Capítulo 26

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Manuella Williams

Hoje decidi enfrentar os meus problemas.

Levo as mãos ao rosto, limpando a água. Desligo o chuveiro e saio do banheiro.

Hoje eu preciso me decidir, não posso mais fugir do Matt como o diabo foge da cruz. Não posso também ficar aqui, em casa dele, o Matt e a Bia já foram gentis o suficiente, tenho que encarar a minha mãe e sua arrogância.

Seco os cabelos com a toalha, olho para o vestido estendido na cama. Sim, eu não gosto de vestidos mas tenho que usa-los para não... Não ser vista, para ser esquecida.

Talvez se eu não usar mais o meu estilo habitual de roupas eu não seja mais reparada, eu seja esquecida. Ser esquecida é tudo que quero.

Visto-me logo, arrumo a minha mala – já que não tenho tanta coisa para levar – e saio. São 04:17 da tarde, verifiquei no meu celular.

— Oi, Rosa! Você sabe onde está o Matt? — Pergunto a Rosa, na cozinha.

— No jardim, minha querida. — Ela sorri para mim, sorrio de volta e saio.

A brisa bate em minha cara e faz meus cabelos voarem. Observo o Matt de costas, parado olhando para o nada, pensativo. Já terei parado para pensar o que ele tanto pensa nesse jardim, talvez na mulher morta.

A Bia contou-me que a mãe morreu em um acidente de carro, onde o condutor era o Matt. Dezasseis anos de viuvez e ele ainda não se livrou nem da culpa, muito menos do amor que sente pela finada.

Vou até ele depois de respirar fundo três vezes consecutivas.

— Aqui parece um bom lugar para pensar. 

— É o melhor de todos.

— Matt, eu preciso falar com você. — Ele vira-se para mim, olhando-me nos olhos. — Eu não... Eu peço desculpas por ter... Ter te beijado, não estava em mim. — Abaixo a cabeça, olhar para ele nos olhos, era demais para mim.

Meu coração para de bater por um momento quando o Matt pega em meu queixo suavemente, fazendo-me olhar para ele. Começo a cogitar se tenho um problema cardíaco escondido.

— Você não tem que me pedir desculpas.

— Mas ainda assim eu tenho que confessar uma coisa. — Mordo o lábio, nervosa. — E-Eu estou apa... Merda! Eu gosto de você. Gosto tanto que estou passando ao ridículo de te dizer tudo isto sendo que sei que só sou a melhor amiga da sua filha.

Ele puxa-me para um abraço aconchegante.

— Manu, você não está passando ao ridículo por me confessar os seus sentimentos. — Passo os braços em volta do seu corpo, sabendo o que irá acontecer. — Você é uma pessoa incrível, uma garota espetacular mas você merece mais.

— Você tá me rejeitando? — Seguro as lágrimas, antes de inundarem meu rosto e passar por mais uma situação ridícula.

— Não é uma rejeição, é um conselho de um amigo. — Matt limpa as minhas lágrimas que eu já não consigo segurar. — Um amigo que quer te ver bem e realmente, você merece mais do que eu, Manu.

Depois do amor Nada importaOnde histórias criam vida. Descubra agora