Estávamos sentados no chão, ainda tentando digerir tudo o que aconteceu. Seungkwan e Vernon conversavam sobre algo, mas não estava prestando muita atenção no assunto. Virei-me para Soonyoung, que possuía um olhar vazio.
Eles não deveriam estar passando por isso.
Uma silhueta tomou conta da fraca iluminação da calçada que chegava em meu rosto. Levantei minha cabeça, vendo Joshua contra a luz. Sua expressão era de preocupação.
— Vocês estão bem? — perguntou, agachando-se.
— Sim, pelo menos eu acho. — Seungkwan respondeu. — uma das almas agarrou o Jihoon, quase não conseguimos tirá-lo de lá. — suspirou, e Joshua arregalou os olhos.
— Está tudo bem com você? — colocou sua mão direita em meu ombro, olhando profundamente em meus olhos.
— Sim, está. — mexi levemente a perna pelo desconforto de tanto tempo na mesma posição, e seu olhar desceu até minha panturrilha, que se encontrava mais vermelha ainda. Aquilo ardia como o inferno, mas eu estava segurando bem. Minha expressão entregou a dor que eu estava sentindo no momento em que ele pôs sua mão na área. O gesto me fez soltar um grito arrastado, o que assustou todos eles.
— Jihoon, o que é isso? — questionou.
— Foi por onde a alma me segurou. — fechei os olhos com força, e as lágrimas desciam livremente.
De repente, o incômodo passou. Olhei para baixo, Joshua tinha colocado a pulseira que ganhei de Soonyoung em meu tornozelo. Uma luz branca emanava por debaixo de minha pele, e eu estava tendo uma sensação gostosa. O que estava irritado em minha perna sumiu em questão de segundos.
— Eu nem sabia que essa pulseira tinha esse poder. — Soon exclamou, surpreso.
— É uma pulseira com a Pedra dos Anjos, como não sabia? — o mais velho perguntou, incrédulo.
— Não sei, meu pai tem várias dessas em casa, eu só achava-as bonitas, e perguntei se podia usar uma para fazer uma pulseira. Ele permitiu e levei em um amigo dele para fazer. Não fazia ideia de que era uma pedra com poderes. — respondeu, cruzando os braços. Joshua abriu o fecho e retirou-a de onde estava, colocando-a de volta em meu pulso. Ajudou-me a levantar, e fiquei de pé, abismado com o que tinha acabado de acontecer.
— De qualquer forma, que bom que todos estão bem. Pelo menos todos saíram da casa em segurança. — Joshua disse, e um silêncio se instaurou entre nós. — Algo de errado?
A mãe do Vernon.
— Não, a minha mãe! Minha mãe ainda está na casa! Eu não posso deixar que ela fique lá dentro com tudo aquilo junto a ela! — Vernon gritou, e começou a correr. Seungkwan pulou em cima dele, segurando-o. Todos corremos para ajudar a contê-lo.
— Vernon, para, me escuta! Nós não podemos voltar na casa agora, olha o que acabou de acontecer com a gente! — Boo tentou convencê-lo, mas ele não queira ouvir.
— Desculpa Kwannie, mas eu não vou perder a minha mãe, não agora! — antes de chegarmos nele, ele conseguiu se soltar de Kwan, que caiu no chão, ajoelhado.
Sua respiração ficou pesada, e ele fechou as mãos, apoiando-as em suas coxas. Ele fazia pressão nas mesmas, como se lutasse contra algo dentro de si. Seu tronco se ergueu junto de sua cabeça, dando-nos plena visão de seu rosto. Seus olhos começaram a brilhar com uma luz ofuscante e um vento forte começou a nos cercar. Folhas, papéis, tudo que estava no chão começou a voar em círculos, rodeando-nos. À medida que a luz aumentava, o vento também aumentava.
O que está acontecendo com ele?
— Premonição. — Joshua sussurrou.
Dei as mãos para Soonyoung e Joshua, e segurei-os o mais forte que podia. Hansol voltou a tentar entrar na casa, mas foi arremessado para trás por várias almas, que saíram todas ao mesmo tempo. Ele caiu no chão, desacordado.
Soonyoung soltou-se de nós dois, e correu até ele. O vento estava insuportável e a luz, cegante. Ele o abraçou, mesmo deitado no chão, e eu fechei os olhos, pois não conseguia mais olhar para o Boo.
Alguns segundos depois, tudo acabou. O vento parou bruscamente, e a luz desapareceu. Seungkwan ainda estava de joelhos, mas com as mãos no asfalto. Joshua e eu corremos até ele, e Soonyoung permaneceu junto a Vernon.
— Você ‘tá bem? — perguntei, preocupado.
— Ele vai ficar. O poder dele se manifestou pela primeira vez. Todos os seus poderes começam a ser conhecidos por vocês de maneira caótica, com ele não seria diferente. — Joshua esclareceu, levantando-o junto a mim.
— O que aconteceu? — Seungkwan sussurrou.
— Do que você se lembra? — Joshua questionou.
— Não me lembro de muita coisa. Mas eu vi algo, logo depois que ele correu, eu o vi sendo derrubado e possuído por uma das almas quando tentou entrar na casa. — respondeu, fraco. — onde ele está? — olhei para Soonyoung, que estava abraçado a ele, desesperado.
— Acorda, por favor, não se entrega, não tão fácil assim. — suplicava, balançando-se agarrado a ele.
Hansol abriu os olhos vagarosamente, o que fez ele suspirar, aliviado. Mas ele levantou-se rapidamente, o que assustou Soon, que afastou-se, ainda praticamente deitado no chão. Eu soltei Seungkwan e corri em direção aos dois. Tudo parecia em câmera lenta depois disso.
Tão perto, mas tão longe.
Vernon, sem encostar no Kwon, ergueu-o, e começou a enforcá-lo, sem colocar um dedo em seu pescoço.
— Mas será possível que vocês são tão burrinhos assim? — sua boca mexia, mas aquela não era a sua voz.
Foi a mulher que possuiu ele? Você só pode estar brincando comigo.
— Impressionante como não aprendem. Mas até que dou um crédito, ele quis voltar para salvar a tão amada mãezinha. Uma pena que foi a primeira a morrer. — mais uma vez, a risada seca que eu detesto ouvir. Meu sangue ferveu.
Ela não tinha esse direito.
— Eu quero tanto começar a me divertir. Que tal começando por esse aqui? — a mão dele se fechou mais, e o que enforcava Soonyoung se apertou também. Ele começou a grunhir, e já estava ficando mais roxo.
Não é possível que eu esteja tão longe deles.
Assim que cheguei em Vernon, derrubei-o no chão, e Soonyoung caiu. Ele começou a tossir, tentando recuperar o ar. Eu e Vernon nos levantamos, e eu estava em posição de luta, assim como ele.
— Jihoon, você é a criatura mais irritante que existe nesse mundo, e olha que já conheci muitos antes de você. — reclamou.
— Não estou nem aí para o que você acha, olha bem para a minha cara e me diz se eu vou ligar para o que um demônio fala de mim. — ri, irônico. Não sei se foi uma boa ideia, porque ela ficou com mais raiva.
Mas que se dane, isso foi libertador.
Ele começou a correr em minha direção, e eu conseguia ver toda aquela aura negra e densa deixando um rastro no meio da rua. Eu estava com medo, mas ao mesmo tempo eu queria lutar.
Ela possuiu meu amigo, isso não vai ficar assim.
Antes que ele pudesse chegar em mim, Vernon foi atingido por um clarão, o mesmo da pulseira. Olhei para trás e encontrei Soonyoung, que estava de pé, com as mãos levantadas, e aquela luz branca emanava delas. Hansol caiu no chão, e a mulher saiu de seu corpo.
— Isso não vai ficar assim! Eu vou voltar! — esbravejou, soltando um grito arrastado de dor, e desaparecendo logo depois.
Kwon caiu de joelhos, e eu não sabia o que fazer. Seungkwan e Joshua passaram em minha frente e correram até Vernon, e eu corri em direção ao Soon.
— Ei, ‘tá tudo bem? Você quase morreu! — exclamei, preocupado.
— ‘Tá tudo bem sim, fica tranquilo. — respondeu, ofegante.
— Vem, levanta. — estendi minha mão, que foi agarrada por ele, ajudando-o a ficar de pé. Olhei para os dois, que estavam auxiliando o Hansol a se levantar também.
Algo me diz que essa não vai ser a última vez. E vai ser mais difícil ainda na próxima.
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The Destiny Child
फैनफिक्शनA maldição que pairava sobre aquele grupo de garotos nunca se fez mais presente. O medo e o terror que crescem no coração de Lee Jihoon entram em conflito com a recém descoberta paixão por seu melhor amigo, Kwon Soonyoung. Os dois acabam descobrindo...