Capítulo 10

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                  • Elizabeth narrando •

Chegamos um pouco tarde no dia anterior; Harry insistiu para que eu comprasse algumas lembrancinhas de Londres para a minha família, que não era tão grande quanto a dele... Minha mãe faleceu há quatro anos, e desde então, meu pai se mudou para uma cidadezinha afastada de Nova Iorque.

Sou apenas eu, e sempre foi assim.

Tive que aprender a me virar sozinha desde que era criança. Foram anos sozinha naquele orfanato até que fui adotada pelas pessoas que me criaram, mas eu nunca me senti parte daquela família, e me culpo por isso.

Recebi todo amor que eles poderiam me dar, mas eu não me encaixava ali... Talvez eu quisesse saber o porquê de ter sido abandonada quando era apenas um bebê, mesmo que fosse quase impossível de descobrir o motivo.

- No que está pensando, querida? - a voz de Anne me tirou dos pensamentos.

- Está tudo bem? - perguntou Mary, preocupada.

- Claro que sim, eu estou bem. - respondi, tentando disfarçar.

Nós estamos em uma loja de vestidos de noiva, ajustando os últimos detalhes do belíssimo vestido de Anne, que possuía uma enorme calda e um decote simples nas costas. Ela não parecia tão animada quanto uma noiva deveria estar para o casamento, mas talvez fosse apenas nervosismo de última hora.

Britney fez questão de estar aqui, com a única intenção de palpitar contra as escolhas de sua madrasta. Tinha o mesmo jeito arrogante do pai, infelizmente.

- Não vejo a hora de estar ao lado de Harry no altar... - disse Britney, venenosa. - Como padrinhos, óbvio.

- Tira o cavalo da chuva, menina. - Mary a repreendeu, me fazendo rir sem perceber.

Anne estava no provador, enquanto nós três permanecemos sentadas esperando o resultado dos ajustes. Pelo que ouvi dizer nas revistas de Londres, a família Styles investiu alguns milhões na cerimônia e na festa do casamento.

- Qual a marca do seu vestido, Elizabeth? - questionou Britney.

- Ele não é de marca. - respondi simples. - Comprei em uma loja de departamento no shopping.

- Deve ser horrível não ter condições, não é? - ela era tão cínica, que a minha única vontade é socar a cara dessa garota. - Aposto que você nem consegue diferenciar a qualidade dos tecidos. 

- Eu sou formada em moda, Britney. - pude perceber a sua expressão de espanto. - Pode ter certeza de que eu sei diferenciar mais coisas do que você consegue imaginar.

- Às vezes é melhor ficar calada, Britney. - murmurou Mary.

- Não era minha intenção ofender ninguém. - tentou se defender, mas todos sabemos quem ela é de verdade. - Pensei que já estivesse óbvio que Elizabeth era a secretária pobre, mas virou crime dizer a verdade.

- Pare com isso. - Mary falou irritada.

Britney desconhece o significado da palavra "limites". Ela não tem respeito por ninguém, nem mesmo se importa se suas palavras machucarão alguém.

- Sua soberba é ridicula. - dei de ombros, saindo de perto dela.

Eu não aguentaria nem mais um segundo no mesmo ambiente que Britney. Suas palavras não me atingiram, mas era insuportável ter que ouví-la soltando o próprio veneno.

(...)

                          • Narrador •

Harry permanecia sozinho no terraço, observando o sol se pôr devagar, da mesma maneira que costumava fazer quando criança. Ele terá de voltar para Nova Iorque depois do casamento, do qual não está de acordo, mas precisava aceitar a decisão de sua mãe.

A ideia de trazer sua secretária pessoal para essa viagem tinha sido o único lado bom de tudo isso. Vê-la dormir era uma terapia para Harry, que já estava se acostumando com a presença diária de Elizabeth em sua vida.

- Sua mãe disse que você deveria estar aqui. - Ela surgiu no terraço, usando uma simples calça jeans e uma camiseta rosa, carregando o mesmo sorriso doce de sempre.

- Ela ainda me conhece bem. - respondeu, encostando em uma mureta de proteção que havia ali. - Esse é o meu lugar preferido.

- Eu não fazia ideia de que você era um apreciador da natureza. - falou divertida, se posicionando ao lado do chefe.

Elizabeth sentiu uma leve palpitação ao se aproximar dele, algo diferente, e ela diria até inusitado. Não compreendia o motivo de estar tão nervosa, era a primeira vez que algo assim acontecia ela. 

E se Cheryl estivesse certa em relação aos dois?

- Eu gosto de apreciar o sol indo embora, e não tenho tempo para fazer isso enquanto estou trancado no escritório. - explicou paciente, tendo a visão de alguns raios solares sendo refletidos no rosto de Elizabeth, ela estava linda.

- Por que está me olhando desse jeito? - perguntou com timidez.

- Te olhando de que jeito? - Harry se aproximou um pouco mais dela, passando o polegar suavemente no rosto da garota.

- Como se quisesse me beijar. - respondeu, sentindo todos os pelos do seu corpo se arrepiarem com o toque de Harry.

- Eu quero te beijar, e preciso fazer isso.

Ele sentiu os lábios macios de Elizabeth pela primeira vez na vida, e talvez não fosse certo beijá-la, mas não voltaria atrás com essa decisão.

Elizabeth poderia sentir o peito de Harry subindo e descendo acompanhado de uma respiração pesada durante o beijo, que tinha começado calmo, mas havia se transformado em algo ardente.

O corpo dela foi puxada para mais perto, podendo sentir, literalmente, todas as partes de Harry. As mãos de Elizabeth estavam entre os cabelos escuros do chefe, enquanto ele gemia baixinho o nome dela entre os beijos. E alguns deles foram depositados no pescoço da garota, que sentia um arrepio tomar conta dela por inteira.

- Harry... - sussurrou interrompendo o beijo.

- O que houve? - perguntou aflito.

- Nós nem percebemos que já está ficando escuro aqui. - afirmou.

- E esse sempre será o meu lugar preferido. - murmurou, observando todos os traços da mulher diante dos seus olhos.

- Também será o meu. - Elizabeth depositou um selinho em seus lábios.

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