- Ele vai nos executar. – A voz de Sor Arthur Dayne ecoou pela sua cela escura na masmorra. Ainda usava a armadura branca e dourada da Guarda Real, que começava a sujar aqui e ali.
- Não vai. Estamos em guerra, e ele precisa de nós para reunir o exército. Sor Gerald é Senhor Comandante, ele não pode fazer muito sem três de sua guarda. Sinto muito por tê-los arrastado para isso. – Rhaegar respondeu, da cela ao lado. Saíra de Dorne fazia quinze dias, deixando Lyanna com uma dornesa aia muda de nascença; cuidaria da jovem, mas jamais diria uma palavra para ninguém. Rhaegar mal pisara em Porto Real e a Patrulha da cidade o levou para a Fortaleza, junto com Arthur Dayne, Oswell Whent e Gerold Hightower. Pensou que encontraria o pai na Sala do Trono, mas ele deu a ordem para que os levassem na masmorra. Lá, o carcereiro pediu desculpas e disse que era uma ordem do rei. Rhaegar concordou e deixou que os prendessem ali. Tinha a certeza de que o pai não faria nada.
- Ele usará Sor Barristan. Há outros homens para isso, meu príncipe. E servimos ao senhor agora, não há por que se desculpar. – Sor Gerald respondeu, da cela à frente.
- Sor Oswell, não dirá nada? – Arthur Dayne perguntou.
- Estou treinando. Para quando arrancarem a minha língua com ferro quente. Se o príncipe-herdeiro está em uma cela, quem sou eu para suplicar algo.
- Aerys deve estar ouvindo seus conselheiros, não deixarão que chegue ao ponto de um herdeiro e homens da guarda perderem a língua. Não fizemos nada de errado, ainda. Não se preocupem. – O príncipe disse.
Ouviram o som de uma porta se arrastando, passos pesados e chaves. Não sabiam se já era noite, mas como foram levados pela manhã, acreditaram que o sol não podia ter se posto.
- Sor Arthur. Sor Oswell. Sor Gerald. Meu príncipe. O Rei Aerys os liberta, ordenando que sejam levados para o salão do Pequeno Conselho – Era Sor Lewyn Martell que falava, aguardando o carcereiro abrir as celas para escolta-los até o rei.
Aerys sentava-se no centro da grande mesa do salão, com Varys em pé, ao seu lado e o Meistre Pycelle, encolhido na sua poltrona.
- Meu príncipe. – Varys fez uma exagerada reverência. – Guarda Real. É bom vê-los bem, novamente. Com o tempo de guerra e rebeliões que estamos vivendo, a preocupação é constante.
- Poupe-os do cortejo, Aranha. Robert Baratheon foi derrotado em Vaufreixo e fugiu. Deveria puni-los por desaparecerem e voltarem de repente, sem explicações, deveria queimá-los, mas preciso de homens. E você, Rhaegar, irá liderar o exército. Não despareça dessa vez, e mate esse maldito traidor. – Aerys disse, com desprezo.
- As suas ordens, meu rei. – Rhaegar assentiu. O príncipe possuía muitos assuntos para tratar, e tinha que acalmar a mente de Aerys de algum modo. Rhaegar precisava pedir favores a um meistre, um velho amigo, e deveria ver Elia; Não falava com a esposa desde que descobrira que estava grávida, e precisava desmentir os rumores que os assombravam, mesmo sabendo o quanto eles eram mais verdades do que mentiras. – Sei que não estou em condições de lhe pedir nada, mas, peço que deixe que Elia e as crianças vá para Dorne, a fim de ficarem seguras e longe da guerra, caso chegue aos pés da fortaleza. Robert parece ter um exército numeroso e nós teríamos que...
- Elia é a garantia de que os Martell não irão passar para o lado dos rebeldes. Ela ficará aqui, até Doran ceder os soldados que lhe pedi.
- Mas, meu rei a Casa...
- Assunto encerrado. Sor Jaime – Aerys gritou, e a porta atrás de Rhaegar se abriu.
- E Lyanna Stark? – Rhaegar se aproximou da mesa, com Aerys parando enquanto se levantava para sair. – Executou o pai e o irmão, e pretende fazer o mesmo com o outro irmão e seu prometido. Tem ordens para matá-la também? Caso a encontrem.
O Rei Aerys fez um barulho desagradável, que pareceu ser uma risada. – Príncipe tolo, acha que não sei? Que não sei como é?
- Meu rei? Não compreendo.
Uma risada pigarreada saiu da garganta de Aerys. Varys observava com desconfiança, e Pycelle parecia não estar na sala.
- Faça o que quiser com ela, depois não diga que não fui bom com você. Irei poupá-la. – O rei saiu em direção a porta. Pycelle saiu logo em seguida, fazendo uma reverência cansada. Varys foi o último, deixando os mantos brancos e Rhaegar sozinhos no salão.
- Sairão comigo de Porto Real para encontrar com o exército rebelde, - O príncipe começou a dizer para os três homens – mas irão para Dorne. Preciso que protejam a Torre, não posso deixa-la somente com a aia, naquele estado. E Robert a mataria se a encontrasse, se soubesse...
- Às suas ordens, meu príncipe. – Sor Arthur Dayne disse, e Sor Oswell e Gerold assentiram em seguida.
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Falsa Primavera
FanfictionPor anos, os westerosi sussurraram sobre os mistérios que cercam os eventos do Torneio de Harrenhal e suas implicações. Mas, principalmente, sussurraram sobre o rapto de Lyanna Stark, ou fuga, dependendo de quem fala. Contaram incertezas e meias ver...