• Narrador •
- Familiares de Elizabeth Clifford? - perguntou a médica, com uma expressão de preocupação.
- Somos nós. - disse Harry, levantando-se da pequena cadeira que estava há horas sentado, esperando por notícias. - Como ela está?
- Ainda é muito cedo para afirmar alguma coisa, Sr Styles. O seu estado de saúde ainda é delicado devido à fraturas na costela, mas conseguimos controlar a hemorragia no pulmão.
- E o bebê? Ele está bem? - questionou John.
- Nós conseguimos mantê-la viva dentro do útero por mais tempo, o que é uma ótima notícia. Partos prematuros são perigosos para a mãe e para o bebê.
Harry soltou o ar que nem sabia que estava prendendo, mas se sentia um pouco mais aliviado depois de boas notícias.
- Então é uma menina, doutora? - ele perguntou com um meio sorriso estampado no rosto.
- Sim, é uma pequena menina guerreira. - respondeu gentilmente. - Honestamente, o que eu vi naquela sala de cirurgia foi um milagre. As chances das duas sobreviverem eram quase zero com a gravidade do acidente. - ela disse, admirada.
- Quando podemos vê-la? - Harry perguntou aflito.
- Daqui a dez minutos se inicia o horário de visitação. Elizabeth está no quarto 625. - a doutora disse por fim, se retirando.
Harry encostou seu corpo na parede, pondo as mãos sobre o rosto molhado de lágrimas, em um misto de alegria e angústia. Ele queria visitar Elizabeth, queria falar com ela e pedir desculpas por ser tão idiota, mas precisava esperar até que ela ficasse bem.
Sua filha ainda continuava viva, o que realmente deveria ser um grande milagre, e ele só queria esperar mais alguns meses para carregá-la nos braços. De repente, já não sentia medo de ser um péssimo pai. Harry daria tudo por aquela bebê e sua mulher, sem dúvidas.
- Cadê ela, Harry? - Cheryl apareceu ao lado de Shawn, totalmente deseperada. - Eu vi a notícia no jornal, era o carro da mãe dela que estava lá em pedaços. A minha ficha não caiu.
- Fica calma, querida. - Shawn murmurou. - Como tudo isso aconteceu? A Eliza está bem?
- As duas estão dando o máximo que podem para melhorar. - afirmou John. - Eu sei que estão.
- As duas? - indagou Cheryl. - Havia outra pessoa no carro além de Elizabeth?
- Você não sabia? - perguntou Harry, confuso. - Eliza está grávida.
- Meu Deus! É óbvio que eu não sabia de nada disso. Elizabeth sentiu uma leve tontura há poucos dias, mas como eu poderia imaginar que ela estivesse esperando um bebê? - questionou Cheryl, andando de um lado a outro, nervosa. - Ela está bem, Harry?
- Está com algumas costelas fraturadas e uma perfuração no pulmão. Talvez leve tempo para se recuperar totalmente, mas seu estado de saúde é estável. - confirmou, Harry.
- E o bebê? - perguntou Shawn.
- É uma menina. - respondeu Harry, com um pequeno sorriso. - Os médicos conseguiram deixá-la dentro de Elizabeth por mais tempo.
Alguns minutos se passaram até que o horário de visitação fosse liberado, mas para Harry parecia ter sido uma longa eternidade. Ele caminhou até o quarto em que Elizabeth estava, mas hesitou antes de entrar. Teve medo de vê-la machucada, mas precisava ficar ao seu lado antes de qualquer coisa.
Ela estava desacordada sobre uma maca, com vários fios conectados ao seu corpo fragilizado. Haviam cortes e arranhões por todo canto, hematomas espalhados pelo rosto delicado da mulher.
- Me perdoe, Eliza. - Harry sussurou, segurando a mão da garota com cuidado, pois haviam alguns cortes ali. - Eu a trouxe para minha vida, te coloquei nessa situação horrível.
Ele nunca havia se sentido tão culpado pela dor de outra pessoa quanto agora, mas Eliza estava debilitada diante dos seus olhos, como se estivesse sofrendo em silêncio. Essa, com certeza, é a coisa mais cruel que Harry já suportou na sua vida inteira.
- Harry... - ele escutou o baixo sussuro de Elizabeth, e sem seguida levantou-se da pequena poltrona que havia no quarto para se aproximar dela.
- Ei, não precisa falar nada. - disse ele.- É melhor não se esforçar tanto.
- O bebê, Harry. Ele sobreviveu? - seus sussurros de dor eram baixos, mas ela implorava por notícias do filho.
- Sim, ela sobreviveu. - respondeu, paciente.
- Graças a Deus. - Elizabeth suspirou, com lágrimas nos olhos. - Eu não iria aguentar perdê-la dessa forma.
- Não se esforce tanto, por favor. - Harry pediu, segurando sua mão. - Você ainda precisa de tempo para se recuperar por completo do acidente.
- Está tudo bem. - ela murmurou.
- Eu quero te pedir perdão por ter agido como um filho da puta com você. - Harry lamentou. - Sinceramente, eu fui um idiota por dizer que não via um futuro para nós dois. Porque eu vejo.
Harry interrompeu a própria fala, procurando palavras suficientes para descrever seus sentimentos.
- Na verdade, eu vejo um belo futuro para a nossa família. - ele continuou. - Quando você tiver alta desse hospital, nós vamos comprar a casa mais bonita dos Hamptons.
- Hamptons? - ela riu, mas tossiu em seguida.
- Sim, Eliza. - Harry sussurou. - Eu pensei em chamar a bebê de Angel. O que acha? - perguntou, animado.
- Eu achei perfeito, Harry. - ela afirmou. - Angel é o nome mais delicado que já ouvi.
- Você está com fome? Posso pedir para que tragam algo pra você comer. - disse com preocupação.
- Não estou com tanta fome assim. - respondeu simples. - Harry, meu rosto está muito cortado e machucado? Não minta, por favor.
Harry a observou antes dizer algo. Haviam mais hematomas do que cortes, mas seu rosto estava diferente, talvez inchado, com pequenos arranhões na bochecha.
- Tudo vai cicatrizar, Eliza. - disse, segurando sua mão. - Você não precisa se preocupar.
- Sabe, o caminhão apareceu tão rápido que eu não tive tempo suficiente para desviar. - ela mudou totalmente do assunto, parecendo estar se lembrando de algo. - Eu só escutei a buzina alta, e o carro capotou várias vezes.
- Nós vamos encontrar quem fez isso com você, Eliza.
- Alfred e Carlos armaram isso, não foi?
- É, talvez eles estejam envolvidos nisso. Mas James já está à procura do motorista do caminhão, para ter certeza de que ele trabalhava para esses dois desgraçados.
- Eu quero que tudo isso acabe logo. - respondeu Elizabeth.
- Carlos sabia que você era o meu bem mais precioso, e quis tirá-la de mim cruelmente. - disse Harry. - Mas eu vou colocar um fim nessa sujeira.