Que ela não esteja m... Deuses! Não consigo nem pensar! Que não esteja morta, por favor Deuses Antigos, que Lyanna Stark, minha irmã, esteja naquela torre e respirando. Que ela esteja lá! Já levaram pai e Brandon, não leve ela também ou eu juro pela minha honra que
Eddard Stark parou o cavalo bruscamente quando viu as montanhas vermelhas. Martyn Cassel, Theo Will, Ethan Glover, Sor Mark Ryswell, Lorde Dustin e Howland Reed fazem o mesmo atrás dele. A Torre – que Rhaegar chamava "da Alegria", – despontava embaixo de um céu azul sem nuvens. Ned suava bastante dentro da armadura e os fios de seus cabelos que estavam soltos grudavam na testa e na bochecha. Ao parar para observar a Torre novamente, Ned viu duas sombras brancas paradas nas montanhas, e então desembaiou a espada e seguiu com o cavalo em um trote com ritmo, tentando reconhecer a identidade das sombras embaixo do sol que quase cegava.
- É Sor Arthur Dayne – Howland Reed disse atrás dele, protegendo os olhos da luz solar com uma mão rente a sobrancelha, enquanto se aproximavam cada vez mais da Torre, trotando entre a grama alta e apagada. – É A Espada da Manhã, sem dúvidas. E aqueles são mais dois mantos brancos... Pelos deuses! É o Touro Branco!
- Sim. Sor Gerald Hightower. – Ned respondeu em uma voz um tanto monótona, como se já esperasse que eles estivessem lá, como se soubesse quem os mandou até lá, e quem encontraria dentro da Torre redonda, com ou sem vida. – E o que está saindo da torre é Sor Oswell Whent.
- Que diabos! O que três membros da Guarda Real fazem aqui no cu do mundo!? – Lorde Dustin exclamou.
- Estão servindo. Protegendo. – Ned respondeu. Estavam se aproximando mais das montanhas, e da Torre.
- Protegendo o quê? O rei não se encontra aqui, mas é bem verdade que não foram vistos em batalha alguma, lutando ao lado de Rhaegar.
- Protegendo quem, você devia ter perguntado. E eles servem, mas não ao rei. Não agora. – Ned disse e calou-se novamente, com peso no coração enquanto observava a Torre da Alegria ficar cada vez mais perto de si. Ouviu o som do aço saindo da bainha de seus homens, e então desceram dos cavalos para descobrir o que se passava.
- Aerys está morto, assim como o herdeiro. Robert o acertou em cheio na armadura. Então eu lhes pergunto, o que a Guarda do rei morto faz aqui? – Perguntou Sor Martyn Cassel. As espadas de todos brilhavam e capturavam a luz do sol, enquanto aguardavam o ataque.
- Estão mortos? – Disse Sor Gerald, e Ned percebeu nenhuma surpresa na voz e que eles não se importavam com a notícia: ou já sabiam, ou realmente não fazia diferença.
- Estão. O irmão de vocês, o jovem Lannister, enfiou uma espada em suas costas. Me pergunto se o ajudariam, ou o matariam. – Respondeu Sor Martyn.
- Não importa o que faríamos, não estávamos lá, e estamos aqui agora. – Dessa vez quem falou foi Sor Arthur Dayne, e Ned sentiu um arrepio na espinha. Os três mantos brancos estavam dispostos a lutar, e nada poderia ser dito para evitar o ato. Contudo, em um último gesto falho de tentar trazer um leve sopro de paz, Eddard disse
- Ajoelhem-se aqui perante nós, entreguem suas espadas e deixaremos que nos sirvam.
- Podemos terminar tudo com justiça. – Falou Sor Mark Ryswell, e por um momento Ned achou que eles iam ceder ouvindo a voz calma de Sor Mark, pois ele próprio cederia, mas foi apenas uma vontade na sua mente, na verdade Sor Arthur, Sor Gerald e Sor Oswell não tinham nenhuma disposição de ajoelhar naquele momento.
- Fizemos um juramento – explicou Sor Gerald, enquanto olhava fixamente para Ned Stark.
- Alguns juramentos podem ser quebrados em nome da paz e justiça. – Ned Stark disse, devolvendo o olhar a Sor Gerald.
- Podem mesmo? – Sor Arthur Dayne respondeu. – Quebraria um voto, um juramento, Lorde Eddard Stark? Uma promessa?
Ned sentiu todo o seu corpo se arrepiar, sem saber porque estava sentindo tanto medo. Não era da morte, estava acostumado com ela em batalhas, sabia que a cripta de Winterfell lhe esperava, e o medo da morte não lhe causava um gelo no coração, uma vontade de correr para o mais longe, correr... de quê? Correr do inevitável. O que está acontecendo não pode ser impedido, eu sei disso e eles também. Lyanna está lá dentro e não há nada que podemos fazer. Eu sei o final dessa luta, sei as baixas, sei quem irá morrer e quem irá viver, no fundo da minha mente eu sei, e não há nada que posso fazer. É justo lutar desse jeito? Sabendo que eles não irão viver, que nunca tiveram chance desde que coloquei os pés em Dorne? Rhaegar começou algo e não posso terminar, não saberia como. Está além de mim e meus homens, além de Robert, e essa rebelião é só um floco de neve em uma enorme tempestade e ela cumprirá com a sua única função, ela é só
- Não. Não quebraria. – Ned respondeu. Sor Arthur sorriu. Um sorriso belo, mas amargo.
- Como eu havia dito, fizemos um juramento.
- E hoje ele começa. – Sor Arthur Dayne disse. Ned viu a luz do sol refletir intensamente na Alvorada, e por segundos ele realmente viu os primeiros raios se espreguiçando e lutando para saírem em uma manhã nebulosa na própria lâmina da espada.
- Não, hoje termina. – Ned ouviu o primeiro canto de espadas se chocando e então levantou a sua para se defender o golpe de Sor Arthur.
E eu estava certo. Mesmo sendo sete contra três, a Guarda Real teria que vencer. Sor Arthur Dayne, Sor Gerald Hightower e Sor Oswell Whent protegiam o Rei Aerys II Targaryen, e eram os melhores com a espada. Abateriam sete homens do Norte como se fossem nada, mesmo jamais admitindo isso em voz alta, é a verdade. Eu deveria estar morto agora, mas em vez disso eu e Howland Reed estamos tentamos recuperar o fôlego aqui dentro da Torre. Todos os outros estão mortos, e eu nunca vi um céu azul e uma paisagem tão calorosa me dar tanto frio. Estou suando, mas ainda sinto o frio... Queria que neve caísse aqui, agora – grandes flocos brancos inundando essas montanhas, e o azul se transformando em cinza. Queria (voltar no tempo, voltar para o Ninho da Águia, para Lyanna, Brandon e o pai a salvos). Eu já sabia que isso ia acontecer de alguma forma, sabia que todos iam morrer e não foi pelas chances em uma batalha. Foi outra coisa, algo que não posso controlar. Matar Sor Arthur Dayne foi... errado. Mesmo nessas circunstâncias... Não. Por ser NESSAS circunstâncias matá-lo foi errado. Ele devia ter me eliminado no primeiro golpe, mas era como se ele quisesse que eu-
"O amor é doce, querido Ned, mas não pode mudar a natureza de um homem." E um juramento, pode? Uma promessa pode mudar a natureza de um homem, Lya? E uma... profecia?
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Falsa Primavera
FanfictionPor anos, os westerosi sussurraram sobre os mistérios que cercam os eventos do Torneio de Harrenhal e suas implicações. Mas, principalmente, sussurraram sobre o rapto de Lyanna Stark, ou fuga, dependendo de quem fala. Contaram incertezas e meias ver...