Capítulo 17

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— Sua amiga foi embora? — Luiza pergunta ao entrar na minha sala para passar a agenda do dia.

Trouxe a Babi aqui ontem para conhecer a clínica, ela adorou. No domingo depois do aniversário do Du, também levei ela para conhecer mais alguns lugares. E mesmo ela ainda ficando na segunda-feira, não deu para mostrar tudo o que eu queria. Uma pena. Mas também, isso é normal, já que aqui tem muitos lugares interessantes. A maioria deles inclusive eu nem conheço, acho que nem quem nasceu aqui conhece, de tanta coisa boa que a cidade tem. Só que combinei com a Babi que agora que ela tinha vindo, tirado aquela má impressão que tinha da cidade, precisa vir mais vezes. Ela disse que vai vir sim. Espero que venha mesmo. Ter ela aqui esses dias foi muito bom.

Acho que no fundo Babi gostaria de ficar mais tempo, porém o seu fazendeiro não parou de ligar. Ele deve estar querendo se entender com ela o quanto antes. Então desconfio que Babi quis ir embora logo para conversar com ele de uma vez por todas. Pedi para ela que me mantivesse atualizada das novidades. Estou torcendo para que os dois realmente se entendam e possam finalmente viver o amor.

— Ela foi ontem a noite! — respondo.

— Gostei dela! E achei o sotaque bem fofo.

Nossa! Já me acostumei tanto com o sotaque da Babi que nem percebo, com certeza por eu ter crescido ouvindo. Mas para quem mora em São Paulo que não tem tanto contato com pessoas do interior do estado, logo nota como o "r" é bem puxado.

— Também acho fofo. — declaro sorrindo. — Tomara que ela volte logo.

— Tomara mesmo. — Luiza concorda. — Bom, vamos ao trabalho.

Ela começa a me passar a minha agenda do dia. Vou anotando tudo como sempre, para não me perder.

— Você tem um paciente novo as 10h. — Luiza informa. — O nome é Gustavo Villa-Lobos, tem vinte e cinco anos.

Começo a escrever o nome e quando chego em Villa-Lobos uma luz se acende em meu cérebro. Espera! Conheço esse nome. É o mesmo que o irmão do Marcelo. Será que é ele mesmo? Ou alguém com nome igual? Não tenho certeza da idade do irmão do Marcelo, mas deve ser mais ou menos essa do novo paciente.

— Algum problema? — Luiza questiona.

— Não. Nenhum!

Ela volta a falar sobre horários e pacientes. Tento prestar atenção, mas pensar na possibilidade de ser realmente o Gustavo, irmão do Marcelo, me deixa meio apreensiva. Se for realmente ele, não sei como irei lidar com isso.

Começo a atender os pacientes, pensando se é mesmo o irmão do Marcelo meu novo paciente. Atender ele não é algo que eu gostaria. Mas também não posso sair dispensando pacientes sendo que tenho horário disponível. Reviro os olhos para mim mesma, porque eu nem sei se é realmente o Gustavo Villa-Lobos que estou pensando e já estou nervosa. Melhor lidar com fatos, não apenas suposições da minha cabeça.

No horário marcado então, o paciente aparece na porta da sala em uma cadeira de rodas, usando uma bermuda preta e uma camiseta branca. É a confirmação de que realmente é quem eu imaginava. Gustavo é um homem muito bonito, só que não do mesmo jeito que o irmão. Ele tem os traços do rosto mais leves. Seus cabelos castanhos são arrumados para o lado de um jeito bem certinho, seus olhos cor de mel são lindos e amigáveis. Diria que ele é mais parecido com a mãe e o Marcelo com o pai.

— Bom dia, doutora Juliana Anzzelotti. — cumprimenta sorrindo. — Gostei desse sobrenome. Diferente.

Não me sinto muito a vontade quando me chamam de doutora, é muita formalidade e, principalmente, não fiz doutorado, então não tenho esse título.

Ter Você (POSTAGENS PARADAS TEMPORARIAMENTE)Onde histórias criam vida. Descubra agora