3 meses depois
• Narrador •
Era um dia ensolarado, assim como tantos outros em Nova Iorque, mas hoje havia algo de especial para ser comemorado; A alta de Elizabeth do hospital. Isso não significa que ela esteja totalmente recuperada, pois as diversas fraturas demorarão mais alguns meses para cicatrizar, mas voltar para casa depois de tanto tempo era reconfortante.
Harry passava a maior parte dos dias ao lado da mulher, por mais que fosse terrível dormir em uma poltrona minúscula, ele não queria deixá-la sozinha em um quarto de hospital. Na verdade, não queria deixá-la sozinha nunca mais.
- Está ansiosa para voltar pra casa? - perguntou Cheryl, enquanto arrumava os pertences da amiga em uma pequena mala para que ela pudesse ir embora desse lugar. - Aquele apartamento fica sem graça quando você não está presente.
- Eu sinto saudades da minha vida de antes. - Elizabeth murmurou. - Não vejo a hora de estar de volta.
- Talvez eu esteja exagerando, porque você sabe como eu sou. - ela riu, analisando sua amiga deitada na maca. - Mas eu tenho certeza de que sua barriga deu uma crescida nessas últimas semanas.
- Estou com 5 meses, Cheryl. - comentou, empolgada, pondo a mão sobre sua pequena barriga.- É provável que tenha crescido.
- Nossos bebês vão nascer em datas próximas, e eu acho isso extraordinário. - a sua barriga já era um pouco maior do que a de Elizabeth, existia uma diferença de poucas semanas de uma gestação para outra. - Liam e Angel vão crescer juntinhos.
- Você sabe aonde Harry foi? - Elizabeth perguntou, preocupada com a demora do rapaz.
- Eu o vi conversando com James do lado de fora do hospital. Parecia ser sério, então não quis atrapalhar.
- Nós já podemos ir embora daqui, não é? - ela questionou, animada. - A médica disse que eu estava liberada. Não quero ficar esperando por mais tempo.
- Bom, eu vou te ajudar a sentar na cadeira de rodas. - Cheryl explicou, indo até ela para ajudá-la a se arrumar naquela cadeira de rodas, o que demorou poucos segundos. - Você é muito pesada, não acha?
- Não mais do que você. - Eliza riu.
- É, dessa vez você ganhou. - Cheryl se rendeu, começando a empurrar a cadeira do quarto à fora. - Eu já estava começando a me adaptar com esse lugar.
- É, eu também. - comentou Eliza. - Estou viva graças à todos os funcionários desse hospital. Harry disse que iria ajudar com uma doação, para que ele nunca pudesse fechar as portas.
- Uma doação de Harry significa milhões de dólares. - Cheryl afirmou, enquanto continuava empurrando a amiga pelo pequeno saguão do hospital.
- É, talvez 100 milhões sejam o suficiente. - murmurou Elizabeth. - Sabe, eu pensei bastante sobre fundar uma instituição de caridade para pessoas com câncer. É, sei que não tem relação com o que aconteceu comigo, mas minha mãe faleceu por causa dessa doença. Talvez seja a hora de fazer algo para ajudar.
- Estou impressionada com a ideia, Eliza. - respondeu Cheryl, com êxtase. - O custo do tratamento é muito caro. Também quero fazer parte disso, quero ajudar.
- Do que vocês estão falando? - Harry surgiu, substituindo Cheryl na função de guiar a cadeiras de rodas.
- Aonde esteve? - perguntou Eliza.
- A equipe da segurança encontrou pistas sobre o paradeiro de Alfred e Carlos. - respondeu simples. - Nesse momento, a polícia já está a caminho do lugar onde eles estão se escondendo. Nós vamos pegá-los.
Ouviu-se um suspiro de alívio vindo de Eliza.
- Isso é ótimo. - disse ela.
- Já temos provas suficientes de que eles estão envolvidos no seu acidente, o que é suficiente para que sejam condenados por tentativa de homicídio.
- Parece que os dias de glória estão chegando. - Cheryl comentou.
- Todos nós vamos poder viver em paz agora. - disse Harry, por fim.
(...)
Os dois chegaram em casa depois de algumas horas. Havia um cartaz feito por Harry, que estava escrito em letras coloridas "Seja bem-vinda, querida" e tudo parecia ter continuado igual, da mesma forma que Eliza costumava se lembrar.
- Você escreveu isso com giz de cera? - ela perguntou, divertida. - Ficou tão bonito.
- Isso exigiu uma estrutura emocional muito grande. - ele riu, bem humorado. - Tive uma pequena ajuda de Elena, mas eu fiz a maior parte sozinho.
- Elena não está aqui hoje? - perguntou, observando que o apartamento estava vazio.
- Eu queria que ficássemos sozinhos, então dei um dia de folga para ela. - Harry respondeu, e em um rápido movimento tirou Eliza da cadeira de rodas, carregando-a nos braços. Ele fez isso com tanta facilidade, que deixou a garota impressionada. - Eu sei que você ainda precisa se recuperar por mais um tempinho, então nossa mudança vai demorar alguns meses para ser feita.
- É, eu sei. - ela lamentou. - Mas para onde você está me levando, Harry?
- Você vai descobrir em breve, meu bem.
Eles foram até uma simples porta branca, bem próxima ao quarto onde dormiam, mas havia uma pequena placa escrita o nome "Angel" em letras amarelas. Elizabeth encarou a informação sem entender o que estava acontecendo, presumindo que seria o quartinho da sua filha diante dos seus olhos.
- Está brincando comigo? - perguntou desacreditada.
Harry girou a maçaneta sem pressa, dando a visão de um cômodo totalmente iluminado por grandes janelas, com as paredes pintadas de um amarelo pastel e um berço branco no centro do quarto, em perfeita harmonia. Era a coisa mais linda que Eliza já havia visto.
- Você planejou isso sozinho? - ela perguntou em choque, observando cada detalhe do lugar.
- Foi difícil pintar todas essas paredes, armar esse berço por duas semanas seguidas e encontrar uma cortina que combinasse com o tom certo. - disse Harry. - Mas eu fiz tudo sozinho. Queria ter lembranças especiais e fazer parte disso.
- É lindo, querido. - Elizabeth murmurou, tentando não chorar de emoção. - Na verdade, é a coisa mais divina que eu já vi na minha vida.
- Ainda não está totalmente pronto. - ele continuou. - Pensei que seria bom deixar você decorar também, colocar coisas que goste.
- Tire uma foto! - ela pediu.
- Por quê? - Harry perguntou curioso.
- Talvez Angel nunca se lembre do seu primeiro quartinho, mas uma foto será ideal para que ela nunca se esqueça disso. Aposto que ela vai amar saber que você se esforçou para fazer isso dar certo. - afirmou Eliza.
Houve um silêncio entre os dois por poucos minutos.
- Eu tive medo de perdê-las naquele acidente. - Harry sussurou, com os olhos marejados. - Minha vida não faria mais sentido sem vocês.
- Ei, está tudo bem. - ela tentou reconfortá-lo, enxugando suas lágrimas com o polegar. Odiava vê-lo sofrer dessa forma.- Nós estamos aqui. Juntos.
- Você realmente me perdoou por ter te deixado sozinha naquela noite? - perguntou aflito.
- É claro que eu te perdoei, Harry.
- Eu te amo. - ele murmurou.
- Eu também te amo, querido.