Capítulo 18

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                            • Narrador •

Era um dia ensolarado em Nova Iorque, algo que Harry costumava detestar, mas dessa vez ele olhou para fora da janela do carro e sorriu para o céu azul, nem mesmo se importou se estava um calor insuportável de verão.

Estacionou o carro em frente à sua própria empresa, dispensando a ajuda de um manobrista pela primeira vez em anos. Harry apenas queria chegar rapidamente no escritório, e resolver como ficariam as coisas entre ele e Elizabeth depois da conversa do dia anterior.

Como sempre, a garota já o esperava em pé ao lado de sua mesa, carregando alguns documentos que Harry deveria assinar. Esse era o trabalho dela, e ele agradeceu por isso.

- Bom dia, Sr Styles. - sorriu.

- Bom dia, Eliza. - retribuiu o cumprimento, sentando-se em sua cadeira de couro marrom onde passava o resto dos dias. - Preciso comparecer à alguma reunião hoje?

- O mais necessário é assinar esses documentos sobre o investimento da empresa brasileira, Harry. - ela alertou. - Eles são bastante exigentes com a qualidade das roupas.

- Você se formou em moda, não foi? - Harry perguntou curioso. - Era o que estava escrito no seu currículo quando te contratei.

- Sim, me formei há alguns anos. Por quê?

- A empresa está precisando de desenhos para a próxima coleção desse ano, e se você tiver algumas ideias guardadas para me apresentar, eu adoraria vê-las. - comentou, deixando a garota sem reação com a proposta.

- Eu posso entregar as ideias que estão em casa. Mas, talvez, elas não sejam boas o suficiente para a empresa. - disse simples.

- Devem ser ótimas, Eliza. - ele encarou a garota diante dos seus olhos, e ficou feliz por oferecer uma oportunidade a ela de mostrar seu talento com os desenhos.

Elizabeth voltou para sua pequena mesa com o coração acelerado. Essa era a primeira vez que alguém se interessava pelo seu trabalho com a moda, e ela sabia que tinha capacidade suficiente para cumprir tal desafio.

Harry adorava observá-la sentada em seu local de trabalho, ele estava sempre prestando atenção em cada detalhe daquela mulher de sorriso violador. A maneira desajeitada que Elizabeth andava, o olhar vitorioso quanto terminava uma tarefa difícil... Ele admirava a determinação dela, mesmo que às vezes fosse difícil admitir isso.


(...)

Já era noite quando Harry decidiu chamá-la até seu escritório particular, não havia mais documentos para assinar ou nada que pudesse atrapalhar o momento entre os dois. Ela respirou fundo antes de passar pela porta do chefe, mas foi em frente e apenas esperou que saísse alguma palavra de sua boca.

Harry não havia conseguido fechar os olhos na noite anterior, se sentia culpado pelo pequeno desentendimento entre Eliza, e tinha certeza de que estava errado. Ele não conhecia o amor. Mas precisava estar ao lado daquela mulher, precisava sentir o seu cheiro doce de lavanda depois de um banho demorado. Ele precisava dela.

Mas o que era isso?

Era o amor que ele tanto desacreditava?

Harry não tinha capacidade de responder tais perguntas desafiadoras, nem mesmo poderia imaginar que era possível amar alguém em tão pouco tempo. Mas ela estava ali diante dos seus olhos, esperando apenas que ele dissesse algo verdadeiro sobre os seus sentimentos, afinal, os dois já eram adultos o suficiente para reconhecer os próprios atos.

- Eu fui indelicado com você. - sim, ele havia sido. - E talvez eu seja um filho da puta arrogante que não consegue admitir quando sente muito, mas eu sei que minhas palavras te magoaram ontem e não me importo de te pedir desculpas.

- Está tudo bem. Foi apenas um choque de realidade. - Elizabeth disse simples.

- Não está nada bem, Elizabeth. - sua voz saiu abafada, como se ele tivesse sufocado por tempo demais. - Nada está bem desde que nos beijamos em Londres, e eu não consigo tirar essa lembrança da minha mente. Eu não consigo deitar a cabeça no travesseiro e fingir que não existe nada entre nós dois. Eu não posso fazer isso.

- Então não faça, Harry. - murmurou. - Mas você é orgulhoso demais para admitir qualquer tipo de sentimento, não é?

- Eu não faço ideia de como isso funciona.  Nunca precisei estar em um relacionamento rotulado, mas dessa vez é diferente. - Eliza ouvia atenta cada palavra que saía de sua boca. - Não quero que nós dois sejamos algo casual.

- Pensei que relacionamentos não fizessem parte da sua vida. - comentou Elizabeth afiada.

- Eles nunca foram uma parte boa da minha vida, com tantos paparazzis envolvidos e minhas fotos estampadas nos tablóides todas as vezes que apareci com uma mulher. - ele respondeu sincero. - A única coisa que eu queria era privacidade, e nunca a tive.

- O que garante que será diferente agora, Harry? - perguntou simples.

- Eu não sei. - sussurou, pondo os olhos sobre a garota sentada a sua frente. Desejou ter uma resposta exata para Elizabeth, mas não tinha. - Você precisa confiar em mim.

Harry pensou em mil motivos para não continuar com essa ideia, mas não havia nada que pudesse controlar esse sentimento confuso que o tirava do sério. O amor era como um caminho que ele precisava encontrar, e talvez essa seja a hora certa pra isso.

- Às vezes, confiar não é o suficiente. - ela lamentou. - Eu aprendi que dessa maneira é impossível de se machucar. E eu não quero ser machucada por você, Harry.

- Eu nunca te machucaria, Elizabeth. Nunca. - ele se aproximou dela, mas não tanto quanto gostaria. - Você não consegue entender que eu moveria um oceano inteiro só pra te ver sorrir? E que eu não posso te magoar?

- Por quê? - indagou.

- Porque eu estou apaixonado por você, porra! - ele não hesitou em se aproximar dessa vez, e a beijou lentamente enquanto sentia seu coração acelerado se misturar com a respiração nervosa de Elizabeth.

As palavras saíram da boca de Harry sem que ele ao menos percebesse, mas não poderia negar. Estava apaixonado por aquela mulher. E tudo mais que ela possuía... o sorriso, os olhos em uma mistura de verde e azul, a cor castanha dos seus cabelos ondulados e sua personalidade desafiadora.

- Você tem certeza do que disse? - ela interrompeu o beijo, perdida entre tantos pensamentos.

- Eu não me importo de repetir. - disse simples. - Estou apaixonado por você, Elizabeth Clifford. Apenas por você. Ninguém além você.

Ele arrancou um sorriso distraído dela.

- Eu também estou apaixonada por você. - aquilo soou como uma música para Harry.

Até algumas semanas atrás ele não acreditava que pudesse sentir qualquer tipo de empatia pela sua secretária terrivelmente invasiva e sorridente a todo custo. Ele não conseguia decifrá-la, e era esse o maior problema. Mas aqui estava ele, apaixonado por ela.

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