Senti um pequeno peso sobre o meu corpo, e logo percebi que era o braço de Harry agarrado a minha cintura. Ele estava dormindo tão tranquilo, que eu poderia passar o dia inteiro lhe observando sem me mecher. Mas, infelizmente, precisava trabalhar.
Tentei levantar da cama sem acordá-lo e sem fazer muito barulho, mas era praticamente impossível que eu me mexesse nessa posição. Não demorou muito para que ele acordasse, logo com um sorriso.
- Posso te levar ao trabalho hoje, Eliza? - ele perguntou com a voz rouca.
- Talvez seja melhor fazer isso outro dia. - respondo, levantando da cama com pressa para me arrumar. - Já estou atrasada e deixei o carro estacionado no lado de fora do seu prédio. Não se preocupe comigo.
- Você vai sair sem tomar café da manhã?
- Eu passo em uma cafeteria mais tarde, Harry. Não sinto muita fome de manhã. - disse simples, vestindo a mesma roupa do dia anterior. Espero que ninguém perceba isso. - Tenha um bom dia na empresa, querido. - depositei um rápido beijo em seu rosto, para me despedir.
- Amo você. - ele sussurou, ainda deitado na cama.
- Eu também te amo, Harry. - falei, saindo do quarto.
(...)
Cheguei um pouco mais cedo na empresa do que o normal, pois não queria esbarrar com Alfred pelos corredores ou qualquer outro tipo de coisa que o envolvesse. Ele possuía uma energia estranha, algo que eu não sabia explicar, mas estava dentro dele.
Fui até meu escritório, e retirei da bolsa um porta retrato com uma foto minha e de Harry, nós estávamos em Londres e essa é a nossa primeira fotografia juntos. Coloquei-a sobre a mesa para decorar o local, que ainda estava vazio. Eu poderia dizer que, depois de tantas brigas, estávamos, finalmente, nos entendendo de uma maneira linear.
- Bom dia, senhorita Cliford. - Alfred entrou sem bater na porta, entrando no pequeno cômodo. - Caso precise de ajuda, estou na sala ao lado. Não seja tímida. - sim, ele havia piscado o olho para mim.
- Eu peço ajuda à Aurora, se precisar. - tentei contornar a situação.
- Ela não entende nada do que fazemos aqui, nem mesmo deve saber escrever o próprio nome. - ele riu, sozinho. - E eu quero que peça ajuda diretamente pra mim, não à ela.
- Eu não gostei da forma que você falou sobre ela, Alfred. Há algum problema em ser uma secretária? - perguntei afiada. - É um trabalho como o nosso. Nada além disso.
- Não leve tudo a sério, meu bem. - eu não entendia o porquê dele estar com esse sorrisinho de superioridade. - O que você acha de almoçar comigo hoje?
- Sinto muito. - eu não sentia merda nenhuma. - Mas irei almoçar com o meu namorado. - menti. - Ele é o mais importante pra mim nesse momento.
- É esse homem da foto? - Alfred perguntou com desdém, olhando o porta retrato. Apenas confirmei balançando a cabeça. - É uma pena que você seja comprometida com esse...
- Não gosto de pessoas se intrometendo na minha vida pessoal, Alfred. Principalmente, o meu chefe. - o interrompi antes que ele terminasse de falar. Até sua voz me dava enjoos. - Espero que saiba manter essa distância.
- E eu acho que você deveria medir as suas palavras quando fala com o seu "chefe", Elizabeth. - disse indiferente. - Já que está interessada em manter uma relação apenas profissional comigo, as coisas não serão fáceis daqui pra frente.
Eu havia entendido a sua ameaça. E sabia que tipo de homem ele era, que pensa em mandar nos seus funcionários para conseguir favores sexuais em troca de algo. Nunca aceitaria esse tipo de coisa.