Falsa Primavera

O Sol de Dorne

- Onde está meu bebê? Onde está meu Aegon? – Elia disse em uma voz fraca e delicada, observando o olhar do meistre. A princesa estava deitada em uma grande cama de penas e travesseiros de variadas cores a cercava. Usava um roupão laranja-amarelado, que combinava com a cor de sua pele, e seu rosto demonstrava cansaço, mesmo depois de dormir por mais de dois dias seguidos por causa do parto. Luzes da claridade lá fora entravam em tom alaranjado através das cortinas. – Ele está bem? – sua voz estava se transformando em um choramingo.

- Como sabe que é ele, minha senhora? – O meistre perguntou, curioso. – E já havia dado um nome...

- As mães sempre sabem. – Elia se limitou a dizer, mas na verdade não tinha tanta certeza. Rhaegar lhe dissera, e ela pensou que estava correto, ou queria acreditar que estava: daria à luz a um menino, e seu nome seria Aegon, (e ele já tem uma canção, é a do Príncipe que Foi Prometido.) – Ele está bem? Por favor, me diga, sinto que morrerei se não me disser...

- Está bem. É um garotinho um tanto saudável, com bochechas rosadas e o cabelo alvo dos Targaryen. Ganhou as características do pai...

Elia sentiu o coração aliviar, e seu corpo ficou mais leve. Inspirou ar e o deixou passar pelos pulmões, e sentiu que lágrimas escorriam dos seus olhos.

- Posso vê-lo agora?

- Claro que pode. – Foi Oberyn Martell, seu irmão, que falou enquanto entrava no quarto segurando o pequeno Aegon nos braços, e o bebê parecia um filhote de pássaro nos grandes braços do tio e enrolado em um cobertor. Elia apenas viu os finos fios platinados de seu cabelinho e sentiu mais lágrimas escorrendo, não podendo evitar se sentir feliz depois de uma gravidez tão difícil, depois da Rebelião, da morte de Rhaegar, do pesadelo que aconteceu dentro da Fortaleza e o fato dela estar em Dorne novamente, segura, com seus filhos e sua família. Tinha a sensação de que isso não duraria – não dava para durar – pois Oberyn segurava o herdeiro de Rhaegar, e até onde eles sabiam, Robert estava vivo e sua guerra contra a Casa Targaryen lhe favoreceu. Mas, naquele momento, nada mais importava e ela sorriu de felicidade, e Oberyn lhe devolveu o sorriso, enquanto colocava o pequeno Aegon em seus braços.