Capítulo 18 - Se a doença vier...

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Já fazia duas noites que eu estava dormindo no hotel, não porque eu estivesse evitando Claudia, mas porque havia muito para fazer por aqui eu ficava até tarde e conseguia voltar para o sítio após anoitecer sozinha

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Já fazia duas noites que eu estava dormindo no hotel, não porque eu estivesse evitando Claudia, mas porque havia muito para fazer por aqui eu ficava até tarde e conseguia voltar para o sítio após anoitecer sozinha. Estava evitando andar só com Jack a noite e evitar falatório. Também ouvi comentários que eles estavam passando por problemas pessoais um dos alunos disse e como não vieram até mim para dizer nada estou com vergonha.

Mas hoje estou decidida a não ficar corrigindo tarefas ou passando tarefas e ir jantar com eles no sítio, por isso que ao terminar minha aula estou aqui organizando a estante para ir antes do anoitecer.

- Boa tarde professora. - Jack diz me surpreendendo por trás e viro-me para ele ficando tão próxima que sinto sua respiração e dou um passo bem rápido para trás.

- Boa tarde Jack, me assustou um pouco. - digo me afastando mais um pouco.

- Desculpe não foi minha intenção, mas vim lhe buscar. - ele diz um pouco sério e fico preocupada na hora.

- Para me levar para onde?

- Claudia precisa de apoio, as coisas não estão bem lá fora. - ele diz sério.

- Pode me contar Jack? Mas espere vamos me contando no caminho estou quase pronta para sair. - digo e viro-me para pegar minhas coisas, na pressa derrubo uma cadeira e olho para Jack que se diverte de minha atrapalhação. É essa palavra eu inventei por seu um tanto atrapalhada.

- Pode agir com calma Débora, não precisa derrubar o bar todo. - ele diz indo para a porta e abrindo a mesma.

- Já estou pronta vamos. - digo chegando perto dele na porta já com minha bolsa e minha Bíblia. - Já pode me contar também o que está havendo tão sério.

- Sim senhora. - ele diz rindo mas percebo que ele está querendo descontrair. - O prefeito conseguiu a liminar que tira o povo de suas casas, numa discussão com ele sr. Agnaldo passou mal e a mãe de Kadu faz uns cindo dias que não anda bem, resumindo tudo está um caos e precisamos de você por lá.

- Como ninguém me disse antes? - pergunto me sentindo traída. - Jack sua delegacia é a dez passos do hotel e não me avisou? - realmente estou me sentindo a excluída.

- Desculpa Débora, mas eu estava tão tonto com tanta coisa que não imaginei que não soubesse, soube que Kadu foi preso? Não por mim mas por um colega xerife que veio a mando do prefeito, felizmente eu consegui soltar ele antes de ser transferido.

- Meu Deus, porque o prenderam?

- A mãe dele estava na aldeia servindo sopa junto com outras pessoas da igreja, inclusive eu passei lá mais cedo e ajudei um pouco, quando me retirei para fazer a ronda, o prefeito apareceu com Magno o xerife e mostrou a liminar que retirava as pessoas de suas casas, foi tudo um alvoroço só Kadu tomou as dores das mulheres e como era só ele de homem no lugar foi preso por agressão a autoridade.

- Claudia deve estar destroçada, isso foi na noite que ele não compareceu para o jantar. Mas me diga uma coisa e esse xerife ficará no seu lugar?

- Não sei ainda, hoje estou sem farda pois vou ajudar vocês e não quero misturar as coisas, mas depois vamos ver como será.

- Deus tem te usado para nos ajudar sempre. - digo e ele me olha bem sério, imagino que não tenha gostado mas ouço.

- Essa é a intenção que eu seja usado por Ele. Foi para isso que me chamou não foi?

Eu fico sem entender, pisco várias vezes e não consigo entender o que quis dizer com isso.

- Débora amanhã estará chegando um pastor na nossa cidade vem a pedido de Claudia para ajudar, será bom para você já que está querendo expandir os cultos.

- Verdade, mas será que vamos conseguir?

- Com Deus na frente já viu não ter vitoria? - ele me pergunta e começo a ter certeza que ele é crente, mas será que estou enganada? Estou confusa e com vergonha de perguntar. - Pode perguntar não fique aí abrindo e fechando a boca e não diz nada por favor. - ele diz e levo minha mão na boca envergonhada.

- C-como sabe que queria falar?

- Toda vez que quer falar algo que não tem certeza de como será a resposta você fica aí abrindo e fechando essa boca rosada várias vezes como se escolhesse as palavras para falar.

- É que você está falando como um servo de Deus e fiquei confusa. - pronto disse e agora é ver as consequências.

- Falo como um por ser um Débora.

- Mas você disse que...

- Eu não disse nada, comentei apenas com você que me afastei dos caminhos quando minha mãe adoeceu. Isso não quer dizer que eu permaneça afastado. - ele me corta e ainda fala rindo.

- Ora Jack, não posso adivinhar as coisas.

- Então em vez de adivinhar pergunte e eu respondo.

Chegamos no sítio e eu corro para perto de Claudia que está cabisbaixa na varanda.

- Oi amiga o que houve? - pergunto lhe abraçando e recebo choro como resposta. - Shiii, calma que vai dar tudo bem quer me contar?

- Ele não levantou da cama cedo eu desconfiei que estivesse doente, mas aí chegou a notícia do tumulto na vila e ele teve um início de infarte. Kadu aquela noite faltou pois estava preso, apanhou tanto está todo machucado e tia ainda adoeceu para completar. - ela despejou tudo em prantos. - Para completar você ficou com raiva de mim e não voltou para casa. - ela arrochou mais o abraço e senti uma culpa enorme de ter deixado um mal entendido entre nós duas.

- Olha amiga, não fiquei com raiva, só não estava vindo para não vir a noite com Jack e muita coisa lá para mim, quando estivermos morando perto será melhor. - tentei animar.

- Eu fingi que estava com raiva mas na verdade foi para você descer, eu não estava com raiva.

- Mas depois se escondeu no lençol igual criança mimada.

- Foi para chorar e estava com vergonha que visse.

- Vem cá amiga. - puxei ela para outro abraço e deixei ela chorar mais um pouco, só depois que ela já estava bem calma eu a soltei e fui em direção a sala falar com dona Maria.

Encontrei um clima de velório na sala algumas pessoas tristes pelos cantos e outras chorosas e pelo quadro eu imaginei o pior, mas como já haviam me dito que ele estava sedado para o remédio fazer efeito, eu não estava preocupada.

- Minha filha. - dona Maria ao me ver estendeu a mão para mim e abriu um sorriso.

- Dona Maria ele vai ficar bem. - digo para ela que assente com a cabeça em positivo e me puxa para perto dela, quase me esmagando com um abraço apertado.

- Ele disse que ficará bem, mesmo assim o pastor Mateus foi chamado para tomar a frente da situação e está a caminho.

- Deus é maravilhoso dona Maria. - disse alisando o braço dela.

As vezes eu queria ser uma pessoa diferente, daquelas que sempre sabem o que dizer na hora certa, mas eu sou tímida  e isso dificulta em certas horas. Olho em volta da sala e vejo num canto reservado Jack conversar com Kadu, observando o pobre moço vejo o quanto está machucado e imagino ter sido os capangas do prefeito a ter feito isso. Ele teve sorte de estar vivo, pelos hematomas a surra foi grande.

Deus é DeusOnde histórias criam vida. Descubra agora