{SIXTEEN}

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— Como você se sente? — perguntei para Seungkwan. Estávamos todos no carro de Joshua, à caminho do meu apartamento. Depois que Boo revelou seus poderes e tudo aquilo aconteceu, a ficha de Vernon caiu e ele entrou em uma crise de choro desesperada, e todos nós fomos o socorrer. O mesmo se encontrava dormindo calmamente no colo de Seungkwan, que acariciava os cabelos castanhos jorrados por suas coxas. 

— Eu tô bem... eu acho. — sussurrou, fechando os olhos e se recostando para dormir. Procurei a mão de Soonyoung no meio da escuridão do carro e entrelacei minha mão na sua, sentindo as lágrimas chegarem. Não posso chorar. Não agora. 

Ainda temos um longo caminho pela frente. 

~//~

Estávamos sentados no sofá de minha sala, vendo um filme. Havíamos chegado há algum tempo, tomado banho e comido. Na TV, passava alguma série, que nenhum de nós estava prestando atenção. Estávamos imersos demais em nossos próprios pensamentos e tentando digerir os últimos acontecimentos para isso.

— Será que doeu? — Vernon sussurrou fraco, tirando-nos de nossos transes. Olhei em volta vendo a confusão estampada na face de todos. Queríamos perguntar, mas ao mesmo tempo não queríamos que ele falasse. — Quando ela morreu… — suspirei. Hansol olhava para o nada, com um olhar perdido. Seus cabelos estavam bagunçados e seus olhos pesados. Uma nuvem de tristeza pairava sobre ele, e qualquer um que o olhasse, saberia que ele não estava nada bem. — Por que ela teve que ir? A culpa é minha, não é? Eu nunca fui um bom filho mas e-eu a amava tanto. — sua voz ficou embargada ao passo que seus olhos enchiam de lágrimas, que, no momento, escorriam livremente pelas bochechas rosadas. Vi Seungkwan abraçá-lo e Vernon começou a soluçar. Seu corpo tremia e o choro antes quieto, havia virado algo alto, sufocante. Kwan repousou uma de suas mãos na cabeça de Hansol, fazendo carinho em seus cabelos. — Eu sinto falta dela. — senti meu olho encher d’água com a cena. Ele estava tão vulnerável, tão triste. Boo o abraçava, dizendo palavras de conforto enquanto balançava-o. 

Levantei-me, sentando ao lado de Seungkwan. Soonyoung fez a mesma coisa e assim, as horas passaram, o sol já nascia e Vernon já havia parado de chorar a algum tempo. Todo o cômodo permanecia em silêncio, ninguém ousava pronunciar uma palavra sequer. — A gente precisa ir para a escola hoje. — falou. Sua voz estava rouca e baixa devido às horas e horas de choro constante. Respirei fundo e levantei, ajeitando minha roupa. 

— Vamos tomar banho então.

~//~

A cada minuto que se passava, minha vontade de dormir aumentava. Estávamos na aula de história e o tempo parecia não andar. 
Joshua falava sobre alguma coisa que meu cérebro não conseguia processar, devido ao sono e ao cansaço excessivo. 

Soonyoung dormia desde o início da aula, assim como Seungkwan, que babava pela mesa. Vernon e eu éramos os únicos do quarteto que estavam acordados, mas ainda sim, nenhum dos dois prestava atenção. As marcas de uma noite em claro apareciam em forma de olheiras fundas no entorno de seus olhos, que estavam avermelhados e inchados devido ao choro prolongado. Seu olhar estava perdido e Hansol estava claramente se afundando em seus pensamentos. 

Antes de desistir daquilo tudo e ceder ao sono, um clarão passou pela janela ao meu lado e chamou minha atenção. Tentei ignorar por achar que devia ser só sono, mas outro veio logo depois. Franzi as sobrancelhas ao ver diversas luzes caírem rapidamente... do céu? Olhei para o resto da turma e, mesmo os que olhavam para a janela, nenhum deles parecia confuso sobre aquilo. Olhei para Joshua que, vendo minha confusão, seguiu meu olhar e arregalou os olhos em surpresa.

Ou todos os outros são cegos, ou estamos sofrendo um delírio coletivo.

— Hm, turma. — chamou nossa atenção. — vou precisar sair por alguns minutos, façam as questões da página sessenta e cinco. Volto logo. — e saiu quase que correndo. As pessoas começaram a conversar, ignorando completamente o dever passado. Será que Joshua sabia o que era aquilo? Por que ele saiu correndo? Dei de ombros, ignorando a situação, abrindo meu livro e indo fazer as questões. Depois perguntaria para ele. Meu celular vibrou, pois uma mensagem havia chegado.

                               Grupo 
                                 dos 
                              Bruxos 🧙🏻‍♂️

[11/2 10:07] Joshua: Me esperem na sala, vou levar vocês para a minha casa. Precisamos urgentemente conversar. E é sério.
[11/2 10:07] Soon: Que? Pra quê? 

Revirei os olhos ao ver a mensagem de Joshua. Seungkwan teve a brilhante ideia de colocar nós cinco em um grupo para conversarmos melhor, e Soonyoung, com sua mentalidade de uma criança de 5 anos, botou esse nome ridículo no grupo. Encarei meu celular por alguns segundos, perguntando-me o que caralhos Joshua queria com a gente. Não sei dizer se é sobre tudo o que aconteceu ontem ou se está relacionado com aquelas luzes que caíram do céu? Respirei fundo. 

Como não conseguia tirar aquilo da cabeça, levantei-me da cadeira, indo até a janela, para ver se conseguia enxergar algo, mas tudo que eu podia ver era uma luz ofuscante e branca na grama do jardim da escola, e Joshua com as mãos na cintura, olhando fixamente para a fonte de luz. Ficou alguns segundos ali, e começou a rodear a área, examinando a situação. De repente, levou seu olhar até mim, como se já soubesse que eu estava ali. Balançou a cabeça negativamente ao olhar para aquilo, e logo depois, voltou a me encarar. Nós dois nos entreolhamos, preocupados.

Parece que hoje será um longo dia também.

The Destiny ChildOnde histórias criam vida. Descubra agora