Passei metade da minha vida me mudando devido ao emprego do meu pai. Toda vez que ele era transferido para uma nova base, minha mãe largava tudo para acompanhá-lo. Eu não me importava, até perceber que não tinha ninguém. Passei anos me mudando até finalmente fincarmos raízes em Chicago, onde aos doze anos fiz meu primeiro e único amigo. Foi difícil, mas dali em diante minha vida, nunca mais foi a mesma.
Nasci em uma pequena província no interior de Boston, onde vivi até os seis anos. Perdi minha avó e considero a morte dela o estopim da minha decadente vida emocional. Eu passava grande parte do meu tempo com ela, já que como podemos perceber, meus pais nunca tiveram tempo para mim. Quando eu tinha dez anos ela morreu. Minha primeira perda. Eu não soube lidar.
No dia do seu enterro eu não me permiti chorar, eu queria ser forte. Mostrar para minha mãe que eu estava ali para ela. Não foi assim que ela interpretou. Um mês depois, em uma casa nova, bairro e cidade novos, eu peguei meus fones, meu ‘smartphone’ e subi para o telhado. Fiquei por horas seguidas encarando o céu estrelado, ouvindo sua música favorita e relembrando os bons momentos que passei com ela. Ela morreu no dia do meu aniversário e desde então odeio aniversários. Para mim, são no mínimo mórbidos. Você nunca sabe se está comemorando por estar vivo ou por estar mais perto da morte.
Três meses depois da morte dela, eu fui diagnosticada com depressão. Minha mãe iniciou tratamento com psicólogos, mas eu achava imensamente desnecessário levantar cedo todas as quartas para sentar em frente aquela senhora e contar sobre a monotonia da minha vida. Aos dez anos parei de ir. Minha mãe não concordou, mas sempre discordávamos em tudo desde a morte da minha avó, então não fez muita diferença.
Dizem que as ninfomaníacas são frias, se isso explica meus poucos sentimentos ou nenhum deles, eu não sei, mas sei que eu sempre fui uma pessoa quieta e reservada, que não se apega a nada e nem ninguém. Quando digo que minha ninfomania me afastou de tudo e de todos, é com propriedade, mas foi melhor assim. Ela me fez mais forte, e não minto ao dizer que sou grata por tudo isso, por que no fim das contas, eu aprendi com a dor.
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Ninfomaníaca
NouvellesCompulsão sexual, vicio em sexo, loucura. Chame como quiser. Mas acredite, sexo não é tudo, e a vida de uma ninfo não é fácil. Me chamo Angeline, mas me chamam de Angel. Eu sou filha de um major e uma médica, e vivo em Boston, minha vida nunca foi u...