Desvende-me - Livro 2 (O Rapunzel)

Capítulo 9

A pedido de @JeyceRSP, segue mais um capítulo. Muito obrigada por deixar meu dia mais feliz com seus comentários e atenção, é muito bom saber que está gostando da minha história a ponto de pedir mais.

Um pequeno aviso: Quem ainda não assistiu Enrolados da Disney, talvez não entenda algumas referências, então o que acha que convidar alguma criança de sua família e passar alguns minutos divertidos e se atualizar?

POV Elisa

Incrível como senti a falta deles, nunca me conectei assim antes, já fazem parte de mim. O jeitinho meigo da Laís, as tentativas de conquista do Luís, a fragilidade que D. Sueli, a abnegação da Diana, tudo isto me envolve e não consigo prosseguir e deixá-los para trás. E quanto ao Douglas? O que posso dizer? Cada dia toma posse de uma parcela maior do meu coração, contudo ainda não estou disposta a depor as armas e me entregar.

O jantar é permeado de riso, a comida está divina, e eu me acostumaria facilmente se isto se tornasse uma rotina. Douglas não fala muito, se contenta em observar e sorrir. Nossos olhares se cruzam e fixam várias vezes. Bem clichê, eu sei, mas o amor não é assim? Pera aí, eu falei amor? Deleta e esquece, deve ser algo no tempero...

- Elisa, já terminou? Podemos ir para a sobremesa? – Laís pergunta remexendo de empolgação na cadeira. Eu até iria repetir, mas não consigo podar sua animação.

- Você disse sobremesa? Onde está? É minha parte favorita! – digo descansando meus talheres. Ela pula feliz e corre para a cozinha, enquanto nós adultos tiramos os pratos.

- Fomos nós que fizemos, quase sozinhos – Luís comenta quando a travessa apetitosa é colocada na mesa.

- Parece delicioso! Rápido, me sirvam logo que não aguento esperar – Faço todo um teatro ao provar, imitando uma apresentadora famosa, entrando debaixo do balcão da cozinha e gritando que soltem os cachorros. A alegria e contentamento deles são gratificantes.

Cuidamos da louça juntos, eu lavando, os pequenos secando e guardando, enquanto o irmão organiza a cozinha, as panelas e sobras. De repente, Douglas pega uma frigideira, aponta para si, levanta as sobrancelhas e sorri, e não entendo nada.

- Acho que perdi alguma coisa... – comento confusa.

- Como assim? Você que me deu o apelido – não consigo compreender do que ele está falando e devo estar com uma grande interrogação na cara.

- Rapunzel... Frigideira... – diante de minha total confusão, ele enfim me elucida – Enrolados, Elisa, a animação da Disney sobre a Rapunzel. Vai dizer que nunca assistiu? – pergunta pasmo.

- Sou da velha guarda, só assisti aos mais antigos. Estes mais novos não, olha o meu tamanho, já não tenho idade para assistir desenho – me defendo para ganhar um olhar horrorizado.

- Precisamos reparar esta falha imediatamente. Laís, coloque o filme. Luís, pegue as guloseimas. E eu, levo esta pobre idosa para a sessão cinema em casa – Puxa-me pela mão e deixo-me arrastar, entre impressionada e divertida.

Uma hora e meia depois, já tenho uma nova música favorita. Não acredito que perdi tanto tempo na vida achando que animações são apenas para crianças pequenas.

Os gêmeos dormiram cada um com a cabeça em uma perna minha, rendidos ao meu poderoso cafuné. Douglas pede que eu espere um pouco enquanto leva-os para o quarto, após meu beijo de boa noite. Olho para o relógio e já são 23h, meu pai dormiu há tempos e precisarei ir de táxi mesmo, não tenho coragem de acordá-lo, mesmo sabendo que ele não se importaria. Caço meu celular na bolsa, mas antes que eu consiga sequer desbloqueá-lo, sou surpreendida por sua voz.