Capítulo 1

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Juliana

— Bom dia. — cumprimento sorrindo ao entrar na recepção.

Alguns pacientes que já aguardam suas consultas e as secretárias, Luiza e Daniela, respondem. Vou direto para a minha sala, sabendo que uma das duas daqui a pouco vai para lá me passar a agenda. Tenho uma agenda comigo, mas não sei ao certo porque acabo me atrapalhando com os horários e pacientes. Minha sorte é que tenho as duas para me salvarem, sem elas meus dias seriam uma confusão.

A secretária Daniela é a mais séria, uma mulher de quarenta anos com cabelos pretos lindos e baixinha, comparada a mim que tenho 1,72 de altura. Já a Luiza é mais falante, brincalhona. Tem enorme cabelo loiro, assim como eu. E em seus trinta e um anos não quer pensar em se comprometer com mais nada além do trabalho, palavras dela. Mas sei que ela diz isso porque ainda não encontrou alguém que mexa com seu coração e a faça querer desesperadamente estar com a pessoa. Um dia ela vai encontrar, sei que vai.

Ao entrar guardo a bolsa no armário e coloco o jaleco. Toda vez que entro aqui sinto uma satisfação muito grande. Com a ajuda dos meus pais, montei minha sala do jeito que sempre sonhei, móveis, equipamentos, aparelhos enfim, tudo do jeitinho que sempre imaginei. Quando me formei em Fisioterapia, os dois pensaram que eu ia retornar pra casa, no interior. Só que mesmo querendo estar próxima a eles e até que gostando da calmaria daquela cidade, já não pertenço mais a ela. O meu lugar é aqui, em São Paulo. Aprendi a amar essa loucura e amo demais pessoas que acabei conhecendo, além do mais aqui a demanda de paciente é bem maior. Os dois me entenderam e apoiaram, como sempre.

Logo que comecei a procurar um lugar para finalmente começar a trabalhar, o meu tio Lorenzo, médico cardiologista, disse que tinha uma sala disponível na clínica que ele divide com seu filho Mauricio, que é oftalmologista. Aceitei na mesma hora. Eu já sabia que local era excelente, perfeito. Desde então atendo aqui, dividindo a clínica e as secretárias com os dois. Até o momento tudo tem funcionado bem. Claro que no começo não foi muito fácil, afinal era recém-formada, ninguém da área me conhecia, mas aos poucos os pacientes foram surgindo, devagar tudo foi e vai se encaminhando.

— Com licença. — pede a Daniela, entrando na sala. — Como está?

— Bem! — respondo sentando na cadeira. — E você? Ah, me conte como foi a consulta do médico do seu filho.

— O médico disse que ele está mesmo com desvio postural e fez o encaminhamento para fisioterapia. — conta séria.

Já imaginava isso mesmo, mas, mesmo assim, recomendei que ela procurasse um médico.

— Marque o dia e horário que for melhor para vocês. — peço.

— Mas é que... Pensei em procurar uma clínica pública. — comenta mais séria do que o normal.

Admiro demais a Daniela, ela se desdobra para criar e educar sozinha os seus três filhos. Ela é uma mulher muito forte, talvez a vida tenha exigido isso dela.

— Não! Sei que tem vaga na agenda e faço questão de atende-lo.

— É que... Não tenho como pagar! — diz meio sem jeito. — Então é melhor...

— Não é necessário se preocupar com isso. — interrompo. — É só trazê-lo que atenderei.

— Mas não posso aceitar.

— Claro que pode! — discordo. — E assim eu posso rever o fofo do João Vitor.

O seu rosto se suaviza um pouco, isso é muito bom porque não existe nenhuma possibilidade de aceitar uma recusa. Tenho horário livre, então posso atender tranquilamente. E mesmo que não tivesse horário, daria um jeito de atende-lo. Sem contar que ela me ajuda bastante, é o mínimo que posso fazer.

Ter Você (POSTAGENS PARADAS TEMPORARIAMENTE)Onde histórias criam vida. Descubra agora