Capítulo 26

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• Elizabeth narrando •

Estávamos na sala assistindo um jogo de futebol bem fraquinho, era um dos poucos canais que transmitiam pela antiga televisão do meu pai, mas os dois pareciam estar animados com isso. De repente, um gol. Eles não hesitaram em se abraçar como se conhecessem há anos e aquilo aqueceu meu coração...

Eu havia preparado um balde de pipoca, pois estava com vontade de comer desde que saímos de Nova Iorque, e esse desejo bobo não tinha passado. Harry comentava algo com meu pai sobre futebol e eu não entendia nada, apenas balançava a cabeça confirmando tudo. Eu era boa nisso. Eles pareciam acreditar que eu compreendia algo.

Minha vó estava demorando para voltar do bingo, mas aposto que trará algum prêmio junto. Ela sempre teve sorte com essas brincadeiras, e insistia em dizer que o seu espírito se comunicava com o além... e por isso sempre ganhava. Sim, ela dizia para todos que era médium. Talvez fosse mesmo.

- Vou tirar o pernil do fogo antes que asse demais. - meu pai se levantou do sofá, dando um tapinha no ombro de Harry. Pareciam íntimos. - Fica à vontade, genro. - ele riu, parecendo não acreditar em chamá-lo dessa forma.

- Eu posso ajudar à colocar os pratos na mesa. - afirmei, indo até a cozinha.

Abri a porta do armário para procurar os talheres e copos, depois os pratos. Todos ainda permaneciam na mais perfeita ordem devido a síndrome do toque que meu pai possuía, ele gosta das coisas impecáveis.

Organizei a mesa da sala de jantar como  sempre fiz. Um por um. E me doeu o fato da cadeira da minha mãe permanecer vazia, ninguém sentava ali há anos. Todos os natais não eram mais os mesmos depois que ela partiu, e por mais que eu tentasse esquecer, não era fácil.

- Eu gostei dele, querida. - meu pai se aproximou, trazendo a assadeira com o pernil nas mãos. - Talvez eu tenha ficado preocupado com a quantidade de seguranças na porta da minha casa, mas deve ser pelo fato de Harry ser rico, não é?

Eu não poderia dizer ao meu pai que não era esse o motivo. Não poderia dizer que estava sendo ameaçada por dois malucos. Isso o deixaria nervoso, e eu não desejo que seja assim.

- Rico não... Milionário. - ele continuou. - Mas isso não importa pra mim. Se ele te faz feliz, e eu percebo que faz, está tudo bem.

- No início foi um pouco difícil, mas nós dois conseguimos manter uma boa relação. - respondi. - É normal que algumas ideias sejam opostas? - perguntei, aflita.

- Você não precisem concordar em tudo, querida. Por mais que seja ótimo viver em harmonia, haverá momentos delicados em uma relação. - eu ouvia tudo atentamente. - É preciso paciência.

- Sabe, eu queria ouvir os seus conselhos. - falei, esbanjando um sorriso no rosto. 

Ouvimos o barulho da porta sendo aberta, é claro que deveria ser a vovó. Fui correndo até lá, mas ela já parecia estar muito ocupada ao lado de Harry. Apenas fiquei observando.

- Meu Deus! Foi a minha netinha que te trouxe até esse fim de mundo? - ela questionou curiosa, enquanto carregava uma pequena sacola. Deveria ser do bingo. - Você tem cara de Europeu. Acertei?

Harry riu divertido.

- Sim. Eu nasci em Londres. - respondeu, sendo puxado por um abraço pela minha avó.

- Eu já sabia. - ela argumentou, vitoriosa. - Mas quando digo que sou médium, pouca gente acredita. Deixe-me adivinhar, seu nome começa com a letra H, não é?

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