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Suspirei pela décima vez em menos de cinco minutos. Aquela aula de história em especial, parecia não passar, o que me causava tédio. Apoiei minha cabeça nos braços, olhando para Soonyoung do outro lado da sala, que estava dormindo. Descobrir que o mais velho tinha poderes, havia sido uma surpresa. Nunca iria esperar que o meu melhor amigo – e o meu primeiro amor, diga-se de passagem – saberia como manusear a luz.

Se bem que Soonyoung é bem quente.

Corei, levantando a cabeça logo em seguida.

Que tipo de coisa eu estou pensando?!

Olhei para Joshua, que explicava algo sobre a segunda guerra. Por algum motivo, ele parecia estar extremamente desconfortável falando sobre esse assunto, enquanto sua aura estava azul.

Ele estava… triste?

E por uma fração de segundos, ele olhou para mim e de repente, eu não estava mais em sala e sim, no meio da guerra, em frente a um campo de batalha.

Como eu vim parar aqui?!

Olhei para os lados vendo a quantidade de pessoas a correr de um lado para o outro. Conseguia sentir o desespero correndo pelas minhas veias, ao olhar a quantidade de auras misturadas por ali. Escutei os tiros e os gritos de socorro, o que me deixava zonzo. Corri, em meio a toda aquela destruição, vendo corpos mortos jogados por todos os cantos. As balas atravessavam meu corpo, como se eu não estivesse ali. Comecei a sentir o ar se esvair de meus pulmões, causando-me ardência. Minhas pernas queimavam pedindo arrego, mas por algum motivo, eu não conseguia parar.

E eu não podia parar.

Era o que a minha mente repetia, em meio a toda aquela confusão de pensamentos. Corri o mais rápido que pude e depois de alguns poucos minutos a correr, eu parei. Coloquei minhas mãos em meus joelhos, puxando o ar com força. Minha cabeça doía, e minhas pernas tremiam devido ao esforço recente. Olhei para frente e então eu descobri.

A alguns metros de mim, estava Joshua e em seu colo, um menino.

Um menino morto.

Joshua chorava e gritava, estava uma bagunça de sentimentos. O homem, que era sempre tão calmo, parecia desolado. Seus gritos e seu sofrimento pareciam combinar com o cenário caótico, aumentando meu desespero. Em contradição, o menino estava calmo. Seu semblante era de tranquilidade, como se estivesse num sono profundo, coisa que eu até acreditaria, se não fosse pela mancha de sangue que crescia gradativamente em seu peito.

Ferimento de bala.

E então, como se nada tivesse acontecido, eu estava na sala de aula de novo. O sinal batendo, acordando-me de meu transe causado pelo recente acontecimento.

O que acabei de ver?

Ao ver o grande movimento em direção ao refeitório, decidi deixar esse assunto de lado por enquanto. Resolveria-o depois.

Levantei-me indo em direção a Soonyoung, que ainda dormia e o sacudi, na esperança de o acordar.
– Hyung? – ele resmungou. – Já bateu o sinal. Vamos, levante e vá comer. – se levantou, coçando os olhos de maneira fofa.
– Mas e você? Não vai comer? – perguntou, tombando sua cabeça para o lado, coisa que percebi ser um hábito.

E bem adorável.

– Vou depois, preciso falar com Joshua sobre algumas coisas. – sorri, vendo-o dar de ombros e seguir em direção ao refeitório. Virei-me, indo até Joshua que se encontrava de costas, guardando suas coisas. Cutuquei-o, olhando para os lados, vendo que só havia nós dois naquele recinto.
– Sim? – olhou para mim. Notei que sua aura estava branca, o que significa que ele estava calmo. Respirei fundo, lembrando de sua imagem com o menino.

Como ele conseguia estar calmo depois daquilo?

– Então... Eu preciso da sua ajuda. – sorri pequeno, jogando meus cabelos para trás, já que alguns fios caiam nos meus olhos.
– Que tipo de ajuda, Jihoon? – suspirou, cruzando os braços e me olhando sério.
– Eu juro que não é nada demais. – me expliquei. – Só preciso que passe um trabalho e coloque eu e Soonyoung no mesmo grupo que o Seungkwan e o Vernon. – disse, sentando na mesa em seguida.
– Por que eu faria isso? – arqueou uma sobrancelha, encostando na parede a minha frente.
– Porque… – fiz uma pausa, fechando meus olhos com força, tentando achar o melhor jeito de explicar. – Eu consigo ver auras. – o olhei nos olhos, vendo os mesmos mudarem de cor. Estavam amarelos. – Vejo a aura de todo mundo, bem, quase todo mundo. Existe essas pessoas que eu simplesmente não consigo ver nada. É como se a aura delas não existissem. – Vi Joshua se aproximar, olhando-me desacreditado. – Vernon e Seungkwan fazem parte desse grupo, além de mais duas meninas dessa sala e, bom, por mais que isso pareça estranho, estou falando a verdade.

Queria eu que fosse mentira.

Joshua se aproximava cada vez mais, até parar na minha frente e puxar, sem brutalidade, meu braço em sua direção, olhando a pulseira em meu pulso.

– Está tudo tão confuso. – Olhei para o chão, sentindo Joshua soltar meu braço. Seus braços me envolveram e sua mão foi em direção aos meus cabelos, começando ali, um carinho leve.
– Vai ficar tudo bem, ok? Eu vou te ajudar, não se preocupe. – sorriu, e foi em direção a porta, saindo e me deixando sozinho. Saí logo depois, precisava comer alguma coisa.

Ao chegar no refeitório, deparei-me com Soonyoung sentado em uma das mesas, conversando com alguma menina. A mesma parecia simpática e possuía uma aura boa, porém, ela encostava demais no garoto. Senti meu estômago revirar e fiz uma careta, indo em direção aos dois.

– Cheguei. – disse. Entretanto, os dois pareciam estar muito ocupados em sua própria bolha para me notar. Fiz um bico triste, sentindo-me isolado.

Por que eu estou assim?

Fiquei mais alguns minutos ali, perdido nos meus próprios pensamentos, até que o sinal bateu e então eu me levantei, ainda com esse sentimento de tristeza a me consumir.

Até perdi a fome.

***

– Grupo número cinco: Lee Jihoon, Kwon Soonyoung, Boo Seungkwan e Hansol Vernon. – olhei para Soonyoung e o mesmo me olhou confuso. Suspirei e olhei para frente.

Finalmente vou conseguir respostas.

The Destiny ChildOnde histórias criam vida. Descubra agora