{SIX}

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— Como você está, Jihoonie? — Soonyoung perguntou. Deitou-se na cama e virou em minha direção, fazendo-nos ficar cara a cara.

— Com medo. — sussurrei, olhando para ele. Poderia ficar a noite inteira observando Soonyoung.

Seus cabelos sedosos caíam levemente sobre seus olhos puxados e negros; seu perfume adentrava por minhas narinas e eu sabia que poderia sentir seu cheiro pela eternidade; seu sorriso calmo que enchia meu peito de felicidade; seus lábios rosados e finos, que mesmo rachados, atraíam-me, como o sol atrai a terra; sua risada, ah sua risada, era o mais bonito som que eu já havia escutado, a mais bela melodia. Soonyoung era perfeito, meu coração acelera só de pensar em tê-lo, mas se quebra aos poucos em lembrar que isso é algo que, talvez, nunca aconteça.

Fui cortado de meus pensamentos pela claridade de um relâmpago que acabará de atravessar o céu. Encolhi-me na cama e fechei meus olhos com força. Pressionei minhas mãos contra meus ouvidos, na tentativa, falha, de não ouvir o barulho, o que não adiantou, já que consegui escutar o estrondo que o trovão fez, e aos poucos foi se misturando com os pingos de chuva que começavam a cair.

Senti Soonyoung se aproximar, passando um de seus braços pela minha cintura, e o outro por debaixo de minha cabeça, envolvendo-me em um abraço. Percebi que eu já havia começado a tremer, visto meu trauma com tempestades.

— Shh, vai passar. — disse, beijando meus cabelos, começando um carinho nos mesmos.

— Soon… — murmurei. — canta para mim? — escutei sua risada baixa, que logo foi substituída por sua voz melodiosa e calma, levando-me a um estado de puro deleite, e acabei adormecendo logo em seguida.

~//~

Acordei com o som do meu celular a tocar e sem Soonyoung ao meu lado.

Que ótimo jeito de começar a manhã.

Peguei meu aparelho, que estava completamente rachado, atendendo a ligação.

— Alô? — perguntei, ainda com a voz rouca.

— Jihoon? Te acordei? — era Soonyoung.

— Acordou, mas não tem problema. — involuntariamente, acabei sorrindo.

— Ah que bom! Queria dizer que, não te acordei para ir para a escola, como você já deve ter percebido. — e eu de fato, havia — você dormiu mal esta noite e eu fiquei com pena de te acordar — escutei sua risada, fazendo-me sorrir — só liguei 'pra avisar que, mais tarde eu passo aí 'pra deixar a matéria do dia. Tudo bem?

— Sim, obrigada hyung! — afundei meu rosto em minhas mãos, com vergonha. Que bom que ele não pode me ver agora.

— Disponha, preciso voltar para a sala agora, até depois? — perguntou.

— Até! — respondi, sorrindo.

 Desliguei a chamada, lembrando das mensagens que ele havia me mandado. Ele me queria junto a ele. Será que ele gosta de mim? Senti minhas bochechas corarem.

É um saco ser tímido.

~//~

— Hyung, posso falar com você? — Soonyoung já havia chegado e estava deitado na minha cama, assistindo TV.

— Claro, o que houve? — disse, desligando o aparelho e sentando-se. Cruzando as pernas, começou a me olhar, o que me deixou levemente morrendo de vergonha.

— O motivo de eu ter te chamado aqui, além da chuva, é que ontem eu recebi umas mensagens, de um número desconhecido. Nelas, esse alguém dizia que 'tava me observando e várias outras coisas. — tirei meu celular do bolso, sentando em seu lado e o entregando o aparelho já desbloqueado, com as mensagens abertas. Quanto mais Soonyoung lia, mais arregalava seus olhos. Quando terminou, olhou-me assustado.

— Jihoon, isso é sério! Digo, quem faria uma coisa dessas?! Isso é crime, sabia? — ele disse agarrando meus ombros e me balançando para frente e para trás.

— Calma hyung… — tirei suas mãos de meus ombros e as envolvi com as minhas. — se ele ou ela, sei lá, mandar algo de novo, eu te aviso, ok? — Sorri para ele que me olhou desconfiado, cruzando os braços. Fiz uma cara fofa e ele suspirou, relaxando seus ombros.

— Tudo bem, tudo bem. — disse derrotado. — mas se eu souber que você escondeu alguma mensagem de mim… — apontou o dedo em minha direção e se levantou, saindo do quarto, e pelo barulho da porta, de casa.

Fui cortado da minha bolha de confusão pelo barulho da minha barriga a roncar. Olhei para baixo, colocando a mão na mesma.

Está na hora de comer.

Lembrei que não tinha comida em casa, então, decidi comer em algum restaurante por aí.

Ao sair do meu prédio, vi a alta concentração de pessoas e com elas, a alta concentração de auras, deixando-me tonto. Foquei no chão abaixo de mim, desconcentrando-me das pessoas.

— Jihoon. — escutei alguém sussurrar. Olhei para trás e para os lados, procurando o dono da voz, parando em frente a uma loja de espelhos. — Jihoonie. — continuei a procurar, quando pousei os olhos na vitrine e a vi.

Era a mulher do espelho.

Minha respiração começou a acelerar, minhas mãos começaram a suar e a tremer, assim como minhas pernas. Travei no lugar enquanto a olhava.

Tem algo de diferente nela. Ela parece assustada.

Ela estava... falando? Foi ela que ouvi, então? Não pode ser, não sai som de sua boca, ela apenas a mexe.

— Lee Jihoon! — escutei uma risada seca. — Você vai morrer. — cantarolou. A cada palavra dita, a mulher do espelho se desesperava mais. A voz continuou a cantarolar a mesma frase, repetidamente e cada vez mais estridente, deixando-me cada vez mais tonto. A mulher do espelho, que agora parecia gritar, olhava-me assustada.

A voz foi ficando cada vez mais alta e estridente e os espelhos, junto com os vidros da vitrine, estilhaçaram-se, fazendo com que vários cacos de vidro perfurassem minha pele. Senti a tontura ficar cada vez mais forte, até que tudo escureceu.

~//~

Abri meus olhos, olhando para o teto escuro de um quarto.

Onde eu estou? O que aconteceu?

Sentei-me e olhei para o lado, vendo a sombra de um homem se aproximar.

— Vejo que acordou. — sorriu e se sentou na cadeira do lado da cama, acendendo o abajur que ali estava, dando-me uma visão perfeita de seu rosto.

— Você?! — exclamei, assustado.

The Destiny ChildOnde histórias criam vida. Descubra agora