Capítulo 5

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Ando de mãos dadas com o Rick para a área externa da casa. Ele disse que precisava conversar comigo, assim sua mãe falou para eu ir. Gostaria de ter ajudado a Gloria a organizar os álbuns e fotografias, só que mais uma vez ela recusou minha ajuda. Ou ela não gosta de receber ajuda ou ela me liberou por causa do filho. Então, sem poder ajudar, só calcei a sandália e acompanhei o Rick. Agora meu coração continua apertado pelo que acabei de descobrir, em pensar que o Rick pode ter sofrido até ser adotado e também no motivo que o fez não me contar.

Pensava que o conhecia bem, muito bem, mas agora assumo que estou insegura. Porque se ele não se sentiu a vontade para falar sobre isso, é sinal de que talvez não confie em mim, tanto como eu imaginava. Só que ao mesmo tempo, meu cérebro diz que talvez não tenha nada a ver com o nosso relacionamento e sim com ele, em como lida com essa parte de sua vida. Pode ser que ele não se sinta muito bem para falar a respeito, pode ser que isso traga sofrimento para ele. Então, por mais que eu esteja chateada, eu preciso ouvir dele o seu motivo.

Andamos pelo gramado, o salto da minha sandália começa afundar e tento me equilibrar nas pontas dos pés. Até que chegamos a um banco de madeira rodeado de flores embaixo de uma enorme arvore. O Rick se senta no banco e quando vou me sentar ao seu lado, ele me puxa para o seu colo. Observo que com a distância que estamos da piscina e churrasqueira, não vai ser possível que as pessoas nos ouçam, ainda bem, mas elas podem claramente nos ver. Então meio sem graça, tento sair de seu colo. Rindo da minha tentativa de fuga, ele me segura no lugar com seus braços fortes e me mantem onde deseja que eu esteja. Não tento fugir novamente, afinal eu amo estar assim com ele.

— Pode me falar o que está se passando pela sua cabecinha linda. — pede me analisando.

Só de me olhar ele sabe que algo não está bem, ele me conhece como poucas pessoas.

— Sua mãe comentou que adotou você e a Rubi. — conto na esperança de que ele queira conversar sobre o assunto.

— Sim, fomos adotados porque ela não podia engravidar. — afirma simplesmente. — O que mais quer saber sobre isso?

Se ele tiver disposto a falar, quero saber absolutamente tudo, mas a primeira coisa que sai da minha boca é o que eu deveria ter deixado por último.

— Se a sua mãe não tivesse falado, você nunca me contaria?

— Não sei, mas provavelmente não. — responde sinceramente, fazendo o aperto no meu coração aumentar ainda mais. — E não por sua causa e sim porque eu sou filho do Amadeu e da Gloria. Apenas isso.

Fico observando, do jeito que ele fala parece que é algo simples. Lembro-me também a forma que a Gloria disse, foi bem natural.

— Então você lida bem com isso?

— Claro, todos nós lidamos bem com isso. Tanto que nem é um segredo, todos que nos conhecem um pouco sabem disso.

— Eu te conheço há mais de um ano e não sabia. — murmuro sem conseguir evitar.

— Você tem razão, me desculpe. — pede colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. — Eu deveria de alguma forma ter falado sobre isso.

Se tivéssemos juntos há poucos meses, com certeza não teria ficado magoada, mas como faz mais de um ano... Ele teve várias oportunidades para me falar, tocar nesse assunto.

— Sim, eu gostaria de ter ficado sabendo por você. — declaro sinceramente. —Não que você fosse obrigado a me contar, mas que você se sentisse a vontade de falar comigo sobre isso.

— Me desculpe. — pede mais uma vez, seus olhos castanhos nitidamente arrependidos. — É só que eu trato isso de uma forma tão natural que não me lembrei. Não penso que fui adotado, não penso que eles não são meus pais biológicos, porque eles são sim e nada, nem ninguém, pode dizer o contrário.

Ter Você (POSTAGENS PARADAS TEMPORARIAMENTE)Onde histórias criam vida. Descubra agora