• Elizabeth narrando •
Estava ansiosa, andando de um lado para o outro dentro do meu pequeno apartamento, pareço até uma barata tonta, o que me lembra um dos apelidos "carinhosos" de Harry direcionado à mim.
Estou curiosa para conhecer a família Styles, a qual só vi algumas vezes nas fotografias de revistas. Eles são conhecidos em vários países devido à sua empresa de roupas, e por algumas polêmicas relacionadas a morte do pai biológico de Harry, que desapareceu em um passeio de barco há alguns anos.
Vi o carro do meu chefe virar a esquina, parando em frente ao meu humilde prédio.
- Estou indo, Cheryl. - gritei, para que ela pudesse escutar.- Boa sorte, Eliza. - Ela colocou o rosto para fora do quarto, soltando um beijo para mim. - Em uma semana muitas coisas podem acontecer.
- Não se iluda com a minha vida amorosa, tá mais afundada que o Titanic. - falei, abrindo a porta de casa para sair. - Te vejo em breve.
Peguei minhas malas com rapidez, indo até as escadarias, porque não haviam elevadores para facilitar minha vida aqui, infelizmente.
Harry já estava me esperando, e é óbvio que não parecia estar bem humorado para viajar com sua secretária. E, pela primeira vez, estou vendo meu chefe sem terno e gravata, ele apenas está usando apenas uma calça jeans preta e um moletom.
- Bom dia, Sr Styles. - falei, entregando minhas malas para que ele as guardasse. - Hoje está um dia muito agradável, você não acha? - perguntei, sentindo o clima quente de Nova Iorque.
- Para mim é a mesma coisa de sempre, apenas um dia comum. - disse simples, evitando olhar para mim. Talvez ele tenha se arrependido dessa ideia.
- Você deveria estar mais animado com tudo isso. - falei, entrando no seu carro e colocando o cinto de segurança.
- Animado com o fato da minha mãe se casar com um golpista? - perguntou irônico, me deixando sem palavras. - Isso só me causa raiva.
- Ele é tão ruim assim?
- Que pergunta idiota, Elizabeth. - respondeu sem tirar a atenção do volante, ele não queria olhar pra mim. - Eu não seria imbecil de odiar uma pessoa sem motivos.
Harry falava do padrasto com desprezo, praticamente cuspindo fogo com as palavras.
- É, você está certo. - murmurei, me encolhendo no banco de couro do seu luxuoso carro.
(...)
Chegamos no aeroporto alguns minutos depois, indo direto para o jatinho particular da Styles Enterprises. Sinceramente, é muito melhor do que imaginei, com poltronas espaçosas e uma comissária de bordo servindo champanhe à todo instante.
Harry não desviava sua atenção do notebook, e não trocava uma palavra comigo. É nítido que ele está me ignorando, mesmo que eu não saiba o porquê.- Senhorita, pode me trazer um copo de água, por favor? - perguntei a comissária, que me trouxe uma garrafinha de água. - Muito obrigada.
Eu estou começando a ficar um pouco enjoada com as turbulências do avião, e com um pouco de medo de passar para o outro plano. Não estou acustumada com nada disso.
- Não está se sentindo bem, Elizabeth? - Harry perguntou, depois de algumas horas em silêncio absoluto.
- Apenas um mal-estar, estou bem.
- Por que você aceitou fazer isso por mim?
- Fazer o quê? - questionei. - Te acompanhar nessa viagem? - ele respondeu que sim. - Você é o meu chefe, e paga o meu salário, então pensei que não me custaria nada fazer parte disso e te ajudar com essa história, afinal, é apenas uma cerimônia de casamento.
- Shawn me disse que você era uma boa pessoa, e talvez ele esteja certo .
- Se isso for considerado um elogio, obrigado.
- Não é um elogio, Elizabeth. - sim, esse é o meu adorável chefe. - Tire esse sorrisinho vitorioso do seu rosto.
- Estou começando a acreditar nos boatos que circulam pela empresa. - deixei essa frase escapar, vendo o olhar curioso do meu chefe.
- Quais são os boatos? - indagou surpreso.
- De que sua alma ficou perdida na infância, e por isso você é uma pessoa tão amarga.
- É, talvez isso seja verdade. - ele voltou a olhar para a tela do seu notebook, pondo um fim na nossa rápida conversa.
Eu quero acreditar que esses dias ao lado de Harry não serão ruins, ainda tenho um pingo de esperança. Ele pode ser insensível, amargurado e soberbo, mas bem lá no fundo deve haver alguma coisa boa.
Gostaria de conhecer um outro lado dele, o qual Harry não mostra para ninguém, que é como uma casca dura.