{ELEVEN}

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Após listar os grupos, Joshua começou a explicar sobre o trabalho. Teríamos de fazer uma exposição sobre a segunda guerra. Nada muito grande, já que era só para o colégio. Recortes de notícias, estatísticas, tudo que remetesse ao acontecido.
Ao término da aula, Vernon e Seungkwan vieram ao nosso encontro.

– Bom, estamos no mesmo grupo. O que poderemos fazer? – o tom grave e o cheiro característico do mais alto marcavam bem sua presença atrás de mim e Soonyoung.

– Bom, acho que poderíamos fazer um painel com linhas vermelhas, como aqueles de investigações policiais. Ligamos os causadores da guerra àqueles com quem queriam gerar conflito, e porquê. – sugeri, e todos sorriram satisfeitos.

– Achei uma ótima ideia! – Seungkwan se pronunciou junto a Vernon, fazendo um contraste interessante de suas vozes unidas.

– Ótimo, podemos nos reunir hoje. O que acham? – Soonyoung perguntou, um tanto animado.

– Pode ser na minha casa? – Vernon propôs, enquanto brincava com seus dedos.

– Pode sim. Depois nos vemos então. – Soonyoung sorriu, e os dois fizeram o mesmo, e ficamos os observando ir embora.

Pelo menos entenderei isso tudo.

***

Pegando uma bandeja com um prato, fui passar pela simpática, para não dizer o contrário, tia da cantina. Sempre com aquele olhar de “passa logo e não me olha muito”, sempre prefiro trazer meu lanche a ter de encarar essa mulher, mas eu realmente esqueci.

Que ela não me mate.

Passei rápido, pegando um sanduíche, um achocolatado e parando na frente dela para pegar uma sobremesa, e por incrível que pareça, nem ela e nem a mulher estavam com cara de morte, inclusive ela até deu um sorriso para mim. O doce tinha chantilly, uma cerejinha em cima e um mousse vermelho embaixo.

Talvez ela tenha deixado de ser amarga e feito algo para comemorar.

Ela a colocou na minha bandeja e eu saí da fila, seguindo para a mesa onde eu e Soonyoung decidimos ficar. Sentei e coloquei a bandeja em minha frente.

– O que é isso? – Soonyoung perguntou, apontando para a sobremesa, enquanto tirava mais um pedaço do pão que ele levou.

– Não sei. É um doce, parece ser de morango. – respondi, pegando o copinho e o analisando. – Daqui a pouco a gente descobre. – devolvi-o para a bandeja e comecei a desembrulhar o sanduíche. Soonyoung pegou o achocolatado, sacudiu-o e colocou o canudinho.

– Posso beber um pouco? – perguntou, sorrindo para mim. Foi aí que fui notar que aquele era o preferido dele.

– Vai fundo. – respondi, colocando a mão na frente da boca, pois estava com a mesma cheia. Ele sorriu maior ainda e colocou o canudinho na boca, bebendo o conteúdo da caixinha.

Deus, como alguém consegue ser bonito assim?

Terminei o sanduíche e, quando peguei a caixinha para beber, percebi que ela estava quase vazia.

– Poxa Soon, ‘cê bebeu o negócio todo! E ainda afundou o canudo! – reclamei, fazendo um bico de insatisfação enquanto olhava decepcionado para o canudinho vermelho e branco, que estava enterrado.

– Desculpa Jihoonnie. Quer que eu pegue outro? – perguntou, triste.

– Não, ‘tá tudo bem. Só tenta tirar o canudo ‘pra eu terminar de tomar. – respondi, entregando a bebida para ele. Peguei a colher que veio junto a sobremesa e peguei um pouco, para provar.

– Pelo menos isso ‘tá comestível? – indagou sem nem tirar os olhos nem as mãos do buraco da caixinha.

– Olha, ‘tá sim. ‘Tá bem gostoso, inclusive. Aqui, come. – peguei uma colherada e dei em sua boca. Assim que o doce encostou em sua língua, ele arregalou os olhos e me olhou, surpreso.

– Como isso pode estar bom? Nada feito aqui é bom! – indignado, afundou mais ainda o canudo, que agora estava irrecuperável. Ele suspirou, desapontado. – Ah, mas que merda! – exclamou, e logo depois levou as mãos para sua boca, tapando-a. Eu comecei a rir, ele não gostava de falar palavrão mas sempre que ficava com raiva, saía um e ele ficava com mais raiva ainda.

– Soon, esquece esse canudinho. Termina de beber com a boca na caixa aí que tá tudo certo. Já até perdi a vontade de tomar. – disse, rindo em meio a fala.

– Sério? – perguntou, alternando o olhar entre mim e a caixa.

– Uhum. – assenti, enquanto comia mais uma colher do doce. Soonyoung finalmente deu um fim a saga do bendito achocolatado, e dei a última colherada do doce para ele. Jogamos tudo fora e voltamos para a sala.

***

O sinal tocou, anunciando o lindíssimo término da aula e o maravilhoso cheiro do final de semana, mais conhecido como “não farei absolutamente nada por dois dias seguidos”.

Arrumando nossas coisas, eu e Soon conversávamos, mas assim que viramos para trás, deparamo-nos com Vernon, parado bem próximo a nós, observando-nos, o que nos deu um belo de um susto, e rendeu um berro conjunto meu e de Soonyoung.

Esse menino não sabe ser normal?

— Menino, cruz credo, ‘cê não pode aparecer como alguém normal? Parece uma assombração, Jesus. — reclamei, com a mão no peito.

— Me desculpem, não era minha intenção assustar vocês. Era só ‘pra lembrar que vocês têm que ir comigo, já que vocês não sabem onde eu moro. O Seungkwan também vai, mas ele já sabe, então eu não me importo com ele. — falou, sorrindo para nós dois.

Gente, que sorriso bonito.

— Ei! Eu ouvi isso, hein?! — Seungkwan apareceu, do chão, berrando, o que me fez dar um pulo.

Ou ele está falando com Hansol, ou lê pensamentos.

— Ouviu o quê, seu escandaloso? — de braços cruzados, Vernon virou-se para ele, com uma sobrancelha arqueada.

— Você falando que não se importa comigo. Quero ver quando precisar de alguém ‘pra ir contigo até a sua casa, aí é que eu quero ver se você não vai se importar mesmo. — respondeu, bravo.

— Meu Deus Boo, para de fazer drama. Eu só falei que não precisava me importar contigo ‘pra saber o caminho da minha casa, já que você praticamente mora comigo, de tanto tempo que você passa lá. — retrucou, revirando os olhos.

— Ah, ‘tá bom. — envergonhado, falou baixo.

— Bom, vamos então? — perguntei, colocando minha mochila nas costas.

— Vamos. — Seungkwan sorriu, correndo para a porta da sala.

Ele parece uma criança.

The Destiny ChildOnde histórias criam vida. Descubra agora