Capítulo 17

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POV Elisa

É muito bonito incentivar o namorado a perseguir os sonhos, o difícil é ficar sem ele. Faz 2 semanas que Douglas está no programa, incomunicável e sem previsão de retorno, tudo dependerá de quão longe ele irá na competição. Entendo que a emissora queira manter sigilo, mas não permitir sequer um telefonema?

Nosso relacionamento é recente, contudo ele já é tão parte de mim, que me sinto aleijada, com uma sensação de falta e vazio o tempo todo. Tento me ocupar em ajudar Diana, passo quase todos os dias em sua casa, ficando com os pequenos enquanto ela está na escola, muitas vezes até poso lá, todavia isto só faz aumentar a saudade de tenho dele.

- Depois que uma certa mocinha conheceu um tal deus nórdico, fica assim, perdida em pensamentos... – D. Janja me tira de meus devaneios.

- Desculpa, querida, de novo me distraí...

- Está tudo bem, meu anjo, é compreensível. Eu com um homem daquele nem lembraria mais do meu próprio nome... – sorrio constrangida, ela não perde uma oportunidade de me envergonhar.

- Estou na maior torcida para que ele vença a disputa, o duro é ficar sem ele – digo nesta mescla de sentimentos que não me abandona.

- Lembrei que você me avisou que o primeiro episódio iria ao ar ontem e fiquei até tarde acordada para assistir. Meu bem, seu rapaz deu um show e olha que era somente a primeira seleção.

- Sim, estive com ele lá naquele dia, D. Janja, precisava ver como ele estava seguro, capaz, parecia profissional. Foi ótimo escutar os elogios dos jurados.

- Ele com certeza será um dos preferidos do público, principalmente de nós mulheres. Está preparada para o assédio que ele sofrerá? – ela me pergunta, sabe que sou ciumenta.

- Nem me lembre, estou tentando trabalhar isto. Por que eu tinha que arrumar um namorado tão bonito?

- Porque é esperta. E sortuda – rimos juntas. Minha amiga sempre faz o ar mais leve perto dela.

Uma senhora, D. Dirce, chega e senta-se na cadeira ao lado, para ser atendida por minha chefe. É uma cliente assídua e velha conhecida de D. Janja. Ambas se cumprimentam e iniciam a troca de fofocas. Continuo meu trabalho até que algo que dizem chama minha atenção.

- E a Jéssica a encontrou desmaiada, com diversas cartelas de comprimidos vazias ao lado. Não acredito que a Cíntia fez isto – D. Dirce comenta indignada. Será que é sobre aquela garota invejosa que infernizou a vida da Alice? Sei que são vizinhas, moram no mesmo condomínio fechado.

- Pobre menina, deve ter sido um choque. Ela tem sempre aquele ar de metida, mas com uma mãe como a dela, não é de se estranhar. Mas me conta, como a mulher está? – D. Janja pergunta e pelo jeito estão mesmo falando da bruxa.

- Ainda está internada. Por pouco não consegue dar fim à própria vida. Minha funcionária, que é amiga da sua cozinheira, me contou que o problema é que descobriu estar com câncer. Precisará de uma cirurgia que a deixará deformada.

- Mas é hora de lutar e não desistir! Beleza não é tudo, o importante é viver! - D. Janja exclama inflamada. Ela já passou por problemas sérios de saúde, se cuidou e hoje é esta senhora alegre e cheia de vida. Sempre se revolta com aqueles que se entregam.

Enquanto a conversa continua, penso na Jéssica. Diversas vezes idealizei fazer um estrago naquele cabelo bonito dela, em retaliação por todo mal que fez à minha prima, porém agora sinto pena. Deve ser horrível encontrar a mãe numa tentativa de suicídio.

Termino meu trabalho, ganho um beijo e um comentário malicioso da minha velhinha preferida e logo a cadeira é ocupada novamente. Para meu desgosto, reconheço a loira a me olhar desdenhosa.

Desvende-me - Livro 2 (O Rapunzel)Onde histórias criam vida. Descubra agora