Capítulo 15

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POV Elisa

Madrugar não é exatamente meu esporte favorito, mas hoje acordo antes que o despertador toque, e nem foi porque caí da cama devido um sono agitado. Não ria! Vai dizer que nunca aconteceu com você?

Tomo um banho, escolho uma roupa confortável, afinal serão algumas horas de viagem de ida e de volta, mais o tempo da competição. Coloco uma troca numa mochila, pois do jeito que sou estabanada derrubar algo e me sujar toda não é impossível.

Desço e dou de cara com meus pais à minha espera, com mesa de café da manhã montada e tudo. Como não amar pessoas tão especiais?

- Não precisava, mamy. Nós combinamos de comer qualquer coisa na estrada – digo dando-lhe um abraço.

- Nem pensar, meu anjo. Faço questão que se alimentem bem. Vai saber a procedência dos alimentos nestes lugares desconhecidos? – ela não deixa de ter razão.

- Não vai querer que seu namorado tenha uma dor de barriga justo hoje, não é? – E lá está meu pai e suas gracinhas, nem amanheceu e ele já está a todo vapor. Só posso rir e dar-lhe um beijo.

- Vê se não fala isto na frente dele, por favor, "papis". Vamos tentar manter um pouco do mistério, da ilusão que o senhor é um sogro e não um moleque arteiro.

- Você é tão inocente, meu bem – minha mãe comenta rindo.

Meu celular apita e é Douglas dizendo que chegou. Vou ao seu encontro e conto da pequena surpresa, e ele parece comovido. Faz tempo que não tem um pai ou uma mãe para cuidarem dele. Tomamos nosso café reforçado, ganhamos uma sacola com um lanchinho para mais tarde, muitos beijos, piadinhas, desejos de boa sorte e recomendações.

O percurso é tranquilo, falamos de tudo e de nada, ouvimos músicas, cantamos, rimos. Quando percebo sua preocupação aflorar, falo logo alguma bobeira que o distrai. Ter namorada palhaça tem suas vantagens, eu sempre digo.

Enfim estacionamos nas imediações do estádio, após várias voltas sem rumo, muitos pedidos de informações e xingos à moça do GPS. Olho no relógio e são 11:05h, temos ainda tempo para um almoço tranquilo. Avisto um pequeno restaurante de comida mineira e caminhamos até ele. Está lotado, pelo visto muitos participantes tiveram a mesma ideia que nós. Com paciência, conseguimos uma refeição decente, porém noto que Douglas apenas remexe o prato, sem conseguir comer de fato.

- Precisa se alimentar, Rapunzel – comento e notamos um casal ao lado nos olhar esquisito.

- Amor, não podia ter me dado um apelido melhor? – ele pergunta rindo – Está acabando com minha reputação.

- Poderia ser pior, acredite – ele dá de ombros ainda sorrindo, sabe que é melhor não provocar a louca aqui. Toco sua mão sobre a mesa e ele suspira alto, sua mente claramente se perdendo de novo no nervosismo – Vai dar tudo certo, apenas cozinhe como sempre, com paixão, alegria.

Ele acena e tenta dar mais algumas garfadas, sem muito sucesso, e eu também perco o apetite. Deixamos o restaurante com tempo de folga, e nos dirigimos para o local informado. Muitas pessoas estão aglomeradas, o clima de expectativa é palpável, rostos suados e vermelhos, mãos trêmulas e a se retorcer, homens e mulheres a morder lábios e a andar de um lado para outro. Douglas se apresenta, recebendo um número de chamada, 113.

Ele mantem seus braços ao meu redor, como se a escorar-se em mim, a mochila e a bolsa térmica com os ingredientes ao seu lado. Após uma hora de espera, um homem bem vestido sobe num palanque e pede silêncio e é prontamente atendido.

- Sejam todos bem vindos. Meu nome é Moacir Nunes e falo pela organização do TopChef. Nesta tarde, faremos a primeira prova eliminatória para os pré-selecionados aqui presentes. Contaremos com a presença do renomado Chef francês Louis Arnaud e da talentosíssima Chef Serena Gutierrez, eles serão os jurados fixos do programa. O terceiro juiz de hoje será um convidado muito ilustre, de um dos mais famosos restaurantes paulistas, Pedro Mendes – percebo Douglas se retesar, tudo agora ainda mais real.

Desvende-me - Livro 2 (O Rapunzel)Onde histórias criam vida. Descubra agora