O meu nervosismo pelo que acabou de acontecer diminuiu um pouco, mas não totalmente. Ainda continuo pensando no olhar furioso do Marcelo quando eu disse que amo o Ricardo. Não consigo entender. Ele não tem motivo para ficar assim. Só deve ser coisa de homem que não aguenta perder. Mas ele não me perdeu, porque na verdade nunca me teve. Não porque eu não queria, mas sim porque ele nunca quis.
Bufo nervosa porque eu simplesmente odeio ficar assim. Odeio pensar no Marcelo. Odeio pensar no que tivemos e no que senti. Gosto de pensar que nada disso aconteceu. Por isso o que vivemos fica guardado bem lá no fundo do meu coração, trancado a sete chaves, sendo que joguei todas elas fora. Nunca mais vai ser aberto. Ficará esquecido lá para sempre. Como um segredo sujo que nem eu mesma quero saber.
— Me desculpe pelo atraso. — ouço o Rick dizer. — Acabei acordando atrasado e ainda peguei trânsito até aqui.
Levanto-me e dou um beijo em sua boca. Ele poderia ter mandado uma mensagem avisando, mas relevo porque estou feliz que ele tenha finalmente chegado, assim esqueço o que aconteceu e foco apenas no meu namorado.
— Entendo! Não tem problema. — digo ao voltar a sentar.
— Aconteceu alguma coisa? — pergunta me analisando, sentado em minha frente.
Penso se devo ou não contar para ele que encontrei o Marcelo, sobre a nossa conversa. Racionalmente pensando, devo contar sim, afinal não foi um simples papo, o Marcelo falou da gente, do nosso relacionamento. Mas emocionalmente, não quero ter que contar o que o Marcelo me disse, sobre a minha motivação de me envolver com ele, sobre eu não amá-lo de verdade, e principalmente, por não saber qual será a reação dele. Já me sinto muito culpada por os dois não serem amigos mais, por ter acabado com uma amizade de infância, não quero tornar tudo ainda pior.
— Não! — covardemente escolho a omissão. — É só uma dor de cabeça.
— Você nunca tem dor de cabeça! Será que já não era bom procurar um médico?
Sorrio com sua preocupação meio exagerada. Como eu poderia não amá-lo? Eu o amo demais!
— Não! Acabei de tomar um remédio e logo passa. — respondo para tranquiliza-lo. — E vamos fazer nosso pedido porque estou com fome.
— Eu também! — diz chamando o garçom. — Não comi nada antes de vir.
— Não sei como você aguenta ficar sem café da manhã e ir direto para o almoço. — comento sorrindo.
— Acabei me acostumando.
O garçom simpático vem retirar nossos pedidos. Os pratos desse restaurante têm nomes diferentes, chiques, mas nosso pedido é basicamente, bife de chorizo, acompanhado de babata frita rustica e mais nhoque de mandioquinha com molho de linguiça e agrião para o Rick. Para mim bife ancho acompanhado de purê de abóbora e farofa feita com manteiga de garrafa. De bebida peço um suco de laranja com morango, porque saindo daqui volto a trabalhar. E o Rick pede uma cerveja. Sei que aqui as cervejas ficam em um ofurô de madeira enterrado no solo. O que isso acrescenta de diferente no final? Não tenho a menor ideia.
— Você ainda não me perguntou se sábado vamos a festa beneficente do Antônio, então preciso te contar que vou conseguir me ausentar da Pretty sim. — informa me surpreendendo.
Mesmo morrendo de vontade de saber se iriamos, não toquei no assunto porque não queria fazer pressão. Mesmo querendo muito ir, querendo ainda mais ir com ele, acho que quem deveria decidir se deveria ir ou não é ele.
— Mentira! Sério?! — falo animada.
— Sim! Consegui me organizar. Fazia um tempo também que eu não tirava o sábado para mim, para nós. — comenta com seu sorriso de lado.
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Ter Você (POSTAGENS PARADAS TEMPORARIAMENTE)
Roman d'amourATENÇÃO: AS POSTAGENS DO LIVRO ESTÃO PARADAS TEMPORARIAMENTE. Juliana Anzzelotti é uma fisioterapeuta apaixonada por sua profissão. Filha única de um amor à primeira vista, ela acredita nesse sentimento, em como duas pessoas que se amam podem supe...