Capítulo 02

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No meio daquela sala com todos os olhares voltados a mim,meu coração não conseguia aquietar-se em meu peito... Como poderia meu próprio pai fazer algo assim comigo?

—Eu não posso aceitar isso pai! –Grito.

—Chloe Collins! –Grita. —Não altere a voz ao seu pai! –Ele diz ao olhar para os outros na sala. —Você vai ir ao castelo da fronteira norte e conhecerá o príncipe!

—A mãe não faria isso comigo! –Grito e com olhos furiosos saio da sala,e com passos firmes direciono-me ao meu quarto sem falar com alguém.

Perco-me em meu devaneios e lembro-me das poucas lembranças que eu havia vivido com a minha mãe. As histórias que contava-me e que dizia que em um mundo mágico... Em um único mundo uma princesa poderia tornar-se um cavaleiro e pelo reino lutar,mas ao ver o meu mundo entendo que isso nunca seria possível,pois "Uma princesa é uma dama que deve se casar com um príncipe".

—Meu amor... Está acordada? –Mérida pergunta ao me ver com a cabeça afundada no travesseiro.

—Não! –Digo em soluços.

Sinto a cama ser levemente afundada ao meu lado e meu cabelo ser cuidadosamente afastado do meu rosto.

—Querida... Passaram-se dezoito anos desde o seu nascimento e lembro-me como se fosse hoje que você sempre foi uma menina forte, e ao olhar em seus olhos ainda posso ver aquela garota de antes. –Passa as mãos em meu rosto. —Eu estarei contigo no que precisar, Chloe.

Com essas palavras, meu coração enfim pôde se acalmar. Eu estava aos poucos sendo confortada e as lágrimas que escorriam de meus olhos foram secas com doces toques de carinho.

—Como sua mãe lhe dizia... "Tenha coragem e seja gentil". –Mérida me diz com um sorriso.

—Obrigada! –Retribuo o sorriso.

Já estava de noite quando Mérida saiu de meu quarto e sozinha finalmente pude pensar em como agir.
Aproximo-me da janela e abro-a, vejo no céu diversas constelações,mas uma única estrela brilhava para mim com maior intensidade e o seu brilho enchia a minha alma de esperança.
Olho para imensidão que um dia eu governaria e não posso os decepcionar agora,mas não é isso o que eu quero.
Depois de horas a observar as estrelas afundo-me em um sono profundo,mas ao acordar meu pesadelo volta a tona.
Hoje! Os pássaros não cantavam como antes e o dia não estava tão lindo assim. Depois de me arrumar e vestir novamente o longo vestido, vou em direção ao meu pai.

—Você está linda e lembra-me a sua mãe! –Ele sorri.

—Mas tenho certeza que o senhor não faria algo parecido com a mamãe! –Retruco.

Sem mais palavras, ele puxa o meu braço e anuncia ao povo a façanha que iria ter que fazer.

—Meu povo! Todos sabem que vivemos em guerra com a fronteira vizinha e das tristezas que estamos vivendo desde então. Minha filha, hoje partirá ao reino vizinho e conhecerá o filho de Hector, o rei da fronteira norte e que os deuses abençoe que com ele, ela se case, assim a paz retornará ao nosso reino.

Ao terminar estas palavras, o povo vibra de alegria,mas minha face demonstrava a minha insatisfação.
Depois de tudo, coloco-me em um carruagem para que assim pudesse ser transportada ao reino vizinho.

—Tenha cuidado querida e lembre-se do que eu lhe disse. –Mérida me diz ao segurar minhas mãos.

—Desculpe filha! –Meu pai diz antes de fechar as portas da carruagem,mas antes que ele o fizesse isso, eu digo:

—Agora é tarde!

E assim os cavalos começam a partir em uma velocidade cuidadosa,mas em um certo momento penso em tudo que eu estava vivendo e quando a carruagem passara por um bosque,na minha sapatilha, retiro um canivete e com ele consigo rasgar as cortinas da carruagem, assim já era possível ver o bosque a diante.

—Desculpe pai,mas eu preciso seguir o meu coração! –Digo antes de saltar pela janela.

Caio em cheio ao chão e com a queda um barulho é ouvido,então sou avistada pelos cavaleiros de meu pai que logo param a carruagem.
Precisava então fazer uma decisão...Ficar ou partir?
Quando  eles já estavam vindo em minha direção, decido correr e adentro no bosque,apenas pude ouvi-los dizer:

—Vão atras dela!

—Mas não machuquem a princesa! –O líder fala.

Já descalça,em meio a lama e terra corro por entre as árvores,mas um galho fica preso em meu vestido e impossibilitava-me de avançar.

—Ali está ela! –Eles dizem ao me encontrar.

Com um último impulso, rasgo uma parte do meu vestido,mas devido ao impulso acabo perdendo o equilíbrio e não vejo um rio com uma correnteza muito forte ao meu lado,então afundo-me nele.

—Salvem a princesa!

As pedras ao fundo eram escorregadias e nelas não podia me apoiar,assim fico submersa sem poder respirar.

—Peque! –Alguém grita e joga perto de mim um pedaço de madeira que eu pude segurar e usar para sair da água.

Os cavaleiros vêem esta ação e pelas árvores continuam a me procurar.

—Fique quieta! –Tapa a minha boca,assim os cavaleiros não nos avistam e passam direto por nós.

Liberta-meOnde histórias criam vida. Descubra agora