{TWO}

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Jihoon’s POV

Assim que o meu despertador tocou, levantei-me completamente exausto. Olhei para o lado e vi Soonyoung dormindo todo torto na cadeira ao lado da minha cama, o que me arrancou um sorriso.

Pelo visto, ele havia passado a noite comigo... de novo. Acho que ele não tem muita opção, já que somos vizinhos.

Levantei-me e foquei em tentar acordá-lo, o que era bem difícil.

— Hyung? — o chacoalhei. — Hyuuung, acorda, vamos nos atrasar! — ele se mexeu e abriu os olhos, levantando-se logo em seguida, a caminho do banheiro do corredor.

Mal-humor matinal.

Suspirei. Por minha causa, ele não conseguiu ter uma noite de sono completa.

Tenho que parar de atrapalhar as pessoas.

Levantei e peguei minhas roupas, dirigindo-me ao banheiro.

Liguei o registro e me despi, entrando debaixo da água quentinha que caia do chuveiro. Fechei meus olhos, lembrando do meu pesadelo.

Quem era aquele homem que me ajudou? Quem era aquela mulher? E por que tudo estava tão destruído?

Saí dos meus pensamentos com o barulho de alguém batendo na porta.

— Jihoon? Vamos se atrasar, saia logo daí! — era Soonyoung. Olhei no relógio, assustando-me em ver que já haviam se passado vinte minutos.

Desliguei o chuveiro e peguei minha toalha para me secar. Depois de estar propriamente vestido, saí do banheiro vendo Soonyoung sentado na cama, já de uniforme, mexendo no celular.

Assim que ele me viu, desligou o aparelho, encarando-me.

— Obrigado por ter vindo, de novo. E desculpa ter atrapalhado o seu sono, não vai mais se repetir. — abaixei a cabeça. Não queria que ele visse minhas bochechas coradas.

— Não tem problema, não precisa se desculpar. Sabe que eu faço isso porque sou seu amigo e me importo com você. — ele disse, fazendo-me corar ainda mais. Levantou-se e pegou um pente, vindo em minha direção. E então, começou a pentear meus cabelos.

— Agora vai calçar o tênis e pegar suas coisas, se não, vamos perder o primeiro tempo de aula. — sorriu e saiu do meu quarto, deixando-me sozinho e com um coração acelerado.

Depois de calçar o tênis, peguei minhas coisas e desci, passando rapidamente pela cozinha para pegar uma maçã. Encontrei Soonyoung na porta, a minha espera para irmos.

Tranquei a porta e dei uma mordida na maçã enquanto esperava o elevador.

Assim que ele chegou, entramos e acabamos encontrando a senhora Jeon, uma mulher de cinquenta anos, e que só sabia reclamar. Ela tinha uma aura negra, que por algum motivo eu conseguia ver. Não só a dela, como a de todo mundo, o que já me salvou de várias pessoas que não tinham boas intenções.

Ok, quase todo mundo.

Não consigo sentir a aura do Soonyoung, nem de outros quatro alunos da minha sala. Mas tenho certeza que a aura dele é boa, quase angelical.

— Gostou da minha maquiagem? — a mulher perguntou, dirigindo-se a mim. Afirmei com a cabeça, ela poderia ter a idade que tinha, mas ainda era bonita. — Sabe, meu corretivo acabou essa semana, por sua causa! Você deveria ir no psiquiatra ver esses seus pesadelos ou o que quer que isso seja. Sou uma mulher ocupada, preciso do meu sono, não posso o perder só porque você decidiu gritar durante a noite. — senti meus olhos arderem e abaixei a cabeça.

— Me desculpa, senhora. — desculpei-me, com a voz embargada. Senti Soonyoung entrelaçar nossas mãos e me puxar para fora do elevador, assim que as portas se abriram.

— Não liga pro que ela diz, ok? Ela não sabe o que fala, só fala besteiras. — ele falou me levando em direção a escola. Olhei para ele e concordei, focando-me em comer a maçã.
Depois de cinco minutos andando, joguei a maçã no lixo e senti Soonyoung apertar a minha mão, começando a andar mais rápido.

— O que foi? — indaguei, tentando entender sua mudança repentina. Ele estava sério.

— Na última esquina, tinha um cara sentado num bar que não parava de te olhar, só que ele começou a nos seguir e tá nos alcançando. — ele sussurrou, apertando ainda mais o passo.

Olhei para trás, vendo um homem, já nos seus 40 anos, seguindo-nos e me olhando com um sorriso malicioso. Seus olhos estavam vermelhos e sua aura era negra e medonha, chegava a me assustar. Sem pensar duas vezes, pus-me a correr, puxando Soonyoung, só parando quando fiquei tonto, devido a quantidade diferenciada de auras que continham no portão do colégio. Segurei-me em Soonyoung, que mudou sua expressão de cansaço para preocupado.

— Tudo bem? O que houve? — me analisou de cima a baixo procurando alguma coisa de errado. Sorri pequeno.

— Não é nada, foi só uma tontura. Já passou. — o tranquilizei. — Agora, vai lá com os seus amigos. — empurrei ele em direção ao seu grupo, e o mesmo mordeu o lábio inferior, sorrindo para mim.

Abaixei a cabeça e me concentrei em achar minha sala. A quantidade de auras aqui me deixava tonto e pretendia continuar de cabeça abaixada, se não tivesse esbarrado em um menino.

Boo Seungkwan, um dos quatro alunos que tem a aura indecifrável. Ajudei-o a catar suas coisas e as entreguei para ele, não tendo tempo de me desculpar, apenas de
vê-lo correr de mim. Franzi as sobrancelhas.

Eu estou tão feio assim?

Assim que cheguei em minha sala, abri a porta e me pus a sentar em uma das primeiras cadeiras. Não que eu seja nerd ou algo do tipo, mas assim, eu consigo focar apenas no professor, o que camufla as outras pessoas, acabando com a minha tontura.

Vi Soonyoung entrar com o seu grupinho. Quando nossos olhares se encontraram, ele piscou discretamente para mim e voltou a rir de uma piada de mal gosto que seu amigo, Wonwoo, um dos meninos mais bonitos da sala, disse. Suspirei pesadamente.

Por que eu tinha que me atrair logo por ele? Digo, ele só me vê como um irmãozinho mais novo. Ele nunca vai gostar de mim!

Minha tristeza foi logo cortada pela silhueta que acabara de entrar. Os alunos ficaram quietos, mas logo começaram a sussurrar entre si, perguntando-se quem seria esse
homem que no momento, encontrava-se escrevendo algo no quadro. Uma mudança de professores no meio do ano letivo? Isso não é normal. Será que algo aconteceu ao outro professor?

Sinto que conheço esse homem de algum lugar… Mas de onde?

Terminou de escrever, formando a palavra “história” no canto do quadro. Virou-se e sorriu, olhando diretamente para mim.

— Bom dia, sou o novo professor de História. Me chamo Joshua, e é um imenso prazer conhecê-los. — Arregalei os olhos.

É ele. O cara que me ajudou. Ele é o cara do meu pesadelo.

The Destiny ChildOnde histórias criam vida. Descubra agora