• Narrador •
O casamento se tornou um caos por completo na noite anterior, mas Harry se sentia livre por sua mãe ter feito tudo aquilo. Ele não se importava em ter gastado milhares de dólares com a cerimônia e com a lua de mel, a única coisa que deveria valer a pena era a felicidade de Anne.
E ela estava absurdamente feliz em viajar para as Ilhas Maldivas, sozinha.
Harry deu uma rápida olhada em sua secretária, que está dormindo desde que o jatinho decolou há algumas horas. Ele não entendia o porquê de querer beijá-la, de querer tocá-la a todo instante e sentir o cheiro de morango dos seus fios de cabelos castanhos... Mas tinha a certeza de que não conseguirá lidar com isso todos os dias na empresa.
Havia algo em Elizabeth que ele não sabia explicar com palavras, ou talvez só precisasse de um pretexto para se sentir atraído por ela, e todas as suas manias.
- Não me olhe enquanto eu durmo. - resmungou, abrindo os olhos. - Estou horrível, Harry.
Para ele, Elizabeth estava longe de ser horrível.
- Eu não estava te olhando. - mentiu, voltando sua atenção para o notebook.
- Você não sabe mentir. - disse simples - Então posso me aproveitar disso para fazer uma pergunta pessoal minimamente invasiva?
Harry sorriu.
Na maioria das vezes a curiosidade de sua secretária o deixava irritado. Mas, de alguma forma ele está entendendo que isso faz parte dela, da pessoa que ela é.
- Pergunte o que quiser, Eliza.
- Você já se envolveu com Britney, não é? - perguntou, convicta de que a resposta seria sim. Os olhares de Britney para Harry durante esses dias não era normal, havia algo mal resolvido entre os dois, e Elizabeth tinha quase certeza disso.
- Quem te falou sobre isso? - indagou, pondo os olhos sobre a garota sentada seu lado.
- Eu deduzi... Mas vejo que não me enganei.
- Não, você não se enganou. - Harry respondeu indiferente, enquanto as memórias daquela noite voltavam pra sua cabeça, e era o que ele mais desejava esquecer. - Há alguns anos eu fui um imbecil. Voltei bêbado pra casa depois de uma festa e ela estava no meu quarto me esperando, deitada na cama. Eu não sei como aquilo aconteceu, mas Britney faz questão de relembrar todas as vezes que estou em Londres.
Haviam poucas coisas de que Harry se arrependia de ter feito na vida, e transar com sua meia irmã era uma delas.
- Por isso ela é tão obcecada por você? - perguntou Elizabeth, assustada.
- Britney não tem limites, ela nem mesmo sabe o que isso significa. Mas essa obsessão
vem desde que éramos adolescentes.- Talvez seja bom procurar a ajuda de um psicólogo, ou de uma clínica psiquiatra... - comentou.- Mas, enfim, não quero mais falar o nome dessa mulher por um longo tempo.
Harry concordou mentalmente.
- Posso te levar em casa hoje, Eliza?
- Você já sabe onde eu moro, e eu não vejo problema em aceitar uma carona do meu adorável chefe. - sorriu.
- Será um prazer te levar até lá, e todos os lugares que você desejar ir. - Elizabeth poderia perceber a malícia no tom de voz do seu chefe, e sentiu todos os pelos do seu corpo se arrepiarem por baixo do moletom.
Harry estava exercendo um poder incalculável sobre ela, e isso deveria soar como um sinal de alerta para Elizabeth. Mas ela não iria contrariar os próprios sentimentos, não dessa vez.