• Elizabeth narrando •
Estacionei o carro em frente prédio onde trabalho, na mesma vaga de sempre, e logo percebi que Aurora estava me esperando do lado de fora da empresa. Ela parecia estar inquieta, ou até nervosa.
Não hesitei em caminhar na sua direção, antes que ela tivesse um troço ali mesmo, na calçada.
- Bom dia, senhorita Cliford. - disse ela. - Talvez o que eu vá dizer pareça loucura, mas preciso que confie em mim. Por favor! - alertou.
- Eu confio em você, Aurora. Mas me diga o que é tão importante, que pareça ser louco. - questionei confusa.
- Ontem eu precisei ficar até mais tarde trabalhando, pois precisava resolver algumas planilhas. Enfim, isso não importa. - era nítido o quanto ela estava nervosa, e eu não entendia nada do que estava acontecendo. - Mas entrei na sala de Alfred para buscar um documento, e me confundi com uma pasta errada.
- As pessoas se confundem mesmo, Aurora. - falei simples, dando um meio sorriso. - Se esse é o motivo de você estar dessa maneira, não precisa de preocupar. Alfred não irá te demitir. - disse por fim, indo na direção da entrada, mas ela me puxou antes que eu pudesse ir para qualquer lugar.
- Você não está entendendo a gravidade disso, senhorita Cliford. - Aurora arregalou os olhos. - Nessa pasta haviam fotos suas com seu namorado. Vocês dois estavam em restaurantes, na entrada do apartamento, andando de mãos dadas na rua... Alfred estava te monitorando esse tempo inteiro.
- O quê? - perguntei, assustada. - Fotos?
Minha cabeça estava girando sem parar, e nada parecia fazer sentido. Por que ele me espionaria? Meu Deus! Isso parecia ser coisa de filme de terror.
- Vá embora daqui, e não volte. - Aurora me alertou, com uma expressão de preocupação estampada no rosto. - Alfred deve estar tramando algo maior do que podemos imaginar.
- Por que ele faria isso? Qual o problema dele?
- Ninguém sabe como funciona a mente de um psicopata. - disse ela. - Mas nada do que vi ontem foi normal. Esse tipo de comportamento não é normal, Elizabeth.
- Eu nunca mais vou pisar meus pés nessa empresa. - falei, revoltada. - Isso está me deixando assustada. Alfred está obcecado por mim? Puta merda.
- Foi ótimo tê-la aqui, senhorita Cliford. - depositou um rápido beijo em minha bochecha, se despedindo. - Mas para o seu bem, não volte mais.
Fiquei sozinha, com pensamentos que ainda não faziam sentidos para mim. Eu estava sendo vigiada esse tempo todo pelo meu chefe, em lugares que eu frequentava, no prédio de Harry, na rua... Isso é doentio.
Corri até meu carro, dando partida com a maior velocidade possível. Será que havia alguém tirando fotos minhas nesse momento? Eu poderia estar sendo espionada agora? Mas isso não importa, já estou à caminho da Styles Enterprises para conversar com Harry sobre isso, precisava me sentir segura ao lado de alguém, e ele era essa pessoa.
O caminho até meu antigo trabalho era rápido, um questão de poucos minutos, mas que pareceram uma eternidade hoje. Dobrei várias esquinas, cruzamentos, e aquilo não tinha fim. Eu estava nervosa, minhas mãos tremiam enquanto eu dirigia, nem mesmo sabia qual era a direita ou esquerda. Minha cabeça parecia que iria explodir.
Enfim, avistei o arranha-céu que já conhecia há alguns anos. Entreguei as chaves do carro para o manobrista, e fui correndo até o elevador enquanto esbarrava em várias pessoas pelo saguão. Talvez eu estivesse exagerando com a situação, mas Alfred invadiu a minha privacidade, fez uma pasta apenas com fotos minhas e de Harry, e tinha tudo dentro do seu escritório. Ele beirava à loucura. Ou já estava louco.