14- Doce Dinheiro Sujo / Emprego Novo

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Como foi a noite? Uma completa loucura de sonhos aleatórios, mas talvez o mais ridículo tenha sido um em que Trevor se aproxima de mim, segura minhas mãos, me olha nos olhos e diz "Seu boquete é péssimo"

Me levantei cedo, mas já fazia mais de uma hora que eu estava acordado. Algumas dúvidas rondavam minha mente, será que fazer sexo oral em outro homem contava como perder a virgindade? Lembro dos gemidos de Trevor, ser chupado parecia muito bom. Penso tanto nisso que acabo ficando excitado, o que era errado. (Se acalme Sebastian, pense em pôneis e arco-íris)

Minha mente tinha várias partes, mas todas elas estavam unidas para descobrir uma forma de acabar com tudo aquilo, evitar um próximo encontro, eu sabia que se as coisas continuassem seguindo naquela direção logo as dúvidas sobre sexo oral não importariam mais.

Havia mais uma questão, aparentemente eu não era o que o Imperador procurava, o que significava que provavelmente o próximo encontro seria com outra pessoa.

Então desisto de pensar e me arrumo para ir à agência, meus pais já haviam partido rumo a igreja. Caminho meio desatento pela rua, se tivesse algo dê valor seria fácil roubar. Passo por uma escola, os muro estavam cobertos por desenhos de coelhos e outros enfeites, a Páscoa se aproximava, depois de alguns minutos chego à agência, o lugar estava praticamente deserto, vou até Lilian, a recepcionista, tinha medo de que ela me ignorasse como da última vez.

-Seja bem-vindo à Narcisus, Otávio está esperando o senhor na sala dele.

-Nossa, quanta diferença.- acabo soltando.

-Me desculpe pela última vez,- diz ela.- mas quando se é recepcionista é preciso ser um pouco enérgica senão este lugar se tornaria um verdadeiro caos, a agência perderia até mesmo parte da credibilidade. É meu dever filtrar o que realmente é de interesse para que o Otávio não perca seu tempo.

-Verdade, você está certa, é seu trabalho e você faz o que pode para fazê-lo com perfeição.- digo, ela assente.

Me despeço e sigo para a sala de Otávio, quando abro a porta o encontro sentado em sua cadeira vendo algo no seu computador, sua atenção se volta para mim.

-Ora, ora, se não é nosso novo funcionário? Então, como foi seu primeiro dia?- diz ele rindo, não digo nada.- É brincadeira, eu sei como foi.

-Sabe?- pergunto assustado.

-Sei, na verdade deduzo, depois de ver o pagamento não há muito mais para se duvidar. Vamos, sente-se.

-Foi tão ruim assim?- pergunto.

-Veja bem, eu não sei o que fez noite passada...- diz ele deslizando um pacote de papel pela mesa para mim- ...mas fez efeito.

-Como assim?- abro o pacote e lá havia dinheiro, muito dinheiro.- Cara, quanto tem aqui?- pergunto assustado.

-Vinte mil, essa é a sua parte, como você pode imaginar a empresa pegou sua comissão, apenas o justo.

Todo aquele dinheiro, nada fazia sentido, tiro do envelope um bloco de notas de cem, minha primeira noite havia sido insignificante comparada às que o Imperador tivera com outros garotos.

-O cliente disse que marcará outro horário, e também pediu exclusividade, Sebastian, você​ conseguiu sua fatia no bolo.

-Mas, eu... eu não...

-Não precisa falar nada, pegue seu dinheiro e faça bom proveito, um dos nossos motoristas o levará para casa.- ele se levanta e me oferece a mão, depois de um enérgico e empolgado aperto parto dali.

Hugo não estava lá, era domingo no fim das contas, por isso outro rapaz me levou.

No banco de trás eu encarava o dinheiro, sabia de sua origem suja mas naquele momento tudo que parecia importar eram as coisas que eu iria fazer com ele, não faltaria mais comida, aparentemente não faltaria coisa alguma.

Naquele dia o desejo de não ser descoberto foi vencido pela segurança dos vinte mil reais, pedi para que o motorista parasse na frente da minha casa

Saio do carro e entro em casa saltitante, vou até meu quarto e escondo o dinheiro debaixo do colchão.

Meus pais não haviam chegado ainda então começo a fazer o almoço, no telefone Halsey cantava Without Me, não era o mais adequado para a música mas eu dançava.

Se o fato de Trevor ter feito um contrato de exclusividade me intrigava? Sim, mas naquele momento eu tinha um motivo para comemorar, algo que não fazia a muito tempo.

De repente a música pára e o telefone toca, o número era desconhecido mas o prefixo era o mesmo, por isso atendo.

-Alô, quem fala?- pergunto.

-Bom dia, Sebastian.- No mesmo instante reconheço o voz grave e sinuosa.

-Trevor, como conseguiu meu número?

-Ora, você deixou que eu pegasse seu telefone na mão, só precisei capturar a tela com seu número, enviar para o meu Whatsapp e apagar a conversa. Mas isso não é importante. Mas isso não é importante, ainda não me desejou um bom dia.

O cara havia invadido meu celular, pego meu número sem minha permissão e definia isso como sem importância, aquilo era de enlouquecer.

-Ok, bom dia. Me ligou só pra isso?

-Claro que não, apenas gostaria de avisar que seu primeiro dia na Imperial Construtora é amanhã e eu não gosto de atrasos, esteja na minha sala às sete horas da manhã em ponto.

-Espera, o quê?

Mas a ligação foi encerrada e o telefone volta a reproduzir a música. Como não havia conseguido ligar os pontos, Trevor gostava de ser chamado de Imperador, seu sobrenome era Imperial, sendo rico, era óbvio que estava lidando com o dono da Imperial Construtora.

Tudo aquilo era muita informação para computar, de repente eu era um garoto de programa muito bem pago, então recebo um emprego  surpresa. Eu sabia que aquela oferta não acabaria com o sexo mas ainda sim estava feliz.

Nesse momento meus pais chegam. Olho para eles, não consigo esconder o sorriso.

-Pai, mãe, eu tenho um emprego.

Minha mãe me abraça e damos alguns pulinhos, e nada parecia importar, aquele momento era a definição da felicidade.

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