Capítulo 24

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Beatrice sentiu que seus pés se moviam de forma lenta demais no corredor quando passaram pela primeira porta branca. Johnatan segurou a maçaneta e Beatrice puxou seu braço, sentindo o pânico secar sua garganta.

— Meu quarto é na próxima porta.

John olhou mais uma vez para a porta com figurinhas de flores antes de voltar a andar pelo corredor, dessa vez atrás da garota. Ela segurou a maçaneta dourada e abriu a porta, fazendo uma reverência para que John entrasse primeiro.

Assim que o moreno entrou não conseguiu prender um sorriso, era exatamente como ele havia imaginado.

Jonathan passou os dedos por um quadro na parede e sentiu a textura da tinta óleo construir prédios em diferentes tons de cinza. O quarto de Beatrice era em um tom claro de salmão e as paredes estavam cobertas de desenhos e rascunhos. Havia uma cama com dezenas de bichos de pelúcia, uma escrivaninha e uma cômoda, ambas brancas.

— Você pintou isso? — O moreno perguntou impressionado, na escrivaninha havia muitos lápis de cor e tintas, além disso muitos pincéis e espátulas quais ele não fazia ideia de para o quê servia. — Eu não sabia que você pintava.

— Sim, a cidade foi ano passado. — Beatrice respondeu timidamente, o quarto era um lugar qual apenas Rio havia entrado durante toda a sua vida e de repente ela se sentiu insegura em relação aos seus desenhos na parede. Agora que ele estava ali olhando, tudo que ela conseguia sentir era vergonha. — E bem, tem um monte de coisas que eu não sei sobre você também.

John ignorou.

— O que você acha? — A garota perguntou, insegura.

O moreno se virou.

— É linda. — Johnatan sorriu, se referindo à cidade mas também à garota na sua frente. As bochechas da ruiva coraram em resposta.

— John, nós precisamos falar sobre o que aconteceu no hospital. — A ruiva disse olhando para baixo, logo em seguida seus olhos se ergueram para a expressão no rosto de Johnatan, era impressionante como ele podia mudar de suave para tenso em poucos segundos. Sua mandíbula se enrijeceu e ele se sentou sobre a cadeira ao lado da mesa.

— Eu sei. — Ele respondeu brevemente e encarou os próprios dedos. — Eu não tinha direito nenhum de gritar com você, mas não retiro nada do que eu disse.

Beatrice sentiu uma pitada de indignação e cruzou os braços.

— Eu sei que eu sou covarde, mas você acha mesmo que tinha que falar isso pra mim daquele jeito?

— Eu tinha. — John sorriu e Beatrice o encarou, sem encontrar a graça. Ele olhou para as próprias mãos novamente e cerrou o punho ao perceber que as mesmas tremiam.

— Isso é você sendo hipócrita? Porque eu não gosto nada da visão. — A ruiva disse e John finalmente olhou pra cima, encarando-a sem entender. — Você está sempre com medo.

John franziu as sobrancelhas, frustrado com a realização. 

— Eu.... —Jonathan começou mas foi interrompido.

— Você está sempre me afastando, não importa o que eu faça. — Beatrice suspirou. — Pode até jogar na minha cara que e tenho medo daquela vaca e dos monstrinhos dela, mas nunca vai poder dizer que eu sinto o mesmo por você. — A ruiva parou para respirar e analisar a expressão no rosto do moreno, era uma mistura de confusão com surpresa. — Então me diz John, por que você tem tanto medo de mim?

John abriu a boca para responder mas logo em seguida a fechou, impressionado. Porque ela tinha razão. Seus olhos se fecharam, a cicatriz se encolheu e as covinhas apareceram em suas bochechas quando um sorriso se formou.

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