Capítulo 4

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POV Douglas

Chego em casa após 5 dias fora e sou recebido com grandes abraços que me levam ao chão. Finjo estar morrendo esmagado e só assim os pequenos saem de cima de mim e então os ataco com cosquinhas. Morri de saudade dos meus irmãozinhos sapecas, mas não tive escolha, precisei ficar fora por este período.

Minha profissão não exige que eu trabalhe todos os dias, o que é ótimo, pois assim posso cuidar da minha família e diminuir o peso sobre os ombros da Diana. Porém, eventualmente há ensaios ou desfiles em outras cidades e preciso me ausentar. Desta vez fui para uma cidade litorânea para uma sessão de 2 dias, contudo as chuvas torrenciais impossibilitaram o trabalho e fiquei preso lá até o sol sair e tirarmos as fotos.

Brinco com eles, escuto as novidades, faço um almoço caprichado, levo os gêmeos para a escola. E então posso ir matar a outra saudade que me atormenta: Elisa. Me acostumei a vê-la com regularidade, arrumando desculpas esfarrapadas para estar perto do salão no término do expediente ou mesmo cortando meu cabelo sem necessidade alguma. Agora conversar que é bom, ainda não criei coragem, e nem sei por onde começar, já que nunca precisei me esforçar para conquistar ninguém. Vergonhoso, eu sei. Mas é que aquela mulherzinha difícil não dá brecha!

Sorrio lembrando-me de seus ares altivos e orgulhosos, uma verdadeira rainha. Diante dela me sinto o bobo da corte atrapalhado e fico mudo. Pamonhão!

Estava quebrando a cabeça para arrumar uma justificativa viável para ir hoje ao seu trabalho, quando escutei algumas modelos comentando que iriam fazer uma tal de hidratação nos cabelos, em virtude dos estragos causados pela água do mar. E agora estou aqui, sentado na área de espera, admirando minha Elisa e aguardando minha vez.

A senhorinha que está em sua cadeira não tira os olhos maliciosos de mim e está me dando um pouco de medo, que só se intensifica ao passar por mim e me apalpar os braços e mandar beijos. Velhinha perigosa, eu hein?

Vou de encontro à minha garota e, meio gaguejando, explico o que quero. Sua expressão é indecifrável, mas acho que vi uma pontinha de desprezo no cantinho do olho ali. Por que será? Bem, não irei pensar nisto. Hoje vou puxar um assunto qualquer com ela e quem sabe a chamar para sair. Bom plano, só que não... Ela coloca os fones de ouvidos e me ignora completamente. Tenho que me contentar em olhar e tentar desvendar os motivos para tanta frieza. Se fosse loira a apelidaria de Elsa.

Ao término, arrisco estender minha mão num cumprimento, e tenho o prazer de sentir o contato com sua pele macia. E o melhor, vejo que nosso simples toque a perturbou. Então a mocinha não é indiferente... Sorrio sabendo que ganhei o dia, posso enfim ter esperanças. Caminho para a casa assobiando feliz, com um cabelo tão sedoso que dá até vergonha...

Busco as crianças na escola e deixo que escolham o filme que assistiremos na sessão cinema em casa e fico muito satisfeito quando Laís decide-se por Frozen. Deve ser um sinal, só pode.

Mando-os para o banho, e inicio o preparo do jantar. Enquanto comem, trato de minha mãe e passo um tempo com ela. Acho que nem percebeu minha ausência todos estes dias, é triste constatar.

Após o filme, coloco os pequenos na cama e arrumo a bagunça que fiz na cozinha, além de deixar algumas peças de roupa de molho para lavar amanhã. Sexta-feira à noite e é assim que estou, cuidando da casa, mas não acho ruim. Não sou o garanhão pegador irresponsável que todo mundo pensa.

Passo na agência pela manhã para confirmar minha presença no desfile de domingo e escuto por acaso que estão precisando de uma cabeleireira com urgência. Entro no meio da conversa e indico a Elisa, mostrando meu cabelo bem cuidado como prova de sua competência. Ligo para sua chefe, faço a proposta e ela aceita em nome da minha garota sem nem mesmo perguntar.

Desvende-me - Livro 2 (O Rapunzel)Onde histórias criam vida. Descubra agora