POV Elisa
Ligo para minha mãe após conferir as crianças. Eles estão assistindo um desenho e vou até a varanda para falar com mais liberdade.
- Elisa? Menina, onde você está? Acha certo mandar uma mensagem pouca esclarecedora e sumir? – ela atende me atropelando com perguntas.
- Oi, bom dia para a senhora também – ouço-a bufar e sorrio - Desculpa não explicar direito, foi tão confuso e corrido.
- Conte-me tudo, e não economize detalhes – faço como pede, narrando desde o telefonema no elevador e escuto suas interjeições emocionadas – Que situação difícil. Pobre rapaz, parece carregar o mundo nos ombros.
- Sim, é minha impressão também, ele e a Diana. Estou até me sentindo culpada por julgá-lo tão mal.
- Quer dizer que agora não terei mais que ouvir você reclamando do Rapunzel Irritante ou do Juba de Leão Convencido? – ela não resiste a me provocar, mãe da onça.
- Engraçadinha, estou morrendo de rir aqui – rebato irônica apenas para escutar sua gargalhada.
- De qualquer forma, fez muito bem em ajudar. Estou orgulhosa de você, meu bem.
- Obrigada, mãe. Eu ligo mais tarde para avisar a que horas irei embora, ele saiu e não sei quanto tempo ficará fora. Até mais, beijos na ponta do nariz – desligo e entro para dar atenção aos pequenos.
Eles continuam em frente à TV, porém os rostos estão abatidos e olham sem ver.
- Nossa, acho que este dia friozinho está excelente para fazer uma grande toca. O que acham? – imediatamente eles se animam e começam a dar ideias.
- Podemos virar os sofás, igual o Douglas fez daquela vez, não é, Laís? – Luís diz já afastando o tapete.
- Isto, e depois colocamos os cobertores para ficar bem macio e fofinho – ela pega minha mão e me puxa até seu quarto, entregando-me uma montanha de edredons.
Ao terminar, a sala está irreconhecível, e tenho até medo de levar uma bronca quando o dono da casa chegar. Contudo, os gêmeos estão alegres e isto é o que importa. Tiramos muitas fotos, com caretas, com bichinhos de pelúcia, enrolados nas cobertas, com uma montanha de roupas sobrepostas, até parece que estamos acampando no gelo.
Douglas envia uma mensagem avisando que conversou com o médico e que a irmã está reagindo muito bem. Irá esperar a hora da visita e depois precisará passar na delegacia para deixar cópia dos documentos dela. Ainda não sabe direito o que aconteceu no acidente, causas, outras vítimas e tentará descobrir.
Almoçamos dentro da toca, tomando cuidado para não derrubar a comida e está tudo delicioso, ele tem realmente um dom para cozinhar. Levo a bandeja da D. Sueli e a ajudo a comer. É tão estranho vê-la assim, tem momentos que parece mais desperta, mas na maioria do tempo permanece apática, apenas obedecendo a comandos simples. É muito triste.
As crianças me ajudam com a louça, e a sala continua bagunçada, ainda renderá muitas horas de brincadeira. Laís pede meu celular emprestado para enviar uma foto deles na toca para o irmão e permito. Porém a malandrinha envia todas as que tiramos, inclusive as minhas. Morro de vergonha, mas não consigo apagar, pois ele já visualizou. Recebo carinhas rindo e uma mensagem que balança meu coração.
Rapunzel: Agora tenho material de chantagem. Se não sair comigo, divulgo estas fotos comprometedoras nas redes sociais.
Eu: Não cedo a extorsões e não tenho nada a esconder.
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Desvende-me - Livro 2 (O Rapunzel)
RomanceElisa, uma garota de muita personalidade, e com um propósito certo: não se envolver com rapazes lindos, disputados e fúteis. Já assistiu de camarote como é fácil cederem à tentação e não está disposta a ser enganada e humilhada por algum idiota com...