Epílogo

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POV Douglas

O dia amanheceu lindo, ensolarado e límpido, de acordo com meu estado de espírito. Seremos finalmente um, para sempre. Apesar de nos conhecermos há poucos meses, a certeza que tenho em meu coração é inquestionável. Passamos por más impressões, brigas, descobertas, aflições, risos, ciúmes, armações, distância, recomeços e até mesmo quase a perdi. Tudo isto solidificou nosso sentimento, e como o ouro que precisa passar pelo fogo para se purificar, assim nosso amor foi provado e venceu.

Diante de altar, enquanto espero minha Elisa entrar, rememoro todos os acontecimentos que nos trouxeram aqui e meu peito se enche de gratidão. Minha vida mudou tanto, e para melhor, depois que ela chegou, que quase não a reconheço. Olho para minha mãe sorrindo, viva, linda e desperta e preciso me beliscar para saber que não estou sonhando. Penso em meu pai e minha avó que se foram, mas que em algum lugar certamente olham felizes por nós.

Remexo na gravata pela vigésima vez, sinto-me sufocando de ansiedade. Arrumo meu cabelo, ainda me acostumando com o novo corte. Pela manhã, fui ao salão e pedi para D. Júlia acabar com a juba, como meu sogro diz. Aquela velhinha assanhada também estava lá, se arrumado para meu casamento, e disse que eu fiquei ainda mais lindo na versão Thor Ragnarok e piscou maliciosa para mim. Sério, ela me assusta.

Os primeiros acordes tocam sobressaltando-me, as portas se abrem, e Carol e Diana entram radiantes, com lindos vestidos lilases e rosas brancas nas mãos. Elisa as quis como suas damas, saindo um pouco do usual. Postam-se uma a cada lado do altar e a música muda para a entrada de minha noiva.

Sabe aquela expressão comum de perder o ar, ficar embasbacado? Este sou eu ante a visão de minha Elisa. Ela está deslumbrante num vestido justo até perto do joelho, abrindo-se numa cauda longa atrás. O corpo perfeitamente torneado e abraçado pelo tecido, movendo-se elegante em minha direção. Os belos cabelos em cachos numa cascata pelas costas e ombros. A maquiagem que enfatiza os olhos escuros, profundos e misteriosos. Sei que cada detalhe fixa-se em minha memória como a ferro em brasa, e levarei por toda a vida esta imagem querida e perfeita.

Entretanto, conforme se aproxima, noto algo que faz os pelos da minha nuca se arrepiarem. Uma troca de olhares entre ela e o pai, que a conduz. Um sorriso compartilhado entre si e simplesmente sei. Eles irão aprontar alguma, não seriam eles se tudo corresse normalmente. Quando ela para de caminhar, o jeito é me preparar.

- Papai, há algo errado – escuto e não sei se rio ou choro. Um burburinho agita os convidados, espero que alguém esteja filmando.

- Também acho, querida. Onde está o Juba de Leão? – ele pergunta, na maior cara de pau.

- Será que entramos na igreja errada? O noivo é bem bonito, não há dúvida, mas cadê meu Rapunzel? – fala fazendo bico, mas com a diversão brilhando em seus olhos.

Será que esta mulher não perdoa nem o próprio casamento? Onde está a noiva nervosa, tímida, emocionada? O que estou falando? É a Elisa, a garota que faz piada até quando é esfaqueada. E é por isto que eu a amo, por sua irreverência, por me manter sempre alerta e interessado, por ter sempre algo inusitado a me surpreender, por sua capacidade de rir em qualquer situação.

Desço os degraus aproximando-me, olhos fixos nos seus, coração transbordando de amor.

- Já se esqueceu, mocinha? Disse-me que eu seria o Rapunzel para sempre, mesmo que cortasse o cabelo. Não escapará de mim tão fácil – cumprimento seu pai, beijo sua testa e tomo sua mão, colocando-a na curva de meu braço.

- Eu lembro e é verdade. Mesmo que você fique careca, barrigudo, até desdentado, ainda assim te amarei, Douglas.

- Ainda que se divirta às minhas custas, me mate do coração de nervoso, ou faça piada em horas impróprias, sempre te amarei, Elisa.

O padre raspa a garganta para chamar nossa atenção, uma vez que nos perdemos em nos olhar. Ele tenta manter uma carranca sóbria, mas o canto dos lábios entrega seu riso. Caminhamos juntos até diante dele e a cerimônia inicia-se.

Confesso que não escuto muito do que ele fala, meu foco todo na mulher incrível ao meu lado. Só desvio minha atenção quando os gêmeos entram com as alianças, meus pequenos encantadores em seus trajes de gala. Os cumprimentos também são um borrão, com exceção do abraço de minha mãe e irmã. A festa, apesar de linda e repleta de pessoas que amo, não vejo a hora que acabe para que possa fugir. Ao contrário de minha esposa, que ri e conversa com todos, brilhando como só ela consegue. Enfim, digo que chega e arrasto minha mulher para o carro.

- Sua maluca, quase acaba sem marido – finjo reclamar assim que ficamos sozinhos.

- Por quê? Pensou em me abandonar no altar?

- Estava mais para viúva antes de casar, quase enfartei. Você não tem compaixão?

- Desculpa, mas não resisti. Era uma oportunidade muito boa para deixar passar – ela gargalha sem se conter.

- Você perde o marido, mas não perde a piada. Sorte sua que te amo.

- Para te reclamar e confessa que foi divertido – pede e tenho que concordar.

- Se queria um casamento inesquecível, conseguiu, entrou para a história – comento, já estacionando diante do hotel.

- Acha que exagerei? – pergunta mostrando o primeiro sinal de dúvida.

- Não, eu adorei. Iremos rir muito disto ainda – dou-lhe um beijo leve antes de sair para abrir sua porta.

Ao chegarmos em frente ao nosso quarto, lembro da tradição e pego-a no colo, surpreendendo-a.

- Enfim sós, não aguentava mais – digo ao coloca-a no chão já no interior do dormitório e tento capturar seus lábios num beijo faminto, mas ela se desvencilha.

- Onde foi parar o romantismo? Começou tão bem, mas depois desandou. Está pensando que porque colocou uma aliança já não precisa se esforçar mais? – ela pergunta com o dedo em riste.

- E o que queria que eu dissesse?

- Rapunzel, Rapunzel... O que seria melhor que E foram felizes para sempre?

- Mas este é o começo, não o fim. Tem que ser então Era uma vez...- tomo-a em meus braços, e desta vez ela não foge. Com um longo beijo, adentramos nesta nova fase de nossas vidas, rumo ao Felizes para sempre. 


Estou imensamente feliz em terminar mais uma obra e por ter vocês comigo ao longo das postagens. Esta história foi uma de minhas favoritas, pude explorar um pouco mais o lado cômico e gostei muito. Tenho consciência que ainda preciso de muito trabalho para melhorar minha escrita e a forma de contar histórias, mas cada capítulo é uma vitória para mim. Muito obrigada pelo apoio e incentivo, vocês me inspiram e motivam, me levam muito mais adiante do que poderia imaginar.

Deixarei a sinopse e link do próximo livro, Descubra-me. Por gentileza, continuem comigo nesta jornada. Estou aberta a sugestões e ideias, fiquem à vontade, adoro conhecer seus pensamentos e opiniões.

Sinopse

Como as bruxas nascem? Foram sempre más ou se transformaram? Será que suas histórias começam também com Era uma vez? É o que tentaremos descobrir.

Jéssica não é uma boa garota, sua mãe fez questão de a criar assim, impiedosa, fria, até cruel. Mas será que há algo de bom sob sua dureza? A criança gentil e meiga ainda existe em seu interior?

Paulo sempre se interessa por moças ingênuas, doces e indefesas, tem um lado protetor sempre pronto a se colocar a serviço. E Jéssica é tudo que ele menos admira.

Uma história sobre ver além das aparências, descobrir a beleza escondida e fazê-la desabrochar.

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Boa semana a todos e fiquem com Deus.



Desvende-me - Livro 2 (O Rapunzel)Onde histórias criam vida. Descubra agora