Capítulo 18

11 2 6
                                    

Um som agonizante de dor foi ouvido pelos quatro cantos da floresta. Viro-me em direção de onde estava vindo e espanto-me ao ver a cena que presenciei.
Um Wendigo havia decapitado Jackson e sua cabeça estava segura por entres suas garras.
Sua ferida jorrava sangue a medida que o seu corpo ainda parando a terminações nervosas caí ao chão.
Nós empunhamos nossas espadas em direção daquele monstro que sorri de maneira macabra.
O Wendigo lambe o rosto decapitado de Jackson em completo deboche e desprezo; ele iria nos atacar também, mas um rosnado feroz é ouvido da floresta o atraindo rapidamente nessa direção, e com ele se foi a cabeça de Jackson, restando apenas o corpo.
Antony também estava ferido, mas resistiria bem, assim como Cassius.
Caio ao chão infincando a lâmina da espada com total força na terra; a chuva que caíra lavava o sangue dos corpos que já não estavam ali.

— Por que? — grito com total força ao ponto de perder o fôlego.

Eu não fui capaz de proteger todo o meu povo e culpo-me por tudo isso.

— Eu decepcionei vocês. — digo chorando.

Antony, ainda pressionando seu olho abaixa-se perto de mim segurando minha mão que ainda estava sobre a espada.

— Você não vê quantas pessoas conseguiu salvar? — ele ergue o meu rosto.

Meu rosto é erguido e um sentimento caloroso me invade ao ver as pessoas que permaneceram vivas se aproximando de mim e fazendo um circulo em minha volta.
Observo de longe os soldados e suas filhas saindo, cada um de sua casa. Eles estão salvos.

— Obrigado, princesa. — as pessoas diziam em uníssono.

Lágrimas desciam de meus olhos, uma mistura de tristeza por ter perdido tantos e alegria por salvar muitos.

— Perdoem-me por não tê-los contado antes sobre esses monstros e lamento pelo que presenciaram hoje. — levanto-me. — Mas eu preciso de vocês... Preciso da compreensão de vocês para mantê-los vivos. — digo e eles escutam atentamente.

Contei-lhes sobre os Wendigos e o que são; hesitante fiquei ao contar sobre a minha maldição.
Senti medo da reação deles, mas desta vez tive o apoio que precisava deste o início.
Os mais velhos começam a conversar em tom quase não audível até que uma idosa se pronuncia.

— Nós lembramos, princesa. Vimos a sua mãe antes deles terem feito o que fizeram.

Aproximo-me lentamente da senhora.

— A rainha realmente fez o que precisava fazer para te proteger, pois lhe amava muito. — toca em minha bochecha.  — Perdemos muitos aquela noite e eu perdi meu marido. — chora e eu a consolo.

— Obrigada por me contar isso. —digo-lhe. — Gostaria que todos os feridos fossem para o castelo para tratar seus ferimentos e também não acredito que o lado de fora seja mais seguro. — assim o fizeram.

Logo pessoas que estavam sangrando, mutilados e com hematomas foram entrando.
Olho para o corpo sem vida de Jackson e questiono-me sobre como iria contar para Hector sobre a morte de seu filho.

— Droga!

Antony se aproxima e me abraça.
Espanto-me com a sua respiração próxima a mim, pois estava concentrada em tentar encontrar uma solução para todos os meus problemas, algo que seria quase impossível.
Ele passa suas mãos por entre os meus cabelos, mas escuto alguns gemidos baixos vindos dele.

— Vamos cuidar deste olho! — digo ao me lembrar do seu ferimento.

Nós fomos até onde os outros estavam sendo tratados, porém, um pouco mais distante.
Desinfeto o seu ferimento e enfaixo a sua cabeça.

— Obrigada por ter me defendido. — olho para as minhas mãos.

Fechei os meus olhos e apenas os abri quando senti seu toque gélido por causa da noite fria em minha mão.
Olho para o seu rosto que já estava me encarando.
Minha face queima e posso me sentir ficar vermelha à medida que meu olhar vai de encontro ao seu.

— Chloe... — ele suspira. — Eu acho que estou apaixonado por você — sorri.

Em um ato impulsivo e totalmente inesperado, puxo as minhas mãos e caio do banco o qual estava sentada.

— Você está bem? — ele diz e eu confirmo.

Levanto-me e ajeito o meu vestido; meu rosto ainda queima e pude ver um sorriso formando em seu lábio vendo a minha situação.

— Desculpe! Eu preciso me retirar. — digo me afastando.

Corro para o meu quarto e sento em minha cama por um momento. Meus batimentos acelerados faziam conjunto a minha respiração ofegante.

— O que está acontecendo comigo? — penso. — Como ele pode estar apaixonado por mim? E eu... O que sinto?

Permaneço um pouco ali até que escuto gritos vindos do salão do trono. Essa voz não era estranha e pelo modo que dizia... Estava raivoso.

— Rei Hector!? — digo ao vê-lo impaciente reclamando com Mérida.

— Onde está o rei? Onde está o meu filho? — grita.

Ele direciona o seu olhar até mim; aproximou-se e segurou os meus ombros sacudindo-me.

— Onde está o meu filho? — gritava em dor.

Apenas fiquei quieta e olhei para o chão.

— Cadê o Jackson? — insistiu.

— Eu sinto muito. — eu disse e ele parou de me segurar.

— Vocês vão me pagar! De agora e eternamente o reino da fronteira norte travará guerra contra o reino da fronteira sul. — esbraveja.

Ele sai da sala do trono, posso escutar ele dizer o mesmo com o meu pai quando o encontra.

— Onde está o corpo do meu filho? — ele pergunta quando chego no quarto do rei Arthur.

— Venha comigo! — digo interrompendo a conversa.

Levei-o até a parte externa do castelo e o corpo de Jackson estava coberto por uma manta branca.
Posso ver a expressão assustada de Hector ao ver seu filho sem cabeça.

— Seus monstros! — ele diz. — Eu vou matar todos vocês! — ele se exalta e Antony o segura quando o viu querer partir para cima de mim.

Por fim, depois de longas ameaças consigo escutar o barulho do galope dos cavalos.
Ele estava retornando para a fronteira norte e suas ameaças me assustavam. Nosso reino estava fraco e o dele não.
Não consigo imaginar a tamanha dor de perder um filho, então não julgo a sua reação.
Todos já estavam se recuperando e novamente estou sozinha em meu quarto.
Lembranças da noite anterior sempre constantes enquanto se mescla com a suposta declaração de Antony.
E Jackson... Sinto pena dele, ninguém merecia partir assim, pois no final ele agiu da maneira certa, nos ajudou.
Lembro-me de como a chave reagiu a situação naquela noite e a mesclagem de nossas luzes me intrigava.

— O que foi isso? — pergunto-me. — Como vou encontrar o vilarejo mãe? — digo olhando pela varanda.

Pressiono a chave com minha mão e uma pequena luz emanou-se dela.
Olho na direção da floresta e consigo perceber pequenos rastros de luz vermelha como se fosse uma trilha.

— Esse é o caminho?

————————————————
Espero que tenha gostado! Comente o que achou.

Liberta-meOnde histórias criam vida. Descubra agora