Capítulo 15

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Mansão Müller                5:00 

Johnatan levantou cedo naquela manhã, assim como levantava todos os dias, deu um sorriso de alívio quando percebeu que ainda estava algemado à parede, se tivesse acordado na sala ou em um carro roubado saberia que estava ferrado.

Situações como acordar bêbado na rua eram normais no início, o demônio chegou a deslocar os dedos de John várias vezes após tomar o controle para fugir, Johnatan nunca conseguiu se lembrar do que fez naquelas noites tristes, as lembranças eram apenas flashes de cenas desconexas.

Ele caminhou até a cozinha, a sombra não havia acordado ainda, o que era bom. Ele havia mesmo quase tido uma overdose de comprimidos para dormir na noite passada.

O moreno encheu uma xícara de café e colocou leite, fez dois pães de forma com manteiga e os colocou na torradeira. O silêncio sem o ruído na sua cabeça era tão deliciosamente bom que ele sentiu um sorriso se abrir ainda maior em seu rosto quando a luz da madrugada — fornecida pelo horário — iluminou metade da mesa pelas janelas de vidro que davam para o jardim descuidado.

Permaneceu em silêncio durante todo o processo de comer o café da manhã, tinha medo de fazer qualquer movimento brusco ou barulho e acordar o monstro dentro dele.

Talvez os dias calmos estivessem voltando, depois do surto de raiva e ódio da semana. Lembrou-se rapidamente do dia sem ouvir quase nada do demônio dentro dele, estava com Beatrice no Fliperama.

"Talvez ele estivesse de divertindo também." — Johnatan pensou sorrindo mais e fechou os olhos, o corpo da ruiva dentro de sua cabeça, dançando em frente à um dos brinquedos e apontando para ele convencida. — "Ela ficou tão mais bonita sem os óculos, mas eu meio que sinto falta deles." — Ele sorriu, lembrando a mania que ela tinha de levantar a armação quando estava nervosa.

Ela era aquele tipo de pessoa que iluminava o lugar em que pisasse.

Johnatan sorriu mordendo os lábios e em seguida se levantando, andou até a pia e deixou a xícara de café no balcão. Decidiu não se martirizar por fazer ela chorar no penúltimo encontro deles.

John olhou no relógio de parede e percebeu que já eram 6:30 da manhã, o sol agora iluminava a cozinha com um brilho dourado.

Residência da família Dias

A ruiva acordou desesperada com o som do alarme e correu em direção ao banheiro, assim que se olhou no espelho fez uma careta, haviam olheiras debaixo dos seus olhos e seu cabelo parecia um ninho de galinha. Decidiu que não iria penteá-lo, ao invés disso fez um coque alto e voltou para o quarto.

Colocou a calça jeans folgada e o cinto, teve trabalho em passar por uma blusa preta curta e por cima vestiu um casaco leve cor de rosa.

Só quando encarou o corredor e viu tudo embaçado foi que a garota lembrou nervosa que teria que passar outro dia enxergando quase nada.

— Panquecas! — Marco gritou assim que viu a menina descendo correndo as escadas e por um milagre não tropeçando em um de seus sapatos sociais. — Cuidado menina.

— Não acredito que fez panquecas. — Bia sorriu se sentando sobre um banco que o pai havia arrastado para perto da bancada. Ela encarou o prato cheio de panquecas e morangos e sentiu água na boca quando seu pai derramou o mel sobre as massas. — Já disse que te amo hoje?

— Ainda não. — Marco deu uma risada e voltou sua atenção para o fogão, desligando o fogo debaixo da frigideira. — Você quer uma xícara de café? — Ele perguntou enquanto encarava Beatrice devorar as panquecas com um apetite voraz. Monstrinho lindo o que ele criara.

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