Ele sorriu involuntariamente e as lágrimas escorreram pelo seu rosto. De repente ele não conseguiu mais segurar, porque ela estava de volta, e o som da voz dela dizendo seu nome era tão inocentemente lindo que a única coisa que ele sentiu foi felicidade. Não se lembrava a última vez que havia sentido isso de verdade.
— Merda, ruiva. — Ele se levantou, colocando as mãos atrás do pescoço e depois limpando os olhos com as costas da mão direita. Ele se aproximou da cama receosamente. A garota encarou as lágrimas no rosto do rapaz, impressionada.
— O que você está fazendo aqui? — Beatrice perguntou curiosa, encarando as covinhas adoráveis no rosto de John, segurando o impulso que teve de tocá-las.
John respirou fundo, não conseguia fazer nada além de sorrir e olhar pra ela. Teve que se esforçar ao máximo pra responder.
— Eu te achei. — John sentou na beirada da cama, o movimento foi tão natural que ele só percebeu o que estava fazendo quando sua mão estava tocando a bochecha agora corada da ruiva. — Eu sempre vou te achar.
A garota arregalou os olhos e prestou atenção em como os olhos de John estavam verdes e felizes, o sorriso em seu rosto encolhendo as covinhas em sua bochecha. Beatrice sentiu as lágrimas virem e chorou, fechando os olhos enquanto aproveitava o carinho de John sobre sua pele, os calos dos dedos dele fazendo cócegas na bochecha dela.
— Obrigada. — Ela sussurrou, sentindo sua voz falhar pela presença dele.
— Como assim você achou ela? Eu que achei minha garota! — Rio gritou e a ruiva abriu os olhos, encontrando a índia com algumas sacolas brancas nos braços. Johnatan se afastou da cama e Bia gemeu chateada, não queria que ele fosse embora.
A morena se aproximou entregando a comida para John e ele sorriu, indo em direção à mesa no canto onde Marco estava. O homem já havia acordado, estava encarando Beatrice cheio de lágrimas nos olhos.
— Só porque eu fui pegar nossa janta, você já se aproveita né Don Juan? — Rio deu língua em direção à John e ele riu em resposta enquanto tirava as marmitas e as colocava em cima da mesa. Rio se aproximou da cama e segurou o rosto de Beatrice, beijando sua testa. — Primeiro: Nunca mais me assuste desse jeito garota, segundo: Nós vamos pegar aquela vagabunda.
Beatrice deu uma risada alta em direção à índia e fez menção de um abraço, mas sentiu uma pontada em seu ombro.
— Sua mãe está vindo. — A voz de Marco soou extremamente triste quando ele se levantou e o espaço de Rio foi cedido para ele. — Eu sei que você não ia querer que ela parasse a pesquisa, mas ela já está em um avião vindo para cá. — Beatrice deu um suspiro irritada mas relevou, eles tinhas todo o direito de ficarem preocupados, ela só não gostava da ideia. Marco acariciou os cabelos de sua filha como fazia quando ela era pequena e sorriu triste. — Desculpe não ter atendido as ligações à tempo, eu estava naquela maldita reunião e só consegui ver tudo quando fizemos uma pausa, eu sinto muito amor-
— Pai. — Beatrice interrompeu, dando um sorriso. — Está tudo bem. Não foi sua culpa.
Marco balançou a cabeça concordando, mas no fundo sabia que era sim sua culpa por não ter prestado atenção na sequência de acontecimentos, a ideia de Beatrice sofrer bullying parecia algo tão distante mas ali estava sua garota: Deitada sobre uma cama de hospital por causa de outra garota e ele não fazia ideia de como resolver a situação.
— Eu já posso ir pra casa? — A ruiva perguntou e um longo segundo de silêncio perdurou quando todos se entreolharam antes de olhar pra ela de volta. — o que? Eu vou ter que ficar aqui?
— E como você espera sair daqui enquanto nem consegue mexer seu ombro? — John respondeu rapidamente, tirando a tampa prateada das marmitas. — Acorda Alice.
Marco deu uma arfada em direção à John, visivelmente incomodado com o tom na voz do rapaz. Mas o tom não incomodava Beatrice, ela havia percebido que talvez aquele era o tom de piada do moreno.
— Você sabe como soa babaca ás vezes? — Rio perguntou revirando os olhos e Johnatan riu.
— Eu sei. — John se sentou sobre o banco de couro com a marmita em mãos, encarando Beatrice e em seguida Marco. — Mas é na melhor das intenções.
Beatrice revirou os olhos e estendeu a mão direita em direção às marmitas, ela não iria comer a comida sem gosto do hospital.
[...]
— Rio, você ligou pro seu pai? Uma jovem desaparecida foi o suficiente por hoje. — Marco perguntou dando uma garfada de plástico no arroz, a índia concordou balançando a cabeça positivamente. — Tudo bem. E você garoto, seus pais sabem que você está aqui? — Marco continuou e Rio e Beatrice pararam de comer imediatamente.
Johnatan bebeu alguns goles da Coca-Cola que segurava.
— Eles não estão mais por aqui. — John respondeu, a expressão impassível em seu rosto, quase entediada. O demônio fazia barulhos desconexos dentro de sua cabeça. — Mas tudo bem, eu já tenho 19. — Ele sorriu por um breve momento e voltou sua atenção para a comida que segurava.
Marco ficou sem entender — Talvez os pais dele tivessem viajado? — mas preferiu deixar o assunto morrer ali, de qualquer forma o garoto não parecia ser alguém que necessitava de cuidados. Marco provavelmente foi de onde Beatrice puxou a lerdeza.
— Tudo bem, eu tenho que ir buscar Vitória no aeroporto. Tudo bem pra vocês dois ficarem aqui e cuidarem dela pra mim? — Marco se levantou, jogando a embalagem plástica no lixo e encarando os três jovens em sequência.
John e Rio concordaram balançando a cabeça positivamente.
— pode deixar tio. — Rio falou dando um abraço em Marco.
— Tudo bem pai, pode ir. Vou estar bem aqui quando vocês voltarem. — A ruiva sorriu, Marco sorriu em resposta e saiu do quarto, deixando apenas os jovens.
Rio colocou a cabeça para fora da porta no corredor para observar se Marco havia saído e suspirou aliviada, voltando sua atenção para a ruiva machucada sobre a cama. John encarou Rio sem entender. O fato é que a índia sabia que os dois precisavam de um tempo sozinhos.
— O negócio é o seguinte, eu sei que você quer um daqueles sorvetes da cantina, mas o máximo que vou te trazer é um chocolate. — Ela disse convencida em direção à Beatrice e a mesma concordou com uma risada quando a índia saiu correndo pelo corredor e foi repreendida por uma enfermeira.
O sorriso de Beatrice foi sumindo até sobrar uma linha fina quando ela virou o rosto em direção ao rapaz que estava sentado sobre o banco, agora procurando qualquer coisa no celular. A ruiva deu um suspiro de irritação quando viu que ele estava colocando um fone de ouvido. Ele não queria conversar com ela, depois de todas aquelas demonstrações de afeto?
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Ruído
RomantizmJohnatan escuta uma voz em sua cabeça, maligna, um demônio. Beatrice tem medo de quem derruba seus livros todos os dias. Duas vidas cheias de ruído, como uma televisão fora do ar. Talvez juntos eles finalmente sintonizem.