos já estavam sobre mim,então começo a correr para dentro da floresta. Quanto mais corria mais ouvia o barulho das garras e grunhidos vindos em minha direção. Eram tantos que os brilhos dos seus olhos em chamas iluminavam na escuridão. Eram também rápidos e logo poderiam me alcançar,mas não havia para onde ir ao ficar de frente a uma cascata de água. Até mim, eles já haviam chegado e assim que poderiam me atacar,mas antes que um deles pudesse me ferir, acerto o seu rosto com um canivete que peguei antes de sair,mas minha atitude teve consequência. O impulso de seu corpo ao anvançar sobre mim empurra-me cascata à baixo. A água ecoava sobre as rochas,mas para mim surge uma esperança ao grudar-me em uma rocha,mas esta estava escurregadia e logo eu não aguentaria.
—Eu não vou desistir! –Digo a mim mesma.
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