O Cavaleiro da Árvore que Ri

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– Este tal cavaleiro é um dos meus muitos inimigos! – Rei Aerys rugiu, enquanto balançava impacientemente a cabeça – Querem destruir o Dragão, mas jamais irão conseguir! Queimarei todos antes que tentem. Sentado em um grande trono de madeira escura, com dragões entalhados em detalhes, dentro de sua magnífica tenda vermelha que assumia um tom sangrento com a luz solar refletindo no tecido, o rei ordenou a seus guardas que convocassem Rhaegar, seu filho e herdeiro.

- Aqui estou, meu rei. – o Dragão usava uma armadura cor índigo, ornamentada com os três dragões de sua casa em um vermelho vivo, e uma capa que ressonava com o vento que invadia a tenda ao entrar. Rhaegar fez uma reverência e ajoelhou em frente o rei para ouvir suas instruções.

- Encontre este Cavaleiro da Árvore até o fim do torneio, ele é inimigo de nossa casa e não ficará impune. Mate-o assim que o vir. Não. Traga-o até mim. Irei queimá-lo com o fogo de Dragão, deixarei-o em pó e cinzas!

- Como meu rei comanda. – Rhaegar assentiu com a cabeça, se levantou e saiu da tenda. Sua relação com o pai sempre foi instável, mas a loucura tomou o rei Aegon II mais forte do que antes, e o príncipe não sabia o que fazer. Não sabia quando era o pai que o chamava, o se era o rei implacável com frenesis. Decidiu que iria acatar as ordens do rei pois não queria confusão naquele momento. Seus planos eram outros.

Procuraram por três dias de torneio, sem sucesso. Enquanto o príncipe lutava em justas, a Guarda Real assumia o trabalho. Ao entardecer do quarto dia, Rhaegar se reuniu com Sor Arthur Dayne e o mais novo membro da guarda real, o jovem Lannister, para investigar os rumores de que avistaram o tal Cavaleiro da Árvore dentro da floresta próxima ao acampamento. Adentravam por ela, quando Rhaegar avistou algo.

– Dayne, fique de vigia por entre essas duas árvores – Rhaegar apontou – Você, Lannister, fique perto daquela, do lado oposto ao de Dayne.

- Desculpe-me senhor, mas isso é realmente necessário? Não vimos ou ouvimos nada. – Apenas faça o que o príncipe te pede, garoto. – Arthur Dayne disse, em um tom sério. Rhaegar virou-se para o jovem Lannister, com o rosto imóvel e os olhos púrpuros brilhando como fogo roxo. – Ouça o sor Dayne, Jaime.

Jaime Lannister percebeu que o príncipe não desejava a companhia dele ou de Dayne, mas permitiu-se ficar calado e obedeceu às ordens.

Os cavaleiros seguiram para seus lugares, enquanto Rhaegar adentrava cada vez mais pela floresta, seguindo o som que apenas ele ouvira. Era o som de metal de armadura, e o tom de uma voz feminina.

- Então a dama quer ser um cavaleiro. Devo me preocupar? – a jovem levantou-se em um sobressalto, agarrando rapidamente a espada com as duas mãos enquanto apontava-a para o príncipe. A menina usava uma velha túnica de linho, e tentava se livrar das grandes botas que tirava com os pés, afastando a armadura com o desenho de uma árvore risonha, que denunciava sua identidade.

- O que faz aqui, meu senhor Rhaegar? Não deveria estar ganhando alguma uma justa?

- O rei Aerys II, manda ordens de levar o Cavaleiro da Árvore para receber a justiça Targaryen, pois considera-o inimigo da coroa. Mas, não encontrei cavalheiro algum por aqui, apenas uma bela dama, Lyanna Stark. – Rhaegar sorria o olhar.

A jovem de olhos cinzentos e rosto longo e imóvel o encarava com um certo divertimento e mantinha uma expressão sarcástica, mas nem por um segundo a mulher abaixou a espada. Rhaegar simpatizara por ela desde que a viu, no primeiro dia do torneio, entre os irmãos. Possuía de fato uma beleza nortenha única, e mesmo naquele momento, com cabelos desgrenhados e dentro de uma túnica, parecia estonteante.

- Não irá contar ao Rei? – Lyanna pensou que talvez poderia sair da guarda, mas não quis arriscar. Não atacaria o príncipe, talvez. Contudo, preferiu manter a espada na mão. Tentou enxergar alguma benevolência nos olhos do príncipe, mas nada viu além do púrpuro.

- Se a dama assim o desejar, não contarei. – Rhaegar disse com um meio sorriso no rosto, - Posso? – se aproximou da mulher, abaixando com cuidado para pegar a armadura jogada por entre lama e folhas. Lyanna consentiu com a cabeça e afastou a espada de perto do príncipe. Rhaegar sorriu ao observar mais de perto o desenho na armadura. – Quero que vá embora daqui, e deixe todo o resto onde está. Volte para a sua tenda, minha dama.

Rhaegar não esperou a resposta da jovem. Sem dizer mais nenhuma palavra, dando meia-volta com o calcanhar, retornou para o local onde encontraria os seus guardas.

- Venham! Encontrei algo interessante. – Rhaegar disse, balançando a armadura no ar.

Dayne e Lannister seguiram o príncipe, e encontraram apenas peças de metal, e um par de botas perto de uma árvore.

- Parece-me que tenho más notícias para entregar ao rei. – Rhaegar disse.

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