- Bom dia a todos. - digo chegando na pequena cozinha e sentando para comer pois a mesa já estava pronta e que mesa farta! - Obrigada Senhor por tanta fartura. - digo em voz alta e Jack me olha com cara feia. Não sei o que há de errado nele, ou minha voz incomoda ou é as coisas que digo pois ele vive de cara feia para mim. Nem ligo ou seja eu ligo, gostaria de que fosse diferente.
- Bom dia minha linda! - disse dona Maria me beijando na testa. - Deus nunca deixou faltar comida em nossa mesa e Agnaldo teima em ter a mesa sempre assim. - ela diz colocando a tigela com cuscuz com leite na mesa.
- Para nós qualquer coisa serviria não é mesmo senhorita Débora? - Jack fala ironicamente meio que me repreendendo.
- Claro que sim, mas não falei por ter visto a mesa tão farta, e sim por ter dormido bem, em uma cama cheirosa e limpa, ter o que comer ao acordar e poder olhar para fora e ver tudo que Deus criou, isso é mais que fartura senhor Jack não acha?
- Crianças, não vão brigar no café da manhã não é? - Dona Maria diz e ouço a rizada de Claudia que vem chegando também. Ela nem sabe que a única criança é o ogro na minha frente. Mas tudo bem eu não vou dizer a verdade a ela apenas dou um sorriso doce.
- Olá bom dia. - Claudia diz sentando e já se servindo. - Eu andei pensando e acho que tenho uma solução para a senhorita. - ela diz apontando para mim com a faca e penso em mamãe o que diria em ver alguém agir assim na mesa.
- Oh que bom pode me contar logo? - pergunto apontando a xícara na sua direção imitando o ato dela para que pensem que não ligo com falta de educação na mesa. Sinto o meu ogro preferido me olhar e esboçar um leve sorriso, mas que não passa disso.
- Nós estamos sem professora, a última foi embora e não voltou, pode se candidatar a vaga.
- Mas como se ela não é legalizada? - Jack a atrapalha.
- Claro que sou. Sou professora formada na melhor escola do pais. - digo olhando para ele pensando: "Toma essa!"
- Melhor ainda, podemos passar na prefeitura ainda de manhã se quiser. - ela diz tomando um gole de seu café com leite.
- Obrigada, ontem fui dormir achando que não teria chance de ficar na cidade com a igreja fechada. - digo limpando os cantos da boca com o guardanapo de papel.
- Se não for incomodar eu poderia ir com vocês? Preciso me apresentar ao delegado da cidade. - Jack fala voltando a atenção a Claudia e eu reviro os olhos.
- Na verdade Jack nós não temos delegado a delegacia está entregue as moscas, já foi solicitado um delegado para a cidade mais não foi enviado ainda. - ela diz levantando e levando o prato.
- Então devo falar com o prefeito como oficial não posso ficar na cidade clandestino, preciso me apresentar. Posso ir com vocês? - ele pergunta dessa vez me olhando como se quisesse saber minha opinião.
- Claro que pode meu filho, é até bom que as meninas não vão só. - Dona Maria que até então estava calada diz para ele com um sorriso. - Não precisa pedir para ir não é Clau?
- Com certeza não, só precisamos partir imediatamente se quiser pegar o prefeito na prefeitura. - ela diz secando as mãos após ter lavado o prato que comeu e eu entendo que tenho que fazer o mesmo, então me dirijo para lá.
- Minha menina não quer lavar o de seu noivo também? - dona Maria pergunta apontando o prato de Jack e instantaneamente nós nos olhamos por alguns minutos e estou com cara de espanto com certeza.
- Ela é noiva sim senhora mais é de outro não de mim. - ele diz sorrindo para a boa senhora e eu estou ainda estática no meu lugar tentando assimilar tudo que ouvi.
- A ta eu pensei que fossem noivos. - a mulher diz um pouco constrangida. - Desculpa minha filha que seu noivo não nos ouça não é?
- Noiva? Eu? - pergunto para Jack. - Me diga senhor Jack o que lhe disseram quando lhe mandaram me acompanhar na viagem? - pergunto e sinto que estou ficando com raiva.
- Vamos deixar isso para lá gente. - Claudia diz se metendo no assunto com certeza percebendo o clima chato que estacionou aqui. Ai que eu tenho vontade de estourar com esse homem a todo momento. Calma Débora ele é só um estorvo.
- Não tudo bem para mim dizer senhorita Claudia. - ele diz levantando e levando o prato até a pia. - O meu superior é irmão do rapaz que veio falar comigo dizendo que gostaria de uma pessoa de confiança para acompanhar a noiva dele numa viagem ao interior para que eu garantisse que nada de ruim acontecesse com ela. - ele diz lavando os nossos pratos que retirou da minha mão calmamente. - No começo eu fiquei sem entender o motivo pelo qual uma moça de família rica tenha vindo para um lugar simples como esse, mas depois de ver a atitude da Senhorita Débora com o seu pai eu percebi que ela é diferente das granfinas da cidade grande. - ele completa secando as mãos e arrumando o pano no prego que estava antes.
- Por isso me tratou como um parvo? - digo sem pensar e coloco a mão na boca tentando em vão que minhas palavras não tenham sido ouvidas.
- Peço perdão senhorita se fui rude em algum momento, mas tenho pouca paciência com gente granfino.
- Poderia ter tentado me conhecer antes de ser um ogro batizado. - novamente coloquei minha mão na boca eu não sei o que havia comigo que estava falando tudo quanto pensava.
- Melhor irmos, o prefeito não fica muito tempo na prefeitura e após isso só o vemos no bar que não é um local propício para falar com ele. - Claudia intervem cessando o assunto.
No caminho estamos os três calados, o sítio não era longe da cidade era uma caminhada confortável e que logo chegaria. Eu me sentia um pouco constrangida perto de Jack após a revelação dele e irritada com Marquinhos que tomou posse de mim como se fosse casar comigo, eu precisava fazer algo a respeito e seria logo.
- Acha que ele vai me contratar? - perguntei a Claudia rompendo o silêncio.
- Vamos tentar, mas se quer um conselho não deixe ele perceber de imediato que é cristã isso interferiria de forma negativa na resolução dele.
- Ele seria um tonto se não aceitasse pelo que ouvi as crianças estão sem aula. - Jack fala me lançando um sorriso que entendi como sendo de você consegue. Não sei se iria gostar de ter esse novo Jack perto de mim, é melhor voltar a brigar com ele para não me apaixonar, já viram o sorriso dele com aquela covinha? Muita tentação para meu caminhão.
- Bom pelo que sei ele não é Deus e se meu Deus quiser abrir essa porta Ele irá abrir. - rapidamente me pus a cantar meu hino preferido.
" Se a porta abrir, Ele é Deus. Mas se fechar continua sendo Deus..."
Não chegamos nem na cidade e ouvimos gritos de uma mulher pedindo socorro, Jack saiu correndo para lá e quando chegamos perto havia um homem com um revolver na mão apontando para uma criança ameaçando a mãe por dinheiro. Fiquei boba com a fineza do ladrão que estava de terno e gravata para roubar, acreditam?
Ficamos ali vendo Jack lutar corpo a corpo com o cara e como um passe de mágica o homem foi imobilizado e o lenço do cabelo de Claudia serviu para atar as mãos do homem e o conduzimos até a prefeitura conosco.
Na prefeitura o prefeito estava de saída e ficou surpreso aos nos ver com um ladrão que ele já estava procurando a alguns dias, foi com Jack deixar o homem na prisão e sem pestanejar nomeou Jack como mais novo xerife da cidade (era como chamavam o delegado na cidade) e ficou de pensar na possibilidade de eu ensinar as crianças.
- Olha aí a nossa vinda a cidade foi proveitosa e emocionante. - Claudia dizia após os comentários sobre o assalto.
- Deus abriu uma porta para você Jack depois agradeça a Ele por isso. - disse olhando para o lindo ogro com estrela de xerife na minha frente.
- Obrigada Deus de Débora. - ele disse sorrindo e passou a mão sobre a estrela.
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Deus é Deus
EspiritualLivro 11 Débora Moura uma jovem que não mede esforços para apregoar a palavra de Deus. Ainda jovem, foi escolhida pra uma missão de fé e coragem, destemida e acreditando no Deus que serve ela não duvida do que tem que fazer, assume o papel que Deus...