Lembranças terríveis daquela noite anterior invade a minha mente à medida que limpo os grandes arranhões que os Wendigos fizeram no rosto do Antony. Suas garras foram gravadas em sua pele e era notória a sua dor pela sua expressão facial.
—Está com muita dor? —deixo uma lágrima rolar sobre a minha pele.
—Sim! — ele diz quase em sussurros.
Sinto-me triste ao vê-lo naquela situação; ele me ajudara tanto e o mínimo que eu pudera fazer era retribuir.
Cassius também estava ferido, mas logo estaria bem; o que eu não conseguia entender era o que aquelas feras queriam; Antony me dissera que só haviam lendas até agora, então como apenas descobrimos nestes últimos dias que eles realmente existem? Preciso entender o que eles querem e o que realmente são.—Descansem! —exclamei a Antony e Cassius, após terminar de limpar a feridas de ambos.
Caminho até uma janela e pego-me observando o sol que ainda raiava e escondia uma noite tempestuosa e assustadora que nos aguardava, e lembro-me de meu pai. Como estaria ele neste momento e o que teria acontecido se eu não tivesse fugido?
Arthur On
Há meses minha filha fugiu e não a consigo encontrar, não importa o que eu faça ou diga. Eu sou o culpado... Culpo-me por tê-la obrigado e por não ter conseguido a impedir de fugir; agora ela está lá fora, sozinha com aqueles monstros.
—Senhor! —Mérida diz ao entrar e eu apenas olho em seus olhos que aparentavam estar cansados.
—Ainda nada da menina? —ela pergunta com os olhos cheios de lágrimas.
E eu nego.
— Majestade! Eu estou apavorada; ela precisava voltar. Ouvi dizer que aquelas criaturas voltaram e não quero perder a menina. — diz em choro.
Eu havia contado apenas para Mérida, o restante do povo ainda não poderia saber.
Com aquelas palavras lembro-me da noite que perdi minha amada rainha, Elize, no mesmo dia em que a Chloe nasceu. Como dói tanto até hoje.
Levanto-me e caminho até a varanda do castelo e olho o céu estrelado e escuro.— Onde você está minha filha?
Chloe On
Sinto um aperto em meu coração quando a noite enfim chega, mas eu precisava de respostas de uma maneira ou de outra. Eu necessitava disso.
—Eu terei que sair por um instante. — digo hesitante.
—Você está louca? —Antony retruca. —Eu não vou permitir tamanho absurdo.
—Eu preciso de respostas; e você não vai me impedir. Pretendo ir até a biblioteca do castelo do meu pai quando todos estiverem dormindo.
—Então eu vou com você! —Cassius e Antony dizem em conjunto.
Precisava ir sozinha, pois de alguma forma sinto que há algo relacionado ao meu reino; então não queria companhia.
—Desculpe, mas dessa vez não rapazes! —pego uma espada e travo a porta da cabana para que assim eles não pudessem me seguir.
Talvez eu esteja louca e fora de mim... Talvez eu apenas quisesse provar que eu consigo ou algo parecido; mas nada disso importante no momento.
Respiro fundo e adentro a floresta. O vento frio passava pelo meu cabelo e a lua iluminava um pouco a escuridão.
Tento fazer o mínimo de barulho possível; a única coisa que eu sabia era que eles eram atraídos pelo som, então tentarei não emitir qualquer som.— Droga! —digo ao pisar em um galho seco.
Por um instante pensei que eles iriam aparecer, mas nada aconteceu até então; porém depois de me aproximar de uma árvore pude ver seus olhos vermelhos.
Logo pego algumas pedras que encontrei no chão para me defender, e assim o fiz. Porém apenas os enfureci ainda mais.
Novamente eu estava cercada, para onde eu olhava havia um deles.—Você de novo! —uma voz rouca sai da escuridão.
Assusto-me ao descobrir que eles podem falar.
— Eu não sei quem é você!
—Mas eu sei quem é você princesa! — a figura sinistra sai da escuridão, e ela era maior do que todos os outros monstros.
—Não se aproxime de mim!
— Vou fazer da mesma forma que fiz com a sua mãe. — gargalha de uma maneira macabra.
Fico sem entender; minha mãe morreu no meu nascimento. Ele só poderia estar mentindo.
— Nada do que você está dizendo é verdade!
—Pense o que quiser! — sorri e mostra os seus dentes pontiagudos.
À medida que ele se aproximava meu coração respondia com uma batida, até que sinto um ardor em meu corpo e minhas mãos começam a formigar; meus olhos doem e queimam. O que está acontecendo?
—Não pode ser! Agora não. — a fera diz.
E então uma luz quente e vermelha se enradeia de meus olhos e expulsa aquelas criaturas de perto de mim.
Caio no chão com a pressão que a luz exerceu em mim.
Depois de algum tempo, consigo me levantar, não havia rastros daquelas criaturas; e tropeçando em meus próprios pés consigo chegar até o castelo. O que aconteceu aqui pretendo guardar apenas para mim, por enquanto.
Ainda tonta, observo que não há guardas no castelo e me questiono o porquê.
Entro cautelosamente e não há sinal de quaisquer alma viva. Uma sensação boa invade o meu coração, mas uma tristeza também.
Caminho até o quarto de meu pai e o observo dormir; havia tanto tempo que eu não o tinha visto. Sua face foi tomada por uma tristeza e ele já não era o mesmo.
Deixo de enrolação e me encaminho para a biblioteca do castelo.
Não havia ninguém, como eu pensei. Pego alguns livros da origem do reino e sentei-me para ler.—Chloe? —uma voz feminina ecoa pela biblioteca.
Então viro-me.
Permito-me deixar lágrimas descerem em meu rosto quando vi quem estava parada em minha frente.—Mérida!? —sorrio.
Não pude pensar direito e logo Mérida correu ao meu encontro.
—Por onde esteve? Eu senti tanta a sua falta. — chora.
—Eu estava na floresta! Por favor, fale baixo. Não quero que saibam que estou aqui.
—Seu pai está tão triste, Chloe.
—Mas o reino está em perigo; não diga que estou aqui até eu entender o que está acontecendo.
Quando disse que o reino estava em perigo, Mérida olha para o chão e isso me deixa confusa.
—Por acaso você sabe das criaturas? —digo erguendo a sua cabeça.
Ela olha em meus olhos e hesita em responder, mas depois de insistir ela confirma.
—O que realmente são? — pergunto incrédula.
Ela ia me responder, mas alguém entra na biblioteca e imediatamente eu me escondo.
—Príncipe Jackson? —Mérida diz.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Liberta-me
FantasíaEm meados do século XIX, onde reis e rainhas ainda governavam sobre a terra, surge um conflito entre fronteiras,e para apaziguar a rivalidade, um dos reis promete sua filha em casamento,porém Chloe Collins,uma garota com espírito livre, não concorda...