Capítulo 12

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O ranger da porta se abrindo alertou-me e em um impulso jogo-me da cadeira que até então estava sentada. Escondo-me embaixo da mesa e coloco uma das mãos sobre a boca impossibilitando que quaisquer sons que emitisse não fossem ouvidos. Mérida mencionou um suposto príncipe, então acredito que seja este.

— O que a vossa alteza faz acordado tão tarde? Se eu posso perguntar, é claro. — Mérida diz um pouco assustada.

—Pensei ter escutado uma voz feminina. — senta-se.

— Foi apenas eu conversando sozinha com meus pensamentos em voz alta. — disfarça.

Um de meus pés estava um pouco para o lado de fora da mesa deixando os meus dedos visíveis. Mérida, ao notar isto; dá uma leve batida em meu pé para alertar-me e assim o fiz.

— O que significa isso? —refere-se ao livro que estava aberto em uma página que mostrava a criatura.

Mérida logo o afasta e fica em sua frente tentando a todo custo cobrir a sua visão para que o mesmo não visse do que se tratava aquilo tudo.

— Saía da minha frente, velha! — exclamou empurrando-a.

Um ardor de raiva invade-me e eu posso sentir os meus olhos queimarem novamente. Inspiro e expiro para tentar me acalmar, pois temia que aquela luz vermelha emanasse de meus olhos novamente e machucasse alguém como o fiz com aquele Wendigo.

—Wendigos? —questiona. — Quanta bobagem.

Mérida ri fechando o livro que estava em sua frente.

— É com isso que ocupa os seus pensamentos? Está completamente louca. — debocha. — Talvez seja por esta razão que aquele infortúnio de princesa fugiu. — dá um sorriso de lado.

— Não fala assim da menina! -—repreende.

—E se eu falar? Irá fazer o que? Plebéia.

— Nada! — abaixa a cabeça.

Posso sentir a tristeza nas palavras de Mérida que ecoavam pela biblioteca. Em intenção de protegê-la, saío de baixo da mesa e encaro os olhos do príncipe Jackson.

—Ela não irá fazer nada, mas eu vou! — exclamo sem desviar os olhos de sua pessoa desprezível.

—Princesa Chloe? —espanta-se e arregala os olhos.

—A própria! Eu exigio que se desculpe com Mérida neste mesmo instante ou irá se arrepender.

— O rei sabe que a princesa está aqui? —debocha. — Toda em trapos velhos.

Aproximo-me dele e puxo o colarinho de sua roupa.

—Príncipe! —sorrio. —Lembre-se que não está em seu território e eu não tenho nada a perder. — o ameaço.

Príncipe Jackson fica sem reação ao ver a minha atitude que não descrevera o verdadeiro significado de uma princesa.
Então sutilmente ele se direciona à Mérida.

—Perdoe-me! —diz rapidamente. —Quanta humilhação. — murmura enquanto saí.

Mérida fica desacreditada com minha atitude, pois mudara desde a última vez que havia me visto. Talvez estivessse descobrindo um novo eu.
Após aquela situação desagradável direciono o meu olhar para ela e novamente insisto que me diga o que são aquelas criaturas.
Hesitante ,começa a falar.
Ela contara que eram pessoas normais que morreram queimadas, aqueles que eram tão maus não conseguiam atingir a salvação e perambulavam na escuridão da noite; porém ela me explicara que há muito tempo não se havia registro deles.

— Isso começou há muito tempo, minha querida. Você não entenderia. —tenta mudar o assunto tratado.

Não quero precioná-la, então permito que por enquanto o assunto seja outro.
Pego o livro e começo a olhar a janela da biblioteca perguntando-me como estaria Cassius e Antony.
Vasta escuridão e um nevoeiro bloqueia a minha visão, então me afasto.

—Preciso retornar! — digo. — Há pessoas que precisam de mim lá. —aponto para a janela.

— Chloe, você não entende. Você não pode voltar... Não agora, por favor! Fique por esta noite. Dê essa alegria ao seu pai; sei que estas pessoas as quais você está mencionando ficarão bem. — súplica.

Penso em sua proposta e se realmente deveria fazê-la. Por fim decido ficar.
Vou até o meu quarto que está do mesmo jeito que o deixei da última vez e observo a escova de cabelo que minha mãe deixara para mim antes de morrer.

— Quanta saudade! —penso.

Tomo um banho e deito-me em minha cama; e depois de tanto tempo eu pude dormir bem.
No dia seguinte, visto um vestido saia balão e sou guiada por Mérida até o salão do trono. Primeiramente ela decide entrar sozinha e faz um gesto para que eu espere, e assim o fiz.
Escondida, pude escutar claramente a conversa que meu pai estava tendo com um dos líderes de sua tropa.

— Nada de minha filha ainda? -—rei Arthur pergunta.

E o soldado nega.

Pude sentir a tristeza emanar-se de seu corpo e sinto-me culpada por ter o feito ficar desse jeito.
Foi então quando Mérida se aproximou, interrompendo a conversa.
Meu pai dispensa o soldado e direciona a atenção para Mérida.

— Ainda não há encontraram! — exclama. — Eu não sei o que fazer. E se ela estiver morta? — consigo ver lágrimas saírem de seus olhos.

— Majestade! —Mérida tenta falar, mas o rei a interrompe.

— Que estranho! Eu poderia jurar que a vi em meus sonhos noite passada como se ela estivesse aqui. — cobre os olhos.

—Mas ela está! — Mérida diz em um sorriso largo e olha para a porta de entrada dando sinal para que eu me aproximasse.

O rei Arthur se levanta de seu trono e boquiaberto espera com atenção. Ele se apoia em seu trono para que não caísse quando me viu entrar por aquela porta.

—Pai? —digo sem jeito.

Ele não se move, temia que não fosse verdade, pois já havia sonhado com este momento por tantas as vezes que pensara ser apenas mais uma ilusão.
Então eu me aproximo mais.

— A sua filha retornou, majestade! — Mérida completa.

Aos poucos ele se aproxima de mim e delicadamente toca o meu rosto; seus olhos cheios de lágrimas denunciam a sua emoção.

— É você mesmo filha? — ele diz entre choros.

— Sou eu, meu pai.

E com estas palavras ele me puxa para um abraço de ternura que eu sentira tanta falta.

—Pensei que eu tinha te perdido. —enxuga suas lágrimas. — Perdoe-me por tudo que eu lhe fiz passar.

Foi necessário eu me afastar para perceber o quanto sentia falta do meu vínculo familiar, das pessoas que amo.

— Está perdoado, pai. —o abraço.

Finalmente reencontrei o meu pai, porém não me esqueci de Antony e Cassius que me aguardavam.

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