Rua da Escola Estadual 22:34
— Eu não acho que isso é uma boa ideia. — Beatrice falou prendendo os cabelos em um coque.
Jonathan suspirou cansado, depois do café da manhã ele havia ido trabalhar, Bianca ficou preocupada com os machucados em suas mãos e disse para que ele tomasse cuidado. John concordou, embora a última coisa que ele fosse fazer no resto daquele dia era tomar cuidado. A euforia da vingança queimava nas veias dele e de Rio.
Agora os três estavam sentados na calçada em frente à escola, a casa da loira ficava à apenas duas quadras dali. Johnatan segurava uma sacola com tudo o que havia comprado no mercado cerca de meia-hora antes, não se arriscaria comprar aquelas coisas no posto e deixar Bianca ainda mais preocupada.
— Não vou deixar você voltar pra casa sem uma retaliação contra aquela piranha. — Rio falou na direção da ruiva, a expressão dela era com certeza a mais determinada entre os três. John estava se divertindo e isso era evidente pela risada que ele soltava sempre que a índia xingava a loira com um palavrão diferente.
— Eu disse que não ia agir como ela e agora é exatamente o que nós estamos prestes a fazer. — Beatrice disse emburrando e Müller revirou os olhos. Ela encarou o moreno que estava com a postura cansada, nenhum dos dois tinha falado nenhuma palavra sobre o que acontecera naquela manhã dentro do quarto.
Agora toda vez que Johnatan a encarava ela sentia seu coração disparar loucamente, uma necessidade crescia dentro dela lentamente e a ruiva não fazia ideia de como explicar o sentimento. Por que diabos ela disse para o rapaz que eles eram apenas amigos? Definitivamente não era isso que ela queria ser com ele. E o que ela queria fazer com ele com certeza não se encaixava em uma relação de amizade.
— Lá vem a moral e os bons costumes. — Ele disse em resposta à ruiva e a mesma lhe lançou um olhar semicerrado cheio de indignação. — Não adianta me olhar assim, você sabe que eu tenho razão nisso.
— Você sempre tem razão não é? — A ruiva retrucou e Johnatan colocou as mãos em frente ao corpo, se defendendo.
— É um dom, não consigo evitar.
— Não consegue evitar ser um babaca também. — Beatrice disse baixo, como se ninguém pudesse ouvir naquela rua silenciosa. John estava pronto pra responder quando Rio deu um muxoxo.
— Jesus, arrumem logo uma cama. — Ele revirou os olhos e John deu uma risada, a ruiva apenas permaneceu calada, o peito apertando.
— O fato é que nós não temos plano nenhum. Só um monte de papel higiênico e tinta. — Beatrice disse depois de alguns segundos de silêncio enquanto Rio encarava o celular.
— Não precisa de plano pra pichar a casa dela e jogar papel higiênico em tudo. — Rio disse rindo e John balançou a cabeça negativamente enquanto ria.
— Eu me recuso a fazer algo tão infantil. — A ruiva se levantou. — Além do mais, eu estou só com um braço disponível, só vou atrapalhar a brincadeira de vocês.
Quando a garota ia começar a caminhar de volta na direção de sua casa Müller segurou a perna dela, impedindo-a de andar.
— Se você fizer isso eu fico te devendo uma. — A ruiva mudou de expressão imediatamente, curiosa com a proposta. Rio encarou os dois sem fazer ideia do que estava rolando ali. — Eu faço o que você quiser se você vier com a gente, só hoje ruiva.
Bia suspirou se sentando, John sabia que quando a chamava pelo apelido a mesma não conseguia negar nada do que ele pedisse. E ele tinha razão, o apelido deixava a garota envergonhada o bastante pra concordar com qualquer coisa, mas o que ela mais havia levado em consideração ali era o "Eu faço o que você quiser."
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Ruído
RomansaJohnatan escuta uma voz em sua cabeça, maligna, um demônio. Beatrice tem medo de quem derruba seus livros todos os dias. Duas vidas cheias de ruído, como uma televisão fora do ar. Talvez juntos eles finalmente sintonizem.