Contar...

852 128 89
                                    

Já havia mais de vinte mensagens de Minhyuk não lidas... Logo depois Hyunwoo mandou algumas... Minha mãe deve ter falado algo para eles.

Me ajeito na janela aberta sem me importar com o vento gelado e suspiro pelo sol já ter nascido e eu não ter conseguido dormir nem que fosse um pouco. O ar frio me ajudava a respirar melhor, me fazendo jogar o celular na minha mesinha de centro e fechar os olhos, encostando a cabeça ali, ofegando levemente.

Ouvi meu irmão me chamando duas vezes, para o almoço e para o jantar. Mamãe uma vez de madrugada por ouvir meus troféus caindo, alguns quebraram mas eu não me importo mais. Na verdade, foda-se.

Encarei minha mão vermelha e dolorida do soco na porta, tendo a mesma sendo batida levemente três vezes, o que me fez olhar naquela direção.

- Eu não vou abrir a porta. – Digo meio alto mesmo não tendo forças para nada, soltando um suspiro em seguida.

- Mas a vovó disse que tio Kihun não comeu, e tem que comer tio Kihun!

A voz infantil de Audrey fez meu coração encher e eu ofegar, me fazendo correr até a porta e destranca-la com a chave que agora estava em meu bolso. Tenho a imagem da pequena sorrindo de pijama, um pelúcia em uma das mãos e um suco de caixinha na outra, enquanto minha mãe estava atrás dela, segurando uma prato com três sanduíches...

- Audrey. – Minha voz sai fraca e abraço ela me sentando no chão, tendo uma risada gostosa como resposta e escondo meu rosto nos seus cabelos ralos. – Meu deus, como você tá enorme! – Sussurro passando as mãos em seu rostinho e ela sorri.

- Vovó falou igual tio Kihun, mas cresci só um pouquinho! – Ela exclama fazendo cara de brava e eu ri, a abraçando de novo, sorrindo. – Por quê você não brincou comigo ontem? Fiquei te esperando! – Ela faz bico e olho para minha mãe, que suspirava pesado. – Eu vim aqui de noite pra chamar: “Tio Kihun!”. Mas o papai disse que você estava dodói e que precisava dormir, ai eu fui mimir também. – Encenou e com um biquinho triste no final.

- Tá tudo bem, bebê. – Sussurro fazendo carinho na sua bochecha.

- Ainda tá dodói tio? – Perguntou preocupada com os olhinhos brilhando e neguei fraco, fungando.

- Não... Agora não. – Minto e ouço uma voz familiar, nos fazendo olhar em direção.

- Audrey, vamos trocar de roupa para ir embora. – A esposa do meu irmão diz envergonhada, provavelmente por Audrey ser a única que conseguiu me fazer abrir a porta. E a pequena resmunga me olhando.

- Eu vai embora agora tio, mas toma! Suquinho e lanchinho pra sarar, eu que fiz com a vovó! – Ela aponta para minha mãe que agora sorri fraco para ela.

- Eu não vou sarar com um lanchinho, meu amor... – Sussurro suspirando e ela me encara curiosa, tombando a cabecinha. Esperei que ela fizesse um milhão de perguntas como sempre fazia, mas ao invés disso, abraçou meu pescoço e beijou minha bochecha, deitando a cabeça em meu ombro.

- Então meu beijinho vai sarar, tio Kihun. – Ela diz sorrindo, me entregando a caixinha de suco. Amo tanto minha sobrinha que não cabe em mim. – Tchau tio. Vovó, cuida do tio Kihun! – Ela exclama andando em direção a sua mãe. – Te amo tio Kihun! – Exclamou acenando para mim, e eu retribui, sorrindo.

- Tchau... Também te amo, Audrey...

Esperei as duas saírem do corredor para me trancar novamente do quarto, mas esqueci de um detalhe e quando vi, mamãe já estava dentro do quarto, parada, deixando os lanches em meu criado mudo.

- Kihyun... – Murmurou olhando para o chão, com meus troféus, medalhas e alguns dos meus projetos que ganharam o primeiro lugar nas feiras de ciências, muitos quebrados. – Por quê você fez isso, filho?...

Você quer... Jogar? - showkiOnde histórias criam vida. Descubra agora