Capítulo 11

16 3 9
                                    

Lembranças terríveis daquela noite anterior invade a minha mente à medida que limpo os grandes arranhões que os Wendigos fizeram no rosto do Antony. Suas garras foram gravadas em sua pele e era notória a sua dor pela sua expressão facial.

—Está com muita dor? —deixo uma lágrima rolar sobre a minha pele.

—Sim! — ele diz quase em sussurros.

Sinto-me triste ao vê-lo naquela situação; ele me ajudara tanto e o mínimo que eu pudera fazer era retribuir.
Cassius também estava ferido, mas logo estaria bem; o que eu não conseguia entender era o que aquelas feras queriam; Antony me dissera que só haviam lendas até agora, então como apenas descobrimos nestes últimos dias que eles realmente existem? Preciso entender o que eles querem e o que realmente são.

—Descansem! —exclamei a Antony e Cassius, após terminar de limpar a feridas de ambos.

Caminho até uma janela e pego-me observando o sol que ainda raiava e escondia uma noite tempestuosa e assustadora que nos aguardava, e lembro-me de meu pai. Como estaria ele neste momento e o que teria acontecido se eu não tivesse fugido?

Arthur On

Há meses minha filha fugiu e não a consigo encontrar, não importa o que eu faça ou diga. Eu sou o culpado... Culpo-me por tê-la obrigado e por não ter conseguido a impedir de fugir; agora ela está lá fora, sozinha com aqueles monstros.

—Senhor! —Mérida diz ao entrar e eu apenas olho em seus olhos que aparentavam estar cansados.

—Ainda nada da menina? —ela pergunta com os olhos cheios de lágrimas.

E eu nego.

— Majestade! Eu estou apavorada; ela precisava voltar. Ouvi dizer que aquelas criaturas voltaram e não quero perder a menina. — diz em choro.

Eu havia contado apenas para Mérida, o restante do povo ainda não poderia saber.

Com aquelas palavras lembro-me da noite que perdi minha amada rainha, Elize, no mesmo dia em que a Chloe nasceu. Como dói tanto até hoje.
Levanto-me e caminho até a varanda do castelo e olho o céu estrelado e escuro.

— Onde você está minha filha?

Chloe On

Sinto um aperto em meu coração quando a noite enfim chega, mas eu precisava de respostas de uma maneira ou de outra. Eu necessitava disso.

—Eu terei que sair por um instante. — digo hesitante.

—Você está louca? —Antony retruca. —Eu não vou permitir tamanho absurdo.

—Eu preciso de respostas; e você não vai me impedir. Pretendo ir até a biblioteca do castelo do meu pai quando todos estiverem dormindo.

—Então eu vou com você! —Cassius e Antony dizem em conjunto.

Precisava ir sozinha, pois de alguma forma sinto que há algo relacionado ao meu reino; então não queria companhia.

—Desculpe, mas dessa vez não rapazes! —pego uma espada e travo a porta da cabana para que assim eles não pudessem me seguir.

Talvez eu esteja louca e fora de mim... Talvez eu apenas quisesse provar que eu consigo ou algo parecido; mas nada disso importante no momento.
Respiro fundo e adentro a floresta. O vento frio passava pelo meu cabelo e a lua iluminava um pouco a escuridão.
Tento fazer o mínimo de barulho possível; a única coisa que eu sabia era que eles eram atraídos pelo som, então tentarei não emitir qualquer som.

— Droga! —digo ao pisar em um galho seco.

Por um instante pensei que eles iriam aparecer, mas nada aconteceu até então; porém depois de me aproximar de uma árvore pude ver seus olhos vermelhos.
Logo pego algumas pedras que encontrei no chão para me defender, e assim o fiz. Porém apenas os enfureci ainda mais.
Novamente eu estava cercada, para onde eu olhava havia um deles.

—Você de novo! —uma voz rouca sai da escuridão.

Assusto-me ao descobrir que eles podem falar.

— Eu não sei quem é você!

—Mas eu sei quem é você princesa! — a figura sinistra sai da escuridão, e ela era maior do que todos os outros monstros.

—Não se aproxime de mim!

— Vou fazer da mesma forma que fiz com a sua mãe. — gargalha de uma maneira macabra.

Fico sem entender; minha mãe morreu no meu nascimento. Ele só poderia estar mentindo.

— Nada do que você está dizendo é verdade!

—Pense o que quiser! — sorri e mostra os seus dentes pontiagudos.

À medida que ele se aproximava meu coração respondia com uma batida, até que sinto um ardor em meu corpo e minhas mãos começam a formigar; meus olhos doem e queimam. O que está acontecendo?

—Não pode ser! Agora não. — a fera diz.

E então uma luz quente e vermelha se enradeia de meus olhos e expulsa aquelas criaturas de perto de mim.
Caio no chão com a pressão que a luz exerceu em mim.
Depois de algum tempo, consigo me levantar, não havia rastros daquelas criaturas; e tropeçando em meus próprios pés consigo chegar até o castelo. O que aconteceu aqui pretendo guardar apenas para mim, por enquanto.
Ainda tonta, observo que não há guardas no castelo e me questiono o porquê.
Entro cautelosamente e não há sinal de quaisquer alma viva. Uma sensação boa invade o meu coração, mas uma tristeza também.
Caminho até o quarto de meu pai e o observo dormir; havia tanto tempo que eu não o tinha visto. Sua face foi tomada por uma tristeza e ele já não era o mesmo.
Deixo de enrolação e me encaminho para a biblioteca do castelo.
Não havia ninguém, como eu pensei. Pego alguns livros da origem do reino e sentei-me para ler.

—Chloe? —uma voz feminina ecoa pela biblioteca.

Então viro-me.
Permito-me deixar lágrimas descerem em meu rosto quando vi quem estava parada em minha frente.

—Mérida!? —sorrio.

Não pude pensar direito e logo Mérida correu ao meu encontro.

—Por onde esteve? Eu senti tanta a sua falta. — chora.

—Eu estava na floresta! Por favor, fale baixo. Não quero que saibam que estou aqui.

—Seu pai está tão triste, Chloe.

—Mas o reino está em perigo; não diga que estou aqui até eu entender o que está acontecendo.

Quando disse que o reino estava em perigo, Mérida olha para o chão e isso me deixa confusa.

—Por acaso você sabe das criaturas? —digo erguendo a sua cabeça.

Ela olha em meus olhos e hesita em responder, mas depois de insistir ela confirma.

—O que realmente são? — pergunto incrédula.

Ela ia me responder, mas alguém entra na biblioteca e imediatamente eu me escondo.

—Príncipe Jackson? —Mérida diz.

Liberta-meOnde histórias criam vida. Descubra agora