91- O Inferno Que Você Criou

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As lágrimas caíam enquanto o carro disparava pela cidade, não conseguia entender por que Trevor havia feito aquilo comigo, e não me referia ao emprego, a mensagem tinha sido clara, ele não me queria mais por perto. Eu sabia que essa mudança havia acontecido por conta da sua conversa com minha mãe, e assim que a encontrasse descobriria o que acontecera.

Quando chegamos o motorista me ajuda a pôr as caixas dentro de casa, lhe agradeço e ele se vai. Meu pai não estava em casa, provavelmente tinha ido buscar minha mãe no hospital. Pego minhas coisas e levo até o quarto, alguns minutos depois estava eu sentado na minha cama, com caixas cheias de livros e lembranças empilhadas, fico ali encarando tudo por um longo tempo antes de decidir organizar tudo, pego objeto por objeto e o ponho em seu devido lugar, poderia parecer muito desesperançoso da minha parte já guardar tudo como se estivesse esse fim, mas a verdade é que eu não aguentaria ficar apenas pensando, precisava me ocupar.

Quase uma hora depois estou diante da última caixa, lhe abro e sobre os livros restante descansava uma carta de papel simples, seu exterior era quase absolutamente limpo, nele só haviam duas palavras que faziam companhia uma a outra enquanto me esperavam. "Para Sebastian".

Com uma mescla de excitação e ansiedade a abro, aonde encontro a letra cursiva de Trevor, em alguns lugares no papel encontro ondulações aonde a água devia ter caído, lágrimas, sigo até a primeira linha.

"Olá Sebastian, estou te escrevendo pois sei que lhe devo algumas explicações, já deixo claro que não estou pedindo o seu perdão, nem ao menos que me entenda, simplesmente decidi que não deveria deixá-lo sem uma mínima resposta.

Eu estive com a sua mãe e tivemos uma conversa, ela não me atacou, foi mais serena do que jamais imaginaria, em cada uma de suas palavras me mostrou o quanto te amava e se preocupava contigo. Eu disse a ela que também te amava.

É exatamente por isso que estamos distantes agora, existem fatos ditos que não posso negar, todo esse tempo eu estive roubando sua única oportunidade de ser uma pessoa normal, perdão por isso.

Esse é um adeus, espero que possa voltar ao que era antes, se case, construa sua família e seja feliz, não vou mais te incomodar. Boa sorte Sebastian.

Com todo o amor que um dia te forcei a receber, Trevor."

Quando acabo de ler sua carta eram as minhas lágrimas que a molhavam, me agarro ao envelope me deito na cama e choro como jamais havia feito antes, todas as barragens dentro de mim haviam se rompido, podia sentir o quanto Trevor fôra sério ao que escrevera, mas nada era tão ruim como saber que ele também estava sofrendo.

Depois de alguns minutos tento me recompor, tinha muito a fazer. Me levanto e começo a arrumar minhas coisas, quando estou pronto olho para o meu quarto até encontrar um porta-retrato, nele havia uma foto de nossa família, vou até ele, o arranco da moldura, o rasgo e guardo um pedaço na mochila.

Então sigo com ela no ombro e me sento no sofá da sala e ali espero, um pouco mais de meia hora depois meus pais chegam, Ivana vinha apoiada em meu pai.

Ao me ver ela sorri, os olhos alegres dela encontram os meus em fúria.

-Já em casa, filho?- pergunta surpresa.

-Não por muito tempo, Ivana.- respondo frio.

-Ivana? Por que está me chamando assim filho? Sou eu, sua mãe.

-Eu fui demitido do Imperial Construtora.- informo.

-Talvez isso tenha sido um livramento.-diz me forma prepotente.

-Me faça ao menos um favor e pare de fingir que nada aconteceu. Não sou idiota, posso não ter ouvido a conversa entre você e Trevor mas tenho uma boa idéia do que aconteceu.- digo sacando a carta, ao ouvir o nome de Trevor seu corpo se irrigece.

-Então quer dizer que ele veio fazer sua cabeça de novo?- observa desgostosa.

-Não ouse tratar ele dessa forma, o Trevor nunca me obrigou a nada, cada passo nosso foi dado de forma saudável, ele me conquistou.

-Você está sendo inocente filho, foi manipulado!- diz ela exaltada.

-Não! Nunca houve manipulação, não foi forçado. E não me chame de filho.

-Ele é mentiroso!- acusa.

-Nunca mais repita isso, Trevor é o homem mais honesto que já conheci.- digo me lembrando de seu eterno compromisso com a verdade.

-Bobagem, você está sendo influenciado.

-Não, influenciado foi o Trevor quando acreditou nessa sua história de estar roubando minha chance de ser normal.

-Você me respeite, eu sou sua mãe, eu te dei a vida!- diz me apontando o dedo.

-E do que isso adianta?! Você também me tirou ela!- vocifero me aproximando dela, quase a acuando contra a parede, estava queimando por dentro. - E não me chame de mãe.

Nesse momento ela faz o que nunca havia precisado fazer, dá um tapa em meu rosto.

-Escute aqui seu moleque! Não vou te perder pra um maldito viado!- voltando a apontar o dedo na minha cara.

Dou um passo para trás, as lágrimas que haviam secado voltam aos meus olhos, ela jamais mudaria, existiam pessoas que não mudariam mesmo que fossem ajudadas. Então tudo se silencia em minha mente, apenas uma frase ecoava. "Não vou te perder pra um maldito viado!" Meus olhos que fitavam o chão se voltam a ela.

-Pois acabou de perder.

Então sigo até o sofá, apanho minha mochila e sigo na direção da porta, Ivana tenta bloquear meu caminho.

-Ainda você pensa que vai?- questiona como se ainda estivesse controlando a situação.

-Embora, - digo lhe empurrando de lado.- Você venceu o Trevor, me destruiu pra isso, agora aproveite o inferno que você criou.

Então saio pela porta e corro, partindo sem rumo, se Trevor não era uma opção, ninguém mais seria.

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Olá pessoinhas, este é o último capítulo antes do final que será dividido em três partes, então o que estão achando? Votem e comentem, quero saber o opinião e a reação de vocês!!!

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