POV Elisa
Remexo a comida no prato, suspirando por um pouquinho de sal. Por qual motivo tem que ser tão insossa? Como querem que o paciente coma com apetite e se recupere logo se lhe dão algo tão sem sabor? Não dá para entender...
Afasto a bandeja, desistindo de engolir a sopa. Espero a enfermeira levar embora para atacar meu estoque de guloseimas contrabandeadas. Humm, que delícia! Este bolo de milho com queijo prato está divino, e as rosquinhas de nata desmancham na boca. É tão bom namorar um TopChef...
Ouço alguém bater e engulo rápido, limpando as migalhas da minha camisola. Abro um sorriso inocente quando o meu médico entra.
- Boa noite, Elisa. Como está? – ele pergunta e percebo seu olhar correndo por meu rosto e fico na dúvida se está me avaliando pela minha saúde ou se tenho algum farelo de bolo na bochecha.
- Estou ótima, doutor. Louca para ir embora. É hoje que me dá alta? – pergunto ansiosa.
- Vendo que está tão disposta ao ponto de comer escondido e rápida o bastante para esconder a maior parte das provas, penso que pode voltar para casa – ele sorri divertido. Tiro o pote de bolachas de debaixo do travesseiro e ofereço.
- Me pegou, doutor. Prove, está uma delícia – ele aceita e conversamos por alguns minutos, repassando os cuidados com o curativo e a necessidade de voltar para uma consulta daqui 5 dias.
- Passe apenas mais esta noite aqui para terminar a medicação e pela manhã estará liberada - Agradeço e ele sai. Logo inicia-se o horário de visitas e meus pais são os primeiros, como sempre.
- Como está minha princesa? – minha mãe me abraça, apertando-me além do normal, ainda não se recuperou do susto.
- Terei alta pela manhã. Não é ótimo? Não aguentava mais ficar trancada aqui.
- Acabou meu sossego... – meu pai diz desanimado, para sorrir em seguida. Me beija a testa e aperta a ponta do meu nariz, como fazia quando eu era pequena.
Carol e Alice são as próximas, a primeira zombando de mim por minha cara de doente e a outra me defendendo e sendo meiguinha como sempre. Cada uma amando da forma que sabe e sou grata por ter a oportunidade de tê-las na minha vida.
- Me matriculei em aulas de defesa pessoal, Elisa, acho que deveria fazer o mesmo. Já que não sabe esperar socorro e sempre tenta resolver tudo sozinha, pelo menos faça direito – minha irmã comenta e talvez seja melhor mesmo.
- Ainda acho que o correto é não reagir sem pensar, mas esperar ajuda. Olha o que aconteceu com a Elisa! – minha amiga diz toda certinha e recebe uma travesseirada da prima menor.
- Você é muito bobinha, Alice. Não dá para ficar esperando o príncipe encantado no cavalo branco para resolver todos os problemas não. Tem que ter mais atitude! - Carol fala empolgada, e se eu sou impetuosa, ela é muito mais. Dá até medo das encrencas em que pode se meter.
Diana e minha sogra também me visitam, D. Sueli se revelando uma segunda mãe. Ao se despedirem, peço para falar com minha cunhadinha um pouco a sós.
- Precisa de algo, Elisa? Em que posso ajudar? – sempre solícita, mal sabe ela que sou eu a querer auxiliá-la desta vez.
- Andei fazendo umas perguntinhas por aqui, assim como quem não quer nada. Descobri algumas informações sobre o Chung Ho – ela empalidece e cora em seguida, mas os olhinhos brilham esperançosos – Ele está mesmo no exterior, na Coréia do Sul para ser mais exata. É o segundo filho de um chaebol, não entendi direito o que significa, mas é algo como alguém rico e poderoso. As enfermeiras disseram que o pai não gostou muito dele querer estudar medicina, mas aceitou pois parte das empresas da família são da área farmacêutica.
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Desvende-me - Livro 2 (O Rapunzel)
RomanceElisa, uma garota de muita personalidade, e com um propósito certo: não se envolver com rapazes lindos, disputados e fúteis. Já assistiu de camarote como é fácil cederem à tentação e não está disposta a ser enganada e humilhada por algum idiota com...