1° Bimestre - Droga.

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Mesmo depois de arrumar todo o meu guarda-roupa e o quarto inteiro como o de costume - pois não havia mas nada para eu fazer -, ainda sentia minhas mãos geladas com o frio comum que se faz em março.

Suspirei e me rendi as luvas peludinhas que minha mãe havia me dado, esfregando uma mão na outra, assoprando-as, na esperança que elas esquentassem.

- Yoo Kihyun? - Pulei de susto ao ouvir uma voz atrás da porta, me fazendo encara-la e murmurar um "Entre." baixinho, tendo a imagem de uma das inspetoras do colégio abrindo a porta. - O diretor está te chamando para sua sala.

- Ok, eu já estou indo. Obrigado. - Abaixei a cabeça por educação e agradecimento, e ouço a porta sendo fechada em seguida, me fazendo suspirar novamente.

Tirei minhas pantufas quentinhas e calcei meus tênis, já estou vendo que esse ano será longo... Não que os outros não foram, mas que talvez por ser o último ano, enquanto todos querem aproveitar os últimos momentos, eu só quero que isso termine logo.

Assim que entrei na recepção da secretária, encarei a televisão onde geralmente passava as notícias, mas prestei atenção no canto da tela, que mostrava a temperatura: 1°C. Só de ver aquilo, acabei tremendo de frio.

- Yoo Kihyun. Pode entrar. - A secretaria interrompeu meus pensamentos e eu assenti, caminhando rapidamente até a sala do diretor e dei duas batidinhas na porta, a abrindo em seguida.

- O senhor me chamou? - Minha voz saiu mais baixa que deveria, fazendo o senhor de cabelos agora grisalhos concordasse com a cabeça.

Entrei na sala, encostando a porta, e me curvei levemente como cumprimento, o que fez o mais velho assentir novamente e largasse os papéis que lia, dando um pequeno sorriso apenas para parecer amigável.

- Yoo Kihyun. - Sua voz saiu mais calma que o normalmente, quando se falava com os outros alunos, isso poderia ser uma vantagem, mas eu odeio isso. - Acabou de chegar?

- Sim senhor. - Assenti rapidamente, ainda com a voz baixa. - Meu pai me deixou a cerca de uma hora...

O senhor soltou um estalo com a língua, como se estivesse pensando... Ele voltou a pegar os papéis, dando uma olhada rápida neles.

- A maioria dos alunos chegarão amanhã, no domingo, Yoo Kihyun. - Prisioneiros ele quis dizer, não é? Ou animais. Porque sinceramente... - O senhor era um dos únicos que estava sozinho em um dormitório, certo? - "Era"? - Te chamei para informa-lo que em sua turma este ano, entrará novos alunos, e um destes alunos ficará no mesmo dormitório que você, pois o senhor é o único aluno do último ano com o dormitório disponível.

Ele voltou a me encarar e naquele momento, sentia meus olhos arregalados e acabei suspirando pesado ao fecha-los. Aquilo só poderia ser brincadeira.

- O aluno chegou hoje, já foi apresentado para a escola, então agora eu deixo lhe em suas mãos. Mostre o dormitório, ajude-o a se acomodar, e se possível, lhe mostre seu armário e os horários definidos que já estão no balcão da secretária. Entendido, Yoo Kihyun?

- Sim senhor. - Abaixo a cabeça, e o encaro brevemente, que agora apontou com a cabeça para a porta.

- Está dispensado.

- Obrigado, senhor.

Com passos rápidos, sai de sua sala, fazendo eu parar por alguns segundos na porta já fechada e levar a mão até minha testa, batendo várias vezes rapidamente ali. Droga. Droga. Droga! Era só o que me faltava.

Com o meu respirar fundo acabei choramingando, mas já dava passos rápidos em direção a bancada e peguei dois horários, agora prestando atenção no ambiente em vez da televisão, vendo um garoto sentado em um dos bancos, que parecia distraído.

- Você é o aluno novo? - Me aproximei com a voz baixa - como se costume -, e ele acabou me olhando assustado, mas concordou com a cabeça.

- Você é Yoo Kihyun? - Perguntou de volta e eu assenti, fazendo ele levantar desajeitado por conta da mochila que estava em seu colo e se curvou, ainda desajeitado.

Apenas levantei as sobrancelhas o encarando.

- Prazer, Son Hyunwoo.

Sua voz agora normal parecia mais grossa que a minha, além de que, assim que ele se reergueu, era visivelmente mais alto que eu. E o pior de tudo, tinha cara de idiota.

- Vamos, vou te mostrar o dormitório. - Disse já andando em direção a saída, ouvindo os chaveiros de sua mochila e de sua mala baterem entre eles, acompanhado de seus passos desajeitados e rápidos para me alcançar, me fazendo choramingar baixo novamente.

Será um ano longo...

Você quer... Jogar? - showkiOnde histórias criam vida. Descubra agora