— Mãe.... Mãe, meu ombro. — Beatrice sentiu um desconforto quando Vitória a abraçou com força, eram apenas alguns meses mas pareciam anos que elas não se viam.
— Ah, desculpa amor. — Vitória disse, os olhos cheios de lágrimas e um sorriso enorme estampando seu rosto.
— Trouxe seu chocolate. — Rio entregou a embalagem já aberta pra amiga, um pedaço faltando pois ela havia comido no corredor. — Que briga foi aquela? — a índia murmurou a última parte apenas para que a ruiva ouvisse e a mesma negou com a cabeça, estava tentando não pensar nas palavras ditas por John.
— Eu não acredito que você precisou vir parar no hospital para que eu voltasse para casa. — Vitória falou arrependida, desejava ter chegado mais cedo, ou ter estado ali de alguma maneira. — Obrigada por encontrar ela, Rio. — A mulher alta e magra deu um abraço caloroso na índia que ficou envergonhada.
— Não foi só ela. — Marco disse enquanto jogava os sacos plásticos da comida que haviam comprado no lixo. — O garoto também ajudou, ele acabou de ir embora.
— Por que ele foi embora? — Vitória perguntou e a ruiva fez um meneio com a cabeça, não fazia ideia do que responder mas decidiu ser sincera sobre o que quer que fosse aquilo que estava acontecendo entre eles dois.
— Nós tivemos uma briga. — A ruiva murmurou, ainda irritada com o fato de que John estava certo na maior parte do que falara mas que também estava sendo um hipócrita sem deixar que ela respondesse.
— Aqueles gritos vieram daqui? Ouvi alguma coisa do corredor mas não achei que viesse desse quarto. — Vitória continuou, impressionada. De repente sua expressão ficou muito mais séria do que antes. — Ele te machucou?
Beatrice respirou fundo, assustada com a possibilidade.
— Não mãe, Johnatan nunca faria isso. — Beatrice respondeu, sabendo que essa não era bem a verdade. John nunca faria isso, mas e o outro? — Ele só estava preocupado comigo, foi só.
— Oh, é aquele Johnatan? — Vitória respondeu, lembrando-se de repente da conversa que tivera com a filha pelo telefone, Beatrice havia afalado alguma coisa sobre o rapaz. — O do trabalho de filosofia?
— Sim.
— Se ele te ajudou, eu gostaria de falar com ele. — Vitória deixou a bolsa sobre o banco de couro e encarou Beatrice com um olhar preocupado.
— Ele deve ter ido embora. — A ruiva disse chateada e olhou para os próprios dedos, como ele podia achar que era culpa dela aquilo? Ele estava agindo como um babaca egoísta e ela era obrigada a concordar? Não. Ele também corria na direção do perigo, a única coisa diferente entre eles dois era que Johnatan fingia evitar aquilo.
Quem ele está pensando que é? — Dias pensou irritada, queria dar uns bons gritos na cara dele.
O médico chegou apenas três minutos depois com uma prancheta em mãos, Beatrice ia precisar ficar em observação durante o dia seguinte por conta do impacto que as cadeiras tiveram sobre seu ombro e para dar uma olhada no ferimento em sua cabeça, se não havia ocorrido nenhum trauma.
A ruiva suspirou, odiava o cheiro do hospital, odiava como tudo era estupidamente branco.
[...]
Jonathan estava dentro do elevador, bebendo a maior quantidade de álcool que podia dado o tamanho da garrafa que comprara em uma loja de conveniência fora do hospital. Estava irritado, ele havia falado algumas coisas para Beatrice, e a expressão brava dela não saiu de sua mente, era a primeira vez que ele via algo do tipo.
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Ruído
RomanceJohnatan escuta uma voz em sua cabeça, maligna, um demônio. Beatrice tem medo de quem derruba seus livros todos os dias. Duas vidas cheias de ruído, como uma televisão fora do ar. Talvez juntos eles finalmente sintonizem.